Edição 1.389A página 3 Patrocínio Apoio A homenagem A homenagem a Ethevaldo mostrou um pouco de sua longeva trajetória no jornalismo, algumas curiosidades sobre sua carreira e uma entrevista com Kito Siqueira, o mais novo dos seus três filhos, músico, atualmente residindo em Portugal. Nela, Kito contou que o pai entrou no Estadão no ano em que nasceu, 1967. E de uma maneira bem peculiar: “Passou em 1º lugar na primeira turma de Jornalismo da USP. Na época, o Júlio Mesquita dizia que pra ser jornalista não precisava fazer faculdade, aprendia na vida. Mas como então tinha faculdade na USP, quis conversar com quem tinha passado em primeiro. Gostaram um do outro e ele foi contratado logo que começou na faculdade. Também ganhou cedo um Prêmio Esso de Fotografia, uns dois anos depois. E antes de se especializar em Tecnologia da Informação dedicou-se à Ecologia. Fez, junto com Rogério Medeiros, do Rio de Janeiro, uma das primeiras matérias sobre o tema na imprensa brasileira. Mas teve problemas por isso, pois denunciou uma grande multinacional química no Brasil e recebeu ameaças durante a ditadura militar. Falou com o Mesquita e este propôs que mudasse de área, tendo optado por Ciência e Tecnologia”. Ainda segundo Kito, Ethevaldo era um apaixonado pelos estudos, pela razão, pelas artes. Gostava de futebol (era corinthiano), de violino, de chorinho: “Adorava História. Acho que tinha facilidade para escrever porque lia muito; na minha casa sempre havia muitos livros. Também gostava muito de comer, era bom de prato”. Ele afirmou que, do ponto de vista humano, o legado que Ethevaldo deixa “é essa eterna busca pelo conhecimento, por se aprimorar. Apesar de ter nascido na década de 30 do século passado, acabou sentando na mesma mesa que o Mark Zuckenberg pra fazer uma entrevista. Conhecia e acompanhava o Bill Gates, o Elon Musk, o Steve Jobs, e teve a oportunidade de entrevistar alguns deles. Ele viveu um período de grande transformação da humanidade. Era também muito aberto, acessível a quem tinha vontade de aprender”. Afirmou ainda que, no âmbito profissional, Ethevaldo dedicou-se por 55 anos ao jornalismo brasileiro de maneira exemplar: “Testemunhei as incontáveis madrugadas que ele passou datilografando, ainda nas antigas máquinas de escrever, laudas e laudas de matérias, depois nos computadores. O jornalismo era tudo pra ele, se importava muito com todo o ecossistema do jornalismo, as condições de trabalho, as posturas dos jornalistas, como eles deveriam ser questionadores, investigadores. Sempre viveu e amou intensamente a profissão”. E completou: “Foi um dos repórteres que mais cobriu no mundo os Consumers Eletronic Shows. Tinha um jeito muito didático de abordar temas complexos. Acho que isso ajudou muito na carreira dele. Não foi um business man, mas sempre se dedicou muito ao trabalho. Conheci muitas pessoas que foram influenciadas por ele, acho que ele tocou em muita gente ao longo da vida. No rádio, no jornal. Eu soube da morte do Steve Jobs por um comentário dele na CBN. Ele fez boas escolhas durante a carreira e acabou sendo uma pessoa talentosa, que soube usar esse talento”. > A família receberá dos organizadores da premiação um troféu in memoriam, dedicado àquele que foi pioneiro e decano do jornalismo especializado em tecnologia no Brasil. Kito Siqueira
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