Jornalistas&Cia 1390

Edição 1.390 página 13 PRECIO SIDADES do Por Assis Ângelo Acervo ASSIS ÂNGELO Isso é o que diz o Velho Testamento. Você está acompanhando isso, Maria? Sim, Zelatiel. Pois é, no Velho Testamento há coisas do arco da velha. Confesso, Zeca, que nunca li a Bíblia. Mas acho que vou deixar minha preguicite de lado e me ocupar dessa tarefa. Na Bíblia há todas essas putarias a que você se refere? Sim, Maria. A Bíblia é um livro incrível. Nesse livro tem poema, tem romance, temcrônica, tem tudo o que você possa imaginar. Belíssimo. Veja de novo o que o nosso amigo escreveu: Ninguém sabe quando nasceu e morreu Jesus Cristo. Lucas, Mateus e Marcos falam de Jesus nos seus textos. Pra mim, eles são jornalistas do tempo antigo. Dão informações a respeito de Jesus. Incompletas, é verdade. Mas está lá: Jesus tinha uns 30 anos de idade quando foi preso, torturado e morto pregado numa cruz por romanos. Aos 12 ou 13 anos de idade, encantou sábios em Jerusalém. E foi em Jerusalém que ele botou pra quebrar, ao expulsar, na porrada, marreteiros que vendiambugigangas em torno do que a Bíblia chama de templo. Era uma espécie de banco central, o que se chamava de templo. No tal templo trocavam-se moedas de diversas espécies e lugares. Esse templo era dirigido por judeus de alto gabarito. E foram esses que pegaram Jesus e o entregaram a Pilatos que lavou as mãos e deu no que deu. No geral, e a rigor, comparo Jesus a Antônio Conselheiro. Conselheiro, beato, saiu dos cafundós do Ceará para brigar contra os poderosos da sua época. E aí, lascou-se. Resultado: 25 mil mortos em Canudos. Nisso tudo até aqui contado há algo que me encanta: Jesus, a contragosto dos discípulos, recebeu um dia um grupo de crianças no Jardim das Oliveiras. Justificando a sua vontade, teria dito “Vinde a mim, crianças”. Agora, meu amigo, minha amiga, imagine Jesus loiro de olhos azuis na Palestina. Jesus era negro e morreu depois de brigar em Jerusalém Maria, Maria! Veja isso, Maria! − foi dizendo entusiasmado Zelatiel das Flores à mulher que na sala ajeitava umas tranqueiras referentes ao período natalino. E ela: Oi, oi. Endoidou? Zelatiel fez que não ouviu, talvez tenha ouvido, mas entusiasmado, com o celular na mão, disse que acabara de ler uma coisa bonita. Maria, por uns momentos, parou de mexer nas tranqueiras e, encarando o maridão, perguntou: Quem é esse cara a quem você se refere?. Zelatiel fez que não ouviu e começou a ler com voz impostada: Oh! Deus, teu filho é negro E tem de ti a semelhança Dos que nascem em África No rastro da esperança Tu sabes, e muito bem, Que isso dá discussão: Há brancos que se recusam A ver num negro seu irmão Lamentável! Lamentável! Impróprio para cristãos: Se somos todos iguais Por que não somos irmãos? (JESUS É NEGRO) Hummm... Gostei, gostei. Esse é o cara a quem você se refere? Pôxa, muito bom, afirmou, já opinando, Maria de Zelatiel. E ele: Sim, ele é o cara! E a conversa foi seguindo por aí, entre perguntas e exclamações. Zelatiel começou a dizer àmulher que não conhecia pessoalmente o autor do poema, mas o acompanhava na imprensa. Disse que os textos dele, publicados na newsletter Jornalistas&Cia, por exemplo, fogem da obviedade ululante. E é por isso, mulher, que você aparentemente gostou dele e sem o conhecer. E quer ver? Jesus não era branco, não era loiro, era negro. Não existe loiro de olhos azuis no Oriente Médio. Não está na Bíblia, mas Jesus tinha menos de 1,70mde altura. Seus cabelos eram curtos e a barba, aparada. Era pessoa aparentemente normal. Era do campo. Agricultor. Talvez analfabeto, mas um dia achou de brigar com o establishment. E aí lascou-se. Viu Maria, viu Maria? De fato, o mundo todo guarda na memória a figura de Jesus loiro, magro, de olhos azuis e gostoso, penando de braços abertos numa cruz. Olha, Maria, o que o cara ainda escreveu: Na Bíblia há muitas informações a respeito do tempo antigo. Desgraceiras a dar com pau, muitas orgias. Nem anjos escaparam da sede sexual dos tarados de Sodoma e Gomorra. Fausto Bergocce

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