Edição 1.392 página 2 Últimas n Além dos ataques e invasão de antidemocráticos bolsonaristas às dependências dos prédios dos Três Poderes e de toda a área da Esplanada dos Ministérios, relatos de agressões aos profissionais de imprensa que cobriam o ato dão conta da dimensão dos atos extremistas. Até o início dessa segunda-feira (9/1), o Sindicato dos Jornalistas do DF (SJPDF) registrou agressões a 12 profissionais de imprensa, dos quais pelo menos dois solicitaram ajuda da PM e não receberamqualquer apoio. Uma repórter relatou que umdos policiais chegou a apontar um fuzil para ela. Alémde agressões, os profissionais tiveramseus equipamentos danificados ou roubados. Entre eles repórteres de Band, O Tempo, Brasil 247, Jovem Pan e Washington Post; repórteres fotográficos deMetrópoles, Folha de S.Paulo, Poder360, Agência Brasil, Portal 247, AFP e Reuters. Um repórter da Agência Anadolu, da Turquia, levou tapas no rosto quando cobria a invasão. u Os estragos e as agressões alcançaram proporções assustadoras, cujas imagens que correram o mundo. Jornalistas só foram autorizados a entrar nas dependências dos prédios dos Três Poderes na segunda-feira pela manhã, quando terminou o trabalho de perícia das instalações. Agentes patrimoniais identificaram um imenso prejuízo ao Estado Brasileiro, em que também foram registrados roubos de iPhones, computadores Macbooks Pro, armas e lentes de fotografia durante o ato terrorista. Para se ter ideia, apenas uma lente de fotografia domodelo utilizado pela Imprensa Nacional é cotada em R$ 40 mil, além de outros equipamentos eletrônicos, obras de arte, mobiliário e demais itens. u Associações e entidades da área de Comunicação repudiaram os ataques sofridos por profissionais da imprensa durante a cobertura dos atos criminosos. O Sindicato e a Fenaj repudiaram as agressões a jornalistas e demais profissionais de imagem, assim como responsabilizaramas forças de segurança pela escalada de violência. Colocaram-se à disposição da categoria para medidas jurídicas cabíveis, lembrando às empresas de que a continuidade da cobertura exigia condições mínimas de segurança e que é de responsabilidade das mesmas garanti-la. Do mesmo modo, a ABI exigiu providências urgentes contra crime à democracia. u Os fotógrafos e cinegrafistas foram os mais visados. Um dos casos mais graves foi de um repórter do jornal O Tempo que foi agredido e os criminosos chegarama apontar duas armas de fogo para ele, dentro do Congresso Nacional. O repórter relatou que procurou ajuda, mas os policiais militares se recusaram a ouvi-lo. Ele foi salvo por um técnico da Agressão deliberada a jornalistas em dia terrivelmente histórico EBC. “Sou repórter há 25 anos. Desde 2000, cubro política em Brasília [...] Nem os black blocs promoveram cenas como as que vi hoje”, disse em relato ao jornal. Uma repórter da Rádio Jovem Pan, depois de xingada, teve a porta de seu carro aberta por umhomemque lhe apontou uma arma. u O fotógrafo Pedro Ladeira, da Folha de S.Paulo, foi cercado e agredido pelos terroristas, que roubaram seu equipamento. O mesmo aconteceu com Bruno Stuckert, Rafaela Feliciano, EvaristoSá, UesleiMarcelino e Sérgio Lima (Poder360). O fotógrafo oficial do presidente Lula, Ricardo Stuckert escreveu noTwitter: “Sou fotojornalista há mais de 30 anos e nunca vi tamanha barbárie. A destruição está por toda parte. Levaram minhas máquinas fotográficas, lentes, drone (...). Não são apenas objetos subtraídos e depredados. É a nossa história, a nossa memória”. Uma manifestante relatou ao Poder360 que havia tirado os óculos de uma repórter, quebrado com as próprias mãos, chegando a dizer que o grupo deveria matar a profissional. Isso mesmo, matar... E que a repórter só teria conseguido sair daquele lugar ajudada por um militar que fazia a segurança de um ministério, que a levou para atrás de uma barreira da tropa de choque. n Uma repórter fotográfica do Metrópoles, que preferiu não se identificar, foi agredida por dez homens, além de também ter seus pertences roubados e os registros apagados. Em relato chocante, ela contou detalhes da agressão. u A EBC demitiu nessa segunda- -feira (9/1) a youtuber bolsonarista Karol Eller, que participou dos atos terroristas. Com 469 mil seguidores no Instagram, tinha salário de R$ 11mil e ocupava um cargo de confiança gerência de jornalismo web da Agência Brasil no Rio de Janeiro, onde estava desde 2019. Karol postou lives dos atos golpistas, mas depois apagou as imagens, como revelou Guilherme Amado. n Na manhã dessa terça-feira (10/1), subiu para 15 o número de jornalistas que relataram agressões ao SJPDF. Em texto publicado no Congresso em foco, o fundador do site, Sylvio Costa, relatou que um agente da Polícia Rodoviária Federal impediu que ele ficasse em local seguro, o que o obrigou a ir para o meio dos terroristas. Ele também foi cercado por agentes da Força Nacional de Segurança Pública e só conseguiu ficar em segurança após ser resgatado por um integrante da assessoria doMinistério da Justiça e Segurança Pública. Confira! n Uma jornalista da Globo que estava infiltrada no acampamento no QG do Exército em Brasília, comos golpistas, por pouco não foi detida com os bolsonaristas. Quando venceu o prazo para que os ocupantes deixassem o local, na segunda-feira, ela tentou voltar para o carro da emissora mas não conseguiu, porque o acampamento estava cercado. Só saiu depois de cerca de uma hora, após tentar dar diversas explicações para os guardas do Exército e ligar pedindo socorro para a chefia na Rede Globo. Sempre Editora Karol Eller
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