Jornalistas&Cia 1392

Edição 1.392 página 3 conitnuação - Últimas Oito de janeiro. Nunca na história do País tantas imagens divulgadas pelo trabalho incansável da imprensa revelaram tamanha destruição e violência contra a democracia e os profissionais de imprensa como nesse fatídico domingo. Foi ultrajante nos depararmos com cenas de tamanha barbaridade, na data em que se celebraram o Dia Nacional da Fotografia e o Dia do Fotógrafo. Profissionais sofreram ameaças e violência física e psicológica. Muitos tiveram seus equipamentos roubados ou avariados. Os relatos das vítimas das agressões são impressionantes. Não por acaso a data dos atos terroristas emBrasília aproxima-se do 6 de janeiro, dia em que, nos Estados Unidos, em2021, o Capitólio foi invadido e violentado por membros demovimentos antidemocráticos ligados à extrema direita americana e simpatizantes do então presidente Donald Trump. No Brasil, as agressões também cresciam a olhos vistos desde o início do governo Bolsonaro, simpatizante e defensor do ex- -presidente americano. Ainda assim, causou estranheza que parte da imprensa, até os lamentáveis acontecimentos do dia 8, ainda tratasse como “manifestantes” ou com outros termos neutros e sutis os que defendiam abertamente, com armas e discursos ameaçadores, um golpe de Estado − ou seja, um crime contra a democracia. O estrago promovido pelos terroristas em Brasília mostrou o quanto essa parte da imprensa subestimou os agentes das sombras que ameaçam a sociedade e a democracia brasileiras. Mas se existe um lado bom da história é o de reconhecer que os ataques e a tentativa de golpe de Estado fracassaram. As instituições e o atual governo certamente sairão mais fortalecidos − e atentos − após esses funestos acontecimentos. E a imprensa aprendeu que os inimigos da democracia são também seus inimigos, e que é imprescindível identificá-los como tais e combatê-los desde sempre. Sem democracia não há imprensa livre, porque imprensa sempre haverá. E vice-versa. n Entidades defensoras da liberdade de imprensa reuniram-se na segunda-feira (9/1) com Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), para discutir os ataques a jornalistas durante a cobertura dos atos golpistas em Brasília e do desmonte dos acampamentos bolsonaristas pelo País. u As entidades pediram que o Governo estude a federalização de crimes contra jornalistas, alémde identificar e punir os responsáveis pelas agressões contra os profissionais de imprensa. Estiverampresentes representantes de Associação Brasi leira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Repórteres sem Fronteiras (RSF). u A Secom comprometeu-se a pedir ao presidente Lula que faça uma articulação com governadores para estabelecer ação conjunta de enfrentamento à violência contra jornalistas, além de recomendar que as forças de segurança respeitem o trabalho da imprensa. Sem democracia não há imprensa livre, porque imprensa sempre haverá Por Kátia Morais, editora de J&Cia em Brasília Entidades encontram-se com Secom para debater violência contra jornalistas Agência Brasil n Pedro Lins, apresentador do telejornal NE1, da TV Globo, foi vítima de racismo em uma loja do Shopping Recife, na Zona Sul da cidade, na quarta-feira (4/1). Pedro relata que entrou em uma loja para comprar um presente para uma amiga e que foi confundido com um entregador de aplicativo por uma vendedora da loja. u Para o apresentador, não há problemas em ser confundido com um entregador de aplicativo, mas observou que a comparação faz parte de uma situação de racismo estrutural, que se configura quando se subtende que toda pessoa de cor de pele negra está em situação de vulnerabilidade. u Emnota a TV Globo lamentou o acontecido e disse “repudiar o racismo em todas as suas formas e manifestações e tem um firme compromisso coma diversidade e a inclusão”. u O Shopping Recife afirmou que o episódio “não condiz com os valores que defende e reafirmou seu compromisso de receber os clientes com respeito e igualdade”. Apresentador da Globo é vítima de racismo em Recife Pedro Lins

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