Jornalistas&Cia 1393

Edição 1.393 página 27 José Maria dos Santos Zanoni Fraissat/Folhapress que falava correntemente inglês e francês. Resultado: foi admitido, mas colocado imediatamente para fazer a cobertura do aeroporto, entrevistando celebridades que saíssem ou chegassem. Decorreu daí o conselho – e eram muitos – que dava aos iniciantes na profissão: nunca dissessem que eram bilíngues ou, pior ainda, trilíngues. Após dois anos de aeroporto, porém, fez uma rápida e brilhante carreira no jornal, à época reconhecido como o melhor do País. Chegou muito jovem à Chefia de Reportagem e, de lá, a chefe de Redação. Assinava memorandos como Luiz O, que passou a ser uma espécie de apelido carinhoso. Por ser muito identificado com o Rio de Janeiro, foi uma surpresa ter aceito a diretoria da sucursal de Brasília, onde substituiria outro grande jornalista, Walder de Góes. Identificação com a capital Luiz Orlando Carneiro nunca mais deixaria de morar na Capital Federal, com que identificou-se imediatamente. Passou quase dez anos na direção da sucursal, à época uma espécie de embaixada da mídia. Ao deixar o posto, escolheu permanecer na empresa e, no jornalismo setorizado na época, tornar-se o responsável pela cobertura dos tribunais superiores. Foi muito ajudado pela sua cultura jurídica, embora esta se igualasse a outra paixão, o conhecimento do jazz, objeto de dois livros seus. Passou a partir daí mais de três décadas no Supremo Tribunal Federal, onde se tornou conhecido como o 12º ministro. Quando o Jornal do Brasil encerrou sua edição impressa e na prática deixou o mundo real, foi imediatamente para o Jota, que começava já com grande credibilidade no Judiciário. Identificouse tanto com o trabalho que mereceu do ministro Gilmar Mendes a avaliação de que “seu uso elegante do vernáculo, o domínio do campo jurídico e a assertividade na análise vão fazer muita falta ao jornalismo. Sua personalidade afável, o largo conhecimento humanístico e a sofisticada cultura jazzística, farão mais falta ainda ao Brasil”. Muita falta Sim, fará falta. Luiz Orlando Carneiro morreu na noite de quarta-feira, 11 de janeiro. Na virada do ano deixou pela última vez a cobertura do Supremo para uma avaliação médica. Trabalhou, portanto, quase até o momento de sua morte, aos 84 anos. Todos os ministros do Supremo manifestaram-se durante a quinta-feira, 12. A presidente do STF, Rosa Weber, lamentou em nota oficial a morte do jornalista. “Com tristeza, manifesto sinceros sentimentos pela perda do excepcional jornalista Luiz Orlando Carneiro. Retratou o Supremo Tribunal Federal diariamente por quase três décadas, sempre com respeito à Corte e seus integrantes, levando a informação correta aos brasileiros. Em nome da Suprema Corte, registro que o jornalismo perde uma grande referência e um profissional que sempre será exemplo para as próximas gerações”. Para o antecessor dela, Luiz Fux, de quem era amigo pessoal, Luiz Orlando “realizou a cobertura jornalística diária do Supremo Tribunal Federal por 30 anos com profissionalismo, isenção e seriedade. Perda irreparável para o jornalismo e para o Brasil, deixa um grande exemplo para a profissão”. (Ver também Nacionais, na pág. 5) Luiz Orlando com os ministros do STF Ricardo Lewandowski (esq.), Luiz Roberto Barroso e Dias Toffoli Felipe Recondo Jornalistas&CiaéuminformativosemanalproduzidopelaJornalistasEditoraLtda. •Diretor: EduardoRibeiro ([email protected]–11-99689-2230)•Editorexecutivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: FernandoSoares ([email protected] – 11-97290-777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Anna França ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-999151295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected] – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro ([email protected] – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539)

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