Edição 1.395 página 15 Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 Oprocesso de extermínio de indígenas originários do Brasil não é de hoje. Data dos tempos em que europeus por cá desembarcaram. Os primeiros desembarques ocorreram na costa baiana. O ano era 1500. Diz a história que havia entre dois e cinco milhões de indígenas, divididos em pelo menos 1.000 grupos. O maior deles carregava consigo a alma e a língua tupi-guarani. A Amazônia brasileira é a maior floresta tropical do mundo. A parte que nos toca chega a 4,1 milhões de km². Não custa lembrar que a Amazônia fica no Norte do nosso País. Essa região é ocupada por sete Estados: Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A Amazônia está dividida em duas partes: Ocidental e Oriental. A Amazônia Ocidental é constituída por quatro Estados: Acre, Rondônia, Roraima e, naturalmente, o Amazonas. Roraima é o Estado onde se acha a maior parte dos Yanomami. O povo Yanomami foi um dos últimos a manter contato com o homem branco que o está dizimando, ali pela virada do século 19. São cerca de 30.000 indígenas. O seu território, com cerca de 9,6 milhões de hectares, está nas mãos de garimpeiros, madeireiros, narcotraficantes e outros criminosos, inclusive engravatados com plantão diário em gabinetes de Câmara, Senado e palácios. Noutras palavras: os Yanomami estão abandonados e morrendo de fome, de gripe, de malária e de outras mazelas. Já não caçam, não pescam e nem plantam, pois a terra está contaminada e as águas dos rios, envenenadas. Quem bebe adoece e morre que nem os peixes. A situação atual dos Yanomami é uma verdadeira tragédia. Trata-se de omissão do Estado. Tudo indica que houve plano para pôr fim à vida dos Yanomami. Isso é genocídio. O crime contra os Yanomami vem de longe, mas foi no governo Bolsonaro (2019-2022) que tudo piorou. A gravidade do problema ganhou repercussão internacional com a visita do presidente Lula a Roraima, no sábado (21/1). Isso a partir de reportagem de Eliane Brum, segundo a qual 572 crianças do grupo Yanomami morreram vítimas de desnutrição, malária etc. Um horror! Na contramão da imprensa estrangeira, a nossa imprensa não tem dado destaque necessário à tragédia Yanomami. OEstadão e o Globo até que têm falado. A Folha, com mais força. A TV Globo, também. Menos mal. Lenda indígena dá conta de que as árvores sustentam o céu, mas se derrubadas o céu desaba sobre nossas cabeças. Em 2010, o xamã e líder indígena Davi Kopenawa narrou histórias ao antropólogo Yanomami, uma tragédia programada francês Bruce Albert, que escreveu o livro A Queda do Céu, lançado primeiramente em francês. Em 1990, Gianfranco Bolonha reuniu textos de 13 especialistas sobre a questão ambiental no livro Amazônia, Adeus. Livro que também merece atenção é Índios no Brasil, organizado por Luís Donisete Benzi Grupioni. Na nossa literatura os indígenas aparecem como heróis, mas um tanto subordinados a brancos europeus. Caso de Peri, personalizado num índio da tribo Guarani. que se apaixona por Ceci, moça de fino tratoe filha de umpoderosoportuguês de nome domAntôniodeMariz. Ceci e Peri passeiam com desenvoltura nas páginas do romance O Guarany, de José de Alencar. Esse romance, originalmente publicado na forma de folhetim nas páginas do jornal Diário do Rio de Janeiro, virou livro em 1857. Em 1870, o maestro Carlos Gomes levou O Guarany à cena na maior casa de ópera da Itália: alla Scala, deMilão. Além de Alencar, outros grandes escritores viram nos indígenas objeto de suas histórias. Exemplos: Bernardo Guimarães, Mário de Andrade, Antonio Callado, Darci Ribeiro. Bernardo Guimarães, autor do clássico A Escrava Isaura, publicou em 1872 o conto Jupira, que ganharia o palco como ópera em 1900, no Rio de Janeiro. Omaestro Francisco Braga (18681945), autor damelodia do Hino à Bandeira (letra de Olavo Bilac), foi o regente da história criada por Guimarães. A questão indígena se acha em todo canto, literalmente. Até em samba de enredo e em marchinha de carnaval. Em 1959, o maestro Villa- -Lobos compôs a belíssima peça Forest of The Amazon. Gravada nos EUA, obteve sucesso mundial. Dalgas Frisch foi a primeira pessoa a gravar trinados de pássaros da Amazônia, inclusive do uirapuru. Suas gravações viraram discos elogiados pela imprensa internacional e até pelo presidente norte-americano John Kennedy (1917-1963). A fotógrafa Claudia Andujar inaugura nesta sexta-feira (3/2) exposição sobre os Yanomami, em Nova York. Claudia tem dedicado boa parte da sua vida registrando o dia a dia Yanomami. A Polícia Federal está investigando os responsáveis por mais essa tragédia indígena. LEIA MAIS: CANA PARA O GENOCIDA BOLSONARO! • O ÍNDIO MERECE RESPEITO… • A SOLIDÃOCOMOOPÇÃO • DIADO ÍNDIOE DE TODOS NÓS, BRASILEIROS • ÍNDIO NÃO QUER APITO • ÍNDIOS VIVEM À MÍNGUA Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora. Ilustração de Fausto Bergocce Curumins Fausto Bergocce PRECIO SIDADES do Por Assis Ângelo Acervo ASSIS ÂNGELO
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