Edição 1.395 página 27 José Maria dos Santos Zanoni Fraissat/Folhapress Jornalistas&CiaéuminformativosemanalproduzidopelaJornalistasEditoraLtda. •Diretor: EduardoRibeiro ([email protected]–11-99689-2230)•Editorexecutivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: FernandoSoares ([email protected] – 11-97290-777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Anna França ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-999151295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected] – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro ([email protected] – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539) as duas únicas estações climáticas da Amazônia – chegava-se à pequena vila brasileira conhecida também como Marco BV-8. Dali, cumpridos os trâmites nas duas aduanas, aí sim, por uma rodovia com asfalto impecável, ia-se dar a um perímetro urbano ao qual chamávamos de “shopping dos sonhos”, repleto de estabelecimentos, muitos deles comandados por brasileiros. O sonho de consumo era realizado nas diversas lojas e supermercados, onde, por preços três vezes menores que os praticados em Roraima – Santa Elena era área de livre comércio –, comprava-se de tudo quanto era importado, produtos trazidos de várias regiões do mundo. De laranjas da Califórnia a lagostas de Barbados, passando por produtos de todo tipo, na sua maiores chineses, os mais variados, a entrada em cada loja ou supermercado era uma festa. Farra que, aliás, durou até que um coronel da Guarda Nacional saiu da cadeia e o chavismo se hospedou no Palácio Miraflores, em Caracas, dando início à destruição econômica, social e política da pátria de Simón Bolívar e acabando com a alegria consumista dos mais ricos e também, por que não, dos roraimenses, ainda que muito menos abastados. Pouco menos de um ano depois, em janeiro de 1985, o Estadão me escalou para cobrir a primeira viagem do papa João Paulo II à Venezuela e fui o único jornalista brasileiro a participar da cobertura. Além desse trabalho, a viagem me permitiu conhecer um pedaço maravilhoso daquele país, como a Gran Sabana, no Estado Bolívar, um paraíso que mistura campos gerais com mata de transição e um pequeno pedaço da floresta amazônica, região essa que guarda incontáveis e valiosos recursos naturais. Ao chegar no Centro de Imprensa, responsável pelo credenciamento local, fiquei impressionado com as instalações, que ocupavam todo o térreo do luxuoso edifício, sede da CVG (Corporación Venezolana de Guayana), uma espécie de BNDES do país. Depois de ser atendido, antes que fosse para a saída uma recepcionista me trouxe um homem elegantemente vestido, bigode raspado e cabelos crespos. Ele se apresentou falando um português carregado com sotaque espanhol, mas bastante inteligível: − Muito prazer. Estou muito contente em conhecê-lo. Sou Óscar Robledo, a seu serviço, e atendendo a pedido da diocese serei seu anfitrião. – O prazer é todo meu, dom Óscar. Apertamos as mãos, ele mandou que o motorista, Ángel Gomez, recolhesse minha mala, entramos na sua picape GMC importada e descemos a Avenida Libertador. Não me contive e durante o percurso quis satisfazer minha curiosidade: – O senhor fala muito bem a minha língua. Já morou no Brasil? Bom de conversa, ele fez questão de me deixar a par de sua vida: – Sim, fiz graduação em Administração de Empresas no Instituto Universitário de Tecnologia Antonio José de Sucre, o UTS, em Puerto Ordaz, e pós-graduação em Comércio Varejista na Faculdade de Economia da Universidade Central de Caracas. Fui ao Brasil cursar mestrado em Ciências Comerciais e depois doutorado, ambos na Universidade de São Paulo. Depois de três anos morando em um apartamento no Jardim Europa defendi minha tese: A importância da indústria do petróleo na vida do povo venezuelano: como ela sustenta o desenvolvimento econômico, mas não evita a má distribuição de renda. – Interessante essa perspectiva −, argumentei. – Fui chamado de progressista por muita gente, claro que da parcela mais privilegiada, aquela que olha apenas para seu umbigo. Outros me rotularam de socialista, comunista, sei lá mais o quê. Todavia, depois os círculos acadêmicos concordaram com o meu questionamento: se não fossem feitas reformas estruturais de largo alcance, no futuro, talvez até mesmo em médio prazo, seria ainda maior e mais profunda a vala que separa as classes ricas e pobres. (Continua em J&Cia 1.396) Sede da CVG Óscar Robledo em 2005
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