Edição 1.397 página 16 (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. O comentário é de Rodrigo Neves, presidente da Associação Paulista de Emissoras de Rádio e Televisão (AESP) e diretor do Grupo Bandeirantes, na segunda parte da entrevista que fizemos para esta coluna (a primeira parte pode ser lida aqui). Ele também afirma que há um desinteresse por parte dos jovens para o mercado, já que eles não têm buscado o meio radiofônico como primeira opção. Rodrigo defende que o rádio passa pelas transformações por que todos os demais meios estão passando e que a cada dia há novidades para serem apreendidas e aplicadas nas emissoras: “Você precisa entender quem está do outro lado. Mas, infelizmente, temos pessoas commuito feeling para o negócio, mas pouca profundidade. Por isso, é preciso dar ummergulho para buscar mais conhecimento, e esse conhecimento vai voltar positivamente para o rádio, para as emissoras, para os nossos ouvintes, telespectadores e para os anunciantes. Então, esse ecossistema se completa com vários atores presentes”. Para entender melhor omeio ele afirma que é preciso ouvir praticamente de tudo, buscando entender os pontos fortes e fracos de cada programação, de cada emissora: “Desde criança eu ouço de A a Z. Todo tipo de rádio, vejo tudo que é televisão. Sempre tive essa curiosidade. Até ficar vendo programa que é muito chato para poder falar: ‘Puxa vida, se esse programa é tão chato, por que será que está no ar? Precisa ter um motivo para ele estar aí, que eu não estou enxergando”. Diante desse quadro, o executivo diz que é precisomaior interação entre as emissoras, anunciantes, ouvintes e as escolas de Comunicação, para buscaremumamelhor preparação dos futuros profissionais. Rodrigo Neves lembra da importância das trocas e das pesquisas sobre o que está dando certo: “Por que o meu vizinho está fazendo certo? O que ele está fazendo? Vou lá perguntar. Vou bater na porta dele para saber. Nós entramos em uma era em que o conhecimento só em valor se é compartilhado, se for dividido”. O diretor do grupo Bandeirantes acredita que tenhamos de melhorar a forma como apresentamos o rádio aos anunciantes e aos ouvintes, sendo que o primeiro passo é parar de desacreditar o meio e depois unificar os discursos comerciais, potencializando o que há de mais forte no setor. “Primeiro, parar de falar mal do cavalo”, ironiza. “Segundo, unificar 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) Precisamos levar o setor de radiofusão para o divã a linguagem. É impressionante, você vê que as abordagens são diferentes e seus atributos são iguais. Mas como é que eu posso ter abordagens diferentes se os atributos são os mesmos? Então, parece que estamos precisando de um divã de analista para dar uma sintonizada nessa conversa ou ter um facilitador para que consigamos construir uma narrativa melhor”. Essa falta de sincronia no discurso, somada a uma série demitos de que a publicidade em formato digital resolverá todos os problemas, acabam por reduzir os investimentos nas rádios brasileiras, embora o meio seja um dos que têm maior penetração no País. O presidente da AESP lembra que nos formatos digitais as métricas são definidas pelas plataformas e praticamente ninguém consegue entender de forma clara como funcionam, enquanto no rádio os processos já são utilizados hámuito tempo e commais transparência. Outro aspecto levantado é que o rádio tem grande credibilidade junto à população, diante da enxurrada de fake news veiculadas nas redes sociais. Sendo esse um bom argumento para buscar produzir conteúdos demelhor qualidade e comercializá-los commais atenção, apresentando seus atributos aos anunciantes. Ele acredita que, de um lado, as emissoras precisam fazer a lição de casa, melhorando a forma como apresentam seus materiais ao mercado. E, de outro, os anunciantes e as agências precisam interagir mais comos ouvintes, utilizando as emissoras como ponto de partida para essas comunicações. Embora a situação não seja melhor, o executivo lembra que o rádio ainda é um dos mais influentes meios de comunicação do País e que têm se reinventado a cada período de mudança, sendo atualmente o meio que melhor se adequou ao sistema digital da internet. Com isso, falta pouco para umnovo salto histórico do setor de radiodifusão, impulsionando o meio para um novo momento no futuro. Você pode ler e ouvir esse e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Rodrigo Neves
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