Jornalistas&Cia 1397

Edição 1.397 página 4 Nacionais n Reunido pela primeira vez em 8/2, na capital do País, o Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas e Comunicadores já recebeu as primeiras denúncias de ataques contra jornalistas. Participaram do encontro entidades de defesa do jornalismo e da liberdade de imprensa, além de órgãos do Poder Judiciário. Anunciado no início do ano por Flávio Dino, titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Observatório será coordenado pela Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), tendo à frente o advogado Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça. u Durante o encontro, que ocorreu em formato híbrido, as entidades entregaram dossiê sobre os 45 casos de violência contra jornalistas ocorridos em apenas quatro dias no País, de 8 a 11 de janeiro, período em que houve os ataques emBrasília, seguidos do desmonte dos acampamentos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro diante de quartéis militares. As organizações também entregaram um documento compropostas para a atuação do Observatório. A maioria delas foi incorporada na estrutura pensada pela Senajus. u Para Samira de Castro, presidente da Fenaj, a reunião foi positiva, tendo desdobramentos concretos, como a sistemática de atuação do Observatório, a deliberação para criação de um banco nacional de dados, e o compromisso na apuração célere dos ataques de 8 de janeiro. n Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal, anunciou em 9/2 que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai restabelecer os trabalhos do Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade de Imprensa. u Idealizado na gestão do então ministro Carlos Ayres Britto, em 2012, o fórum reúne órgãos do Judiciário e organizações da sociedade civil. A iniciativa, que realizou atividades pontuais nas últimas décadas, agora será reconstruída com a composição atualizada, para que sejam reforçados os alicerces que garantem o trabalho jornalístico. u Para Katia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a retomada do fórum é “uma sinalização importante do Poder Judiciário neste momento em que os profissionais de imprensa vivenciam uma onda de ataques e violência sem precedentes na história da redemocratização brasileira”. n Veruska Donato, ex-repórter da Globo, está processando a emissora supostas dívidas trabalhistas e assédios morais, que incluiriam cobranças relacionadas a padrões estéticos. Segundo informações da Folha de S.Paulo, esses episódios teriam feito a jornalista desenvolver umquadro de burnout, e de esgotamento físico e mental. u A reportagem da Folha teve acesso a um atestado médico de Veruska, de 2021, para uma licença de 60 dias para tratar transtornos emocionais ligados “às pressões do ambiente de trabalho”. Uma dessas pressões era justamente sobre a aparência dos repórteres, diz o processo. Em e-mail de 2017, também anexado, a chefia do jornalismo da Globo pede que repórteres evitem tecidos apertados, pois “representam um perigo em potencial para o figurino.” O e-mail diz que malhas apertadas poderiam evidenciar detalhes como “um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes, especialmente nos tons mais claros”. u No processo, Veruska declarou que a pressão estética piorou conforme ela se aproximava dos 50 anos, e acusou a emissora de etarismo (discriminação em decorrência da idade). Segundo a jornalista, “qualquer flacidez, ruga ou gordura considerada ‘fora do lugar’ era alvo de críticas pelos chefes e no setor de figurino da emissora”. Ela está processando a Globo em R$ 13 milhões, que incluem os supostos assédios morais e dívidas trabalhistas. Veruska trabalhou de 2002 a 2019 como pessoa jurídica, mas tinha rotina semelhante a de uma profissional em regime de CLT. Por isso, pede que a emissora pague verbas trabalhistas, como 13º e FGTS, referentes aos 17 anos em que atuou como PJ. Além disso, em novembro de 2021 foi informada de sua demissão, o que não poderia ocorrer pois estava de licença médica. u Procurada pela reportagem da Folha, a Globo declarou que “não comenta ações judiciais em curso. O que pode assegurar é que não existe nenhuma orientação nesse sentido para nossos profissionais”. Os advogados da emissora não quiseram se pronunciar. Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores estabelece sistemática de atuação Ramênia Vieira (Intervozes), Samira de Castro (Fenaj), Katia Brembatti (Abraji), Augusto Arruda Botelho (MJ), Lázara Carvalho (MJ), Bia Barbosa (RSF), Renata Cafardo (Jeduca) e Patrícia Blanco (Palavra Aberta) Marcus Iahn/MJSP Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade de Imprensa é reestabelecido Veruska Donato processa a Globo por assédio moral e pressão estética Veruska Donato

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