Jornalistas&Cia 1413

Edição 1.413 página 15 PRECIO SIDADES do Por Assis Ângelo Acervo ASSIS ÂNGELO Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 O carioca Dicró, de batismo Carlos Roberto de Oliveira (1946-2012), também deitou e rolou cantando em duplo sentido. Olha a Rima e Cama de Pau Duro. Como muitos, também brincou com a sogra. Humor puro e cheio de graça. Na batida do samba estilizado tem o grupo Só pra Contrariar, que interpreta A Barata, de Alexandre Pires, gravado no seu primeiro LP (1993), que vendeu cerca de meio milhão de cópias. Putaria só, só. Nessa linha é também o sertanojo A Garagem da Vizinha, da dupla Sandro e Gustavo, que diz: Lá na rua onde eu moro/ Conheci uma vizinha/ Separada do marido/ E tá morando sozinha/ Além dela ser bonita/ É um poço de bondade/ Vendo meu carro na chuva/ Ofereceu sua garagem. E, claro, não dá pra esquecer das baixarias do grupo É o Tchan! Além das letras picantes, É o Tchan marcou pela coreografia extremamente sensual. Era o caso de até fazer crianças saírem da frente dos aparelhos de TV. Coisa de “boquinha na garrafa” e tal. O cantor Alípio Martins, paraense, também marcou época interpretando coisas de duplo sentido, falando de cornos e gays. Rolando Boldrin tem uma parceria muito bonita com o bom baiano Tom Zé, A Moda do Fim do Mundo. Nessa moda, os dois falam da necessidade de recomeçar o mundo como tudo começou: um macho transando com uma fêmea. Pois, pois. Licenciosidade na cultura popular (XII) O bem-humorado cantor de forró Manhoso saiu da miséria depois de gravar várias músicas de fundo malicioso, entre as quais Umbu Azedo e O Tico-Tico. Na primeira ele canta: Menina eu nunca vi umbu ser tão azedo/ Menina eu nunca vi umbu ser tão azedo/ Zezinho eu nunca vi umbu ser tão azedo/ porque eu nunca vi umbu ser tão azed0. E na segunda: Tico mia na sala, Tico mia no chão/ Tico mia na cozinha, encostado no fogão/ Tico mia no tapete, Tico mia no sofá/ Tico mia na cama, toda hora, sem parar. O apelido Manhoso, de nome Edson Correia da Fonseca (19352023), foi dado pelo apresentador de programa de TV Flávio Cavalcanti (1923-1986). Sandro Becker, que durante a carreira era chegado a paródias, emplacou sucessos sacanas como A Picada da Cobra. E como quem não quer nada, do rádio saía a voz de Zé Duarte cantando Velho Sapeca. Olhe a gracinha: Meu pai vivia triste, andava descontente/ Hoje vive sorridente e a tristeza não existe/ Queria que você visse como ele tá legal/ Tá nascendo cabelo na cabeça do meu pai/ Que beleza, que legal. O jornalista, teatrólogo e advogado carioca Geysa Bôscoli, sobrinho da maestrina Chiquinha Gonzaga, compunha músicas nas horas vagas. Uma delas, Maria Chiquinha, foi gravada pela primeira vez por Sonia Mamede e Evaldo Gouveia no ano de 1962. Outras gravações dessa música foram feitas, inclusive pelos irmãos Sandy e Júnior. A letra é aparentemente ingênua, mas o personagem desconfia que está sendo traído pela mulher. Pior: ele ameaça cortar-lhe a cabeça. Horror! Há muitos casos de feminicídios na literatura e na música. Em 1982, entrevistei Chico Buarque e dele ouvi opinião a respeito desse assunto, condenável sob todos os aspectos. Leia a entrevista completa: REVISTA HOMEM - EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO. Maria Chiquinha chegou a integrar o repertório da música infantil. Esse repertório incluiu títulos até da animação Shrek. Num desses títulos, a petizada canta: Aqui em Duloc é tão bom viver/ Nossas regras já vamos lhe dizer/ No jardim não pisar/ Todos cumprimentar/ Duloc é especial/ Na cabeça shampoo, lave bem o seu pé/ Duloc é, duloc é/ Duloc é especial. Até a chamada “rainha dos baixinhos” Xuxa, hoje sessentona, dançou e cantou ao som do duplo sentido. Exemplo é a música Turma da Xuxa, de Reinaldo Waisman e Robson Stipancovich, gravada no LP Xou da Xuxa, em 1986. A letra diz: E o Betão apaixonado/ Foi beijar a Marieta/ Errou a sua boca/ E beijou sua… bochecha. Xuxa, aliás, chegou a ser “homenageada”, em 1988, pelo grupo Trem da Alegria. Os pixotes desse grupo, hoje extinto, começam cantando assim: Cada dia mais eu me apaixono e te acho mais linda/ Eu fico imaginando, quero ser seu namorado/ Mas fico com vergonha do meu pai que está do lado/ Você é a culpada do meu banho demorado. Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora Tom Zé e Rolando Boldrin

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==