Jornalistas&Cia 1421

Edição 1.421 - 2 a 8 de agosto de 2023 TOP Mega Brasil divulga os vencedores da edição 2023 (pág. 25) n Desde o final dos anos 1970, mais acentuadamente durante os anos 1980, a comunicação corporativa viu chegar aos seus quadros centenas de jornalistas, atraídos por melhores salários, benefícios, condições de trabalho, entre outras razões. A redemocratização do País, então em curso, também se mostrou um fator relevante nessa migração profissional, pela necessidade de as organizações trocarem o monólogo pelo diálogo. A imprensa representava, então, o grande canal para se chegar à sociedade e aos consumidores. Por outro lado, as redações, já naquele tempo, buscavam reduzir seus quadros, sobretudo em 1979, quando uma greve da categoria em São Paulo desempregou dezenas de jornalistas. Sem conseguirem retornar às redações, muitos seguiram um novo caminho. Desde então, o fluxo nunca mais parou e os jornalistas assumiram o protagonismo da comunicação corporativa, superando – e muito – os candidatos naturais ao exercício dessa atividade, os relações públicas. u Data desse período o surgimento das empresas de assessoria de imprensa, então rivalizando com as agências de RP, num movimento que nunca mais parou e que quatro décadas depois reúne um mercado que, em 2022, segundo o Anuário da Comunicação Corporativa, faturou quase R$ 5 bilhões. u Um pouco dessa história e do que isso representou na construção da atividade no Brasil é o que vai mostrar o especial de 28 anos de Jornalistas&Cia, que circulará na última semana de setembro. E quem está escalada para a missão de mostrar como o jornalismo e os jornalistas influenciaram a escola brasileira de comunicação corporativa, diferenciando-a das escolas americanas e europeias, é a jornalista e comunicadora Maysa S. Penna, autora do último especial de J&Cia na celebração do Dia da Imprensa, sobre Jornalismo Digital. u “Temos uma escola de comunicação corporativa − estendendo esse conceito também às relações públicas − fortemente apoiada em conteúdo, mas um conteúdo substantivo, quase jornalístico”, diz Eduardo Ribeiro, diretor deste J&Cia. Segundo ele, o predomínio dos jornalistas na atividade, comprovado pela série histórica do Anuário da Comunicação Corporativa, fez com que se tornassem comuns, nesse ambiente profissional, a aplicação de conceitos é técnicas do jornalismo no planejamento e ações das organizações. “O jornalista, dentro de uma organização, busca o conteúdo diferenciado que pode gerar interesse nos vários públicos, advoga a ética e a transparência defendida nas redações, opta pelo substantivo ante o adjetivo, lapida o furo como forma de valorizar o trabalho dos colegas de redação e busca permanente aproximação com eles, cria veículos proprietários com conteúdos de interesse jornalístico e, claro, abre muito espaço profissional para colegas jornalistas, nas respectivas equipes”. u O especial vai recuperar importantes documentos, relatórios e pesquisas dessa jornada e ouvir alguns dos protagonistas e personagens dessa história. u Mais informações com Silvio Ribeiro (silvio@jornalistasecia. com.br). n Ricardo Kotscho publicou nessa terça-feira (1º/8) seu último texto como colunista do UOL. Na despedida, escreveu que o UOL o demitiu sob a justificativa de “corte de custos”, sem maiores explicações. Informou que descansará por alguns dias e deve anunciar seus novos desafios em breve. u Kotscho estava no UOL desde 2020, quando seu blog Balaio do Kotscho, criado por ele em 2008, estreou no UOL Notícias. No espaço, escrevia sobre diversos temas, como o cenário da política brasileira, histórias do cotidiano, além de esporte e cultura. Kotscho atuava também como comentarista do UOL News, e participava, de segunda a sexta, como “palpiteiro” na reunião matinal de pauta do veículo. u No texto de despedida, agradeceu pelo período na redação do UOL. “Uma das melhores onde já trabalhei, em que se respira notícia 24 horas por dia, e o serviço nunca termina”, descreveu. u “Sei que a nossa profissão passa por grandes transformações nas relações de trabalho e de negócio. No futuro, não haverá mais casos de profissionais que passaram a vida toda na mesma empresa. (...) Mas, apesar de tudo, já entrando na prorrogação da carreira, continuo achando que o jornalismo é a melhor profissão do mundo para espíritos inconformados com os rumos da humanidade, solidários e intrépidos como a dos repórteres de ofício”, escreveu. (Leia+) Ricardo Kotscho deixa o UOL Ricardo Kotscho Influência do Jornalismo na Comunicação Corporativa será o tema da edição de aniversário de J&Cia, em setembro

Edição 1.421 página 2 Últimas n O Governo Lula deixou “em suspenso” o plano de colocar o ex-deputado federal e jornalista Jean Wyllys como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). A decisão ocorreu após discussão nas redes sociais entre Wyllys e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. As informações são do UOL. u O desentendimento entre os dois ocorreu após o Governo Lula anunciar o fim do programa federal de escolas cívico-militares, marca do ex-presidente Jair Bolsonaro no setor da educação. Leite, que apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018, declarou que manteria as escolas cívico-militares na rede estadual gaúcha. u Wyllys então se manifestou contra a decisão do governador do RS, chamando-o de “gay com homofobia”: “Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, ‘bee’” (gíria para homem homossexual), escreveu o ex-deputado federal nas redes sociais. Leite respondeu que a manifestação de Wyllys foi “deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções − e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wyllys, eu lamento a sua ignorância”. u O governador do RS denunciou Wyllys por homofobia no Ministério Público do estado. A Justiça determinou que o ex-deputado federal removesse as postagens contra Leite, o que ele fez. n Relatório da organização Ekō aponta que diversas empresas multinacionais têm anúncios de suas marcas em vídeos que espalham informações falsas sobre desmatamento, meio ambiente e incêndios na Amazônia. A informação é de Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. u Segundo o relatório, empresas como Unilever, Mitsubishi, Panasonic, Unicef, Pão de Açúcar e Quinto Andar estão financiando, com seus anúncios, canais que espalham mentiras e desinformação sobre o meio ambiente, na maioria das vezes sem sequer saber disso. u A Ekō realizou o levantamento entre maio e junho deste ano. O relatório detectou ao todo 50 vídeos, sendo 31 deles monetizados, contendo desinformação, dados tirados de contexto, e teorias da conspiração relacionados à Amazônia e às mudanças climáticas. Esses vídeos tiveram um total de quatro milhões de visualizações e veicularam publicidade de 120 anunciantes diferentes. u A Ekō criticou as diretrizes do YouTube sobre desinformação climática e remoção de conteúdo desinformativo sobre o assunto. A organização pediu que o Google, dono do YouTube, revise e amplie sua definição de desinformação climática, que atualmente é muito restrita. (Leia+) n Levantamento do Poder 360 mostrou que as versões digitais dos principais jornais do Brasil registraram queda no número de assinantes no primeiro semestre de 2023. A análise observou dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) referentes a 12 jornais, de dezembro do ano passado até junho deste ano. u O estudo analisou dados de Folha de S.Paulo, Estadão, O Globo, Valor Econômico, Zero Hora, A Tarde, O Tempo, Estado de Minas, Super Notícia, Correio Braziliense, Extra e O Popular. Foi a primeira queda de assinaturas digitais em jornais desde 2017. u Dos veículos citados, nove tiveram queda em seu número de assinantes digitais. O que teve números piores foi o jornal Extra, com uma queda de quase 37% em sua versão digital, seguido por O Tempo, com variação negativa de 32,7%, e Super Notícia, que perdeu 26,5%. Apenas A Tarde, Zero Hora e Estadão tiveram aumento no número de assinaturas digitais, com destaque para A Tarde, cujos números cresceram em quase 19%. u Ao analisar os números totais dos 12 jornais, o levantamento mostra que essas publicações perderam pouco mais de 43 mil assinaturas online desde dezembro do ano passado até junho de 2023. Confira o levantamento na íntegra aqui. Jornais têm queda na versão digital no primeiro semestre de 2023 Empresas multinacionais anunciam em vídeos desinformativos sobre a Amazônia Governo Lula deixa na “geladeira” plano de Jean Wyllys na comunicação Lula e Jean Wyllys

Edição 1.421 página 3 Nacionais n A deputada Carla Zambelli (PL-SP) está processando por difamação o jornalista Luan Araújo, de 32 anos, a quem perseguiu com uma arma em punho na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022. u A parlamentar prestou queixa após a publicação de um texto no Diário do Centro do Mundo, no qual o jornalista critica a falta de punição aos atos da deputada. “Zambelli, que diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda. Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades”, diz um trecho. u No texto, Luan também desabafa sobre as consequências do acontecimento em diversos aspectos de sua vida, sobretudo a saúde: “Por outro lado, eu, a vítima deste caso, tive diversos ônus desde aquele dia. Minha vida pessoal virou de cabeça para baixo, perdi relações importantes, comecei a colecionar problemas de saúde e vivo com pânico diariamente’’. u O juiz da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, Fabrício Reali Zia, discordou do entendimento do Ministério Público de rejeitar a ação e pediu uma audiência preliminar para analisar o caso. O magistrado solicitou a remoção do texto em 48 horas a partir da notificação de Luan Araújo. u Na decisão de 28/7, o juiz escreveu que há “excesso de linguagem na matéria jornalística” e que as acusações, “em tese, ferem a honra subjetiva e objetiva da querelante e, portanto, neste momento processual, ultrapassam os limites da narração crítica acerca de um desentendimento ocorrido entre as partes”. u Em dezembro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou que Zambelli entregasse a pistola que usou para perseguir o comunicador, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Uma semana após a decisão, ela entregou a pistola e as munições na Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo. u O julgamento que definirá se a deputada se tornará ré por perseguição armada está marcado para agosto. n Jornalistas, acadêmicos, ativistas, advogados e organizações da sociedade civil, assinaram o documento Big Tech e Jornalismo: princípios para uma remuneração justa, que propõe diretrizes para o financiamento de conteúdos jornalísticos pelas grandes plataformas digitais. u O texto final foi acordado durante a conferência Construindo um Futuro Sustentável para o Sul Global, realizada em 13 e 14/7, em Joanesburgo, na África do Sul. No total, 19 organizações e 61 profissionais assinaram o documento, entre elas as brasileiras Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e Instituto Vladimir Herzog, e a jornalista Natalia Viana, diretora da Agência Pública e Havard Nieman Fellow em 2022. u O documento tem o objetivo de contribuir para a elaboração, a implementação e a avaliação de mecanismos de políticas públicas que obriguem as plataformas digitais e organizações jornalísticas a negociar para chegarem a termos econômicos mais justos. O Brasil figura entre os países que estão discutindo modelos para a remuneração por conteúdos noticiosos divulgados nas redes sociais. u Confira mais detalhes no Portal dos Jornalistas. n A Jovem Pan demitiu em 25/7 a apresentadora e repórter Katiuscia Sotomayor, que atuava como correspondente de política em Brasília. Segundo o Notícias da TV, a profissional havia voltado de férias em 21/7 e trabalhou normalmente no dia 24. u A demissão de Katiuscia faz parte de um processo de reestruturação pelo qual a Jovem Pan está passando nos últimos meses. De acordo com o F5, da Folha de S.Paulo, o alto salário também teria sido um dos motivos para o desligamento. Até março, Katiuscia comandou o programa Direto de Brasília, com informações sobre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Organizações e profissionais unem-se pela remuneração do jornalismo pelas big techs Carla Zambelli processa jornalista que perseguiu com uma arma Jovem Pan demite apresentadora na volta das férias Katiuscia Sotomayor Zambelli perseguiu Luan de arma em punho

Edição 1.421 página 4 De Londres, Luciana Gurgel Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. A notícia foi surpreendente para quem responsabiliza as redes sociais pelas divisões políticas na sociedade: três estudos publicados semana passada na Science e um na Nature não confirmaram o suposto efeito polarizador do conteúdo selecionado pelos algoritmos do Facebook e do Instagram sobre os usuários. Outra conclusão que destoa do senso comum é a de que postagens com conteúdo compartilhado, vistas por alguns como prejudicial por disseminarem viralizações nem sempre verdadeiras, na verdade expuseram os usuários a mais fontes confiáveis, com potencial de reduzir a desinformação. Os experimentos do US 2020 Facebook and Instagram Election Study foram feitos por pesquisadores de várias universidades americanas, em cooperação com a Meta. Eles tiveram acesso aos dados de milhões de pessoas que concordaram em participar do estudo durante a campanha eleitoral de 2020 nos EUA. Apesar da abrangência, há muitas limitações, como o fato de se restringir a apenas um país e não incluir o WhatsApp, que em nações como Brasil e Índia tem penetração enorme e é apontado como grande fonte de incentivo ao extremismo. Tecnicamente, o WhatsApp não é uma rede e sim um serviço de mensagens, mas a percepção inicial sobre esses estudos pode induzir a pensar que nenhuma plataforma é capaz de influenciar a polarização − entretanto, estamos falando apenas de duas delas, em um ambiente segregado, e há três anos. Embora o presidente da Meta para assuntos internacionais, o Estudos sobre polarização “absolvem” algoritmos de Facebook e Instagram − mas é cedo para absolver as plataformas ex-político britânico Nick Clegg, tenha comemorado o fato de que os resultados revelaram poucas evidências de que as plataformas causem “polarização afetiva prejudicial ou tenham qualquer impacto significativo nas principais atitudes, crenças ou comportamentos políticos”, outros foram mais cautelosos. Michael W.Wagner, professor de jornalismo da Universidade de Wisconsin, que atuou como observador independente do projeto, disse ao Washington Post que as conclusões “são apenas uma evidência científica de que não há apenas um problema fácil de resolver”. Como foram feitos os experimentos Um dos trabalhos investigou os efeitos dos algoritmos em 23 mil usuários do Facebook e 21 mil do Instagram durante a campanha politica. Uma parte deles continuou tendo o conteúdo de seus feeds regido pelos algoritmos, enquanto o restante passou a ver postagens em ordem cronológica. Os que não receberam conteúdo selecionado por eles passaram menos tempo no Facebook e no Instagram − mas migraram para redes concorrentes. A exposição a informações classificadas como “políticas e não confiáveis” aumentou nas duas redes. O conteúdo “antisocial e de ódio” diminuiu no Facebook, enquanto “conteúdo de amigos moderados e públicos ideologicamente mistos” aumentou. Mas não houve evidência de impacto sobre mudanças de atitude fora das plataformas, nem sobre o conhecimento político, segundo Andrew Guess, pesquisador de Princeton e autor principal desse experimento. Outra pesquisa liderada por Guess examinou os efeitos da exposição a conteúdo compartilhado no Facebook. Um grupo de 23 mil usuários deixou de ver posts compartilhados por três meses, e acabou reduzindo a exposição a qualquer tipo de notícia política, confiável ou não. “Pode parecer contraditório, pois acredita-se que o conteúdo potencialmente viral promova desinformação – e, de fato, isso acontece até certo ponto. Mas mais conteúdo compartilhado veio de fontes confiáveis do que não confiáveis − portanto, nessas duas redes os participantes do estudo ficaram mais bem informados”, disse Guess. Um terceiro estudo da série revelou que o consumo de notícias falsas ou imprecisas sobre política mostrou-se maior entre pessoas simpáticas ao partido Republicano: 97% das fontes identificadas como associadas à desinformação eram mais populares entre elas do que entre os liberais. Os resultados podem ter decepcionado os que acreditavam em uma virada de chave no Facebook e no Instagram como forma de resolver a polarização. Seria uma ótima notícia. Mas é prematuro acreditar que absolvam totalmente a mídia digital, por não levarem em conta o poder do WhatsApp, por exemplo. Ou a realidade de outros países, cujas populações têm menos acesso a outras fontes de notícias e poderiam reagir de forma diferente aos experimentos feitos nos EUA há quase três anos.

Edição 1.421 página 5 conitnuação - MediaTalks Vice vendido − O desfecho foi o esperado: um dos mais bem-sucedidos grupos de mídia digital, o Vice Media, acabou vendido aos seus credores por US$ 350 milhões, uma fração dos US$ 5,7 bilhões que chegou a valer em 2017. Os novos donos são o Fortress Investment Group, o Monroe Capital e o Soros Fund Management, do megainvestidor George Soros. O grupo de mídia, fundado no Canadá em 1994, que produz conteúdo em 25 idiomas, havia decretado falência em maio, após desistir de encontrar um comprador. A transferência do controle acionário para os credores era o cenário mais provável. Rebranding atrapalhado − Elon Musk desistiu da queda de braço com as autoridades municipais de São Francisco, e em 31/7 removeu o sinal luminoso com o X da nova marca do Twitter colocado sobre o prédio da sede da empresa sem autorização. O letreiro, que ficava piscando para formar a letra X, e a projeção móvel na fachada irritaram os moradores da redondezas e ganharam o mundo depois de um vídeo do jornalista Christopher Baele, que mora em frente, ter alcançado mais de 39 milhões de visualizações. As projeções começaram no dia em que marca foi anunciada, e o letreiro foi instalado na sexta-feira (29). Cubano ameaçado − O premiado jornalista cubano Abraham Jiménez Enoa, colunista do Washington Post exilado na Espanha, denunciou que foi vítima de ameaças quando caminhava com o filho de dois anos em Barcelona, onde passou a viver desde que deixou Cuba para fugir da repressão do regime de seu país. Jiménez postou a ameaça no Twitter, dizendo que homens com sotaque cubano gritaram: “Abraham, sabemos que você está perto de casa”. O jornalista disse não ter conseguido ver seus rostos, mas relatou ter ouvido risos enquanto eles se afastavam. Por não ter como identificar os homens, ele não pôde reportar o incidente à polícia. Trump derrotado − O ex- -presidente Donald Trump foi derrotado em uma tentativa de receber indenização de US$ 474 milhões (R$ 2,2 bilhões) da rede CNN em um processo por difamação, alegando ter sido comparado várias vezes a Hitler. Em 29/7, o juiz federal Raag Singhal, nomeado pelo próprio Trump em 2019, encerrou o processo protocolado no ano passado, por considerar “opinião” o uso da expressão “a Grande Mentira” pela CNN para se referir às alegações de fraude eleitoral feitas pelo expresidente. O juiz entendeu que as declarações usando a frase associada ao nazismo foram “repugnantes, mas não difamatórias”, e assim não poderiam ser objeto de um processo judicial. Não a Assange − A possibilidade de os EUA desistirem dos processos contra Julian Assange como resultado de um acordo com a Austrália, país natal do fundador do Wikileaks, foi oficialmente descartada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, em uma entrevista coletiva ao fim de um encontro bilateral sobre cooperação militar em Brisbane, em 29 de julho. Preso há quatro anos em Londres, Assange aguarda o resultado do último recurso para tentar evitar a extradição para os EUA, onde responde a 18 processos relacionados à divulgação de documentos confidenciais sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, cujas penas máximas somadas totalizam 175 anos de prisão. Em entrevista coletiva ao lado da ministra das Relações Exteriores australiana Penny Wong, Blinken disse entender as opiniões e preocupações dos australianos, mas pediu que os “amigos” entendessem as preocupações dos EUA sobre o assunto. Esta semana em MediaTalks Abraham Jimenez Enoa Twitter Compre seu exemplar de colecionador Informações Bruna Valim ([email protected]) ou Clara Francisco ([email protected]) Tiragem limitada R$ 150,00

Edição 1.421 página 6 Comunicação Corporativa São Paulo n Aline Cebalos, ex-gerente de Marketing da Unimed Brasil, onde ficou por pouco mais de nove anos, está de volta ao mercado, após pausa na carreira. Em junho começou como head de conteúdo da Agência DZ7. Antes, atuou na revista Caras por quase quatro anos. n Ana Kraus Ferreira começou em abril como head de operações na Mention. Estava, até então, como assessora de imprensa da Omint. n Aryane Pereira Costa (ex- -LLYC e Image 360) movimentou-se dentro do Grupo FSB, em abril. Deixou a FSB Comunicação, onde atuava como assessora pleno no atendimento exclusivo à MSD Brasil, e foi para a Loures Comunicação, como consultora. Bahia n Juliana Souza, que foi atendimento pleno por dois anos na Ideal, até março, transferiu-se para o Sesc, em abril, na função de analista de relações institucionais. Brasília n Ana Lemos, ex-gerente de comunicação estratégica da JeffreyGroup, em que esteve por mais de quatro anos, até fevereiro, ingressou em maio no Ibri (Instituto de Pesquisa e Reputação e Imagem − Holding FSB), na função de gerente de projetos de pesquisa. Aliás, ela havia atuado anteriormente, por seis anos e oito meses, na própria FSB. Minas Gerais n Laura Sanders Paolinelli, ex- -executiva da VCRP, em que esteve por pouco mais de três anos, até janeiro, começou em julho como analista de comunicação do IEC (Instituto de Educação Continuada) da PUC-Minas, na capital mineira. Ela também já foi de Fala Criativa e MRV. Rio de Janeiro n Pílade Moreira de Moraes, diretor de parcerias, carreiras e ESG, deixou a YDUCS (ex-Estácio), onde ficou por quase 16 anos e meio (11 na própria Estácio e os outros cinco na YDUCS). Está em período sabático, como informa em sua página no Linkedin. n Rafaela Prado, ex-Canal A, que teve uma rápida passagem como coordenadora de assessoria de imprensa na LGA, começou em junho como coordenadora na Danthi Comunicação. Rio Grande do Sul n Greta Mello, especialista em comunicação corporativa, despediu-se da Yara em março, após quase oito anos de casa, e pouco depois começou como especialista sênior na Cargill. Juliana Souza Ana Lemos Laura Sanders Paolinelli Pílade Moreira de Moraes Rafaela Prado Greta Mello Aline Cebalos Ana Kraus Ferreira Aryane Pereira Costa

Edição 1.421 página 7 conitnuação - Comunicação Corporativa n Bruna Quintanilha começou nova etapa no Grupo BCW, agora na BCW Brasil. Após quase um ano na Máquina CW, em que atuou como gerente de PR para as áreas de Mobility e Fintech da 99, integrou-se à equipe de corporate da agência irmã, também com o cargo de gerente. Ela foi anteriormente, por quase quatro anos, da SD&Press. n Daiana Rodrigues de Camargo, ex-GPA (em que ficou por cinco anos e oito meses), Vivo (três anos e dois meses) e Seguros Unimed (um ano e sete meses), está desde março na i4pro, contratada na função de gerente de comunicação corporativa. n Denise Marques, gerente de comunicação, deixou o Grupo Soma, em que esteve por quatro anos e dez meses, até abril, e em julho assumiu a Gerência de Comunicação Institucional da C&A. n Felipe Godoi, ex-Wickbold, Honda e Votorantim, e que esteve por quase quatro anos como coordenador de comunicação na Ultra, até julho, deixou a companhia. n Gabriela Sampaio, executiva de PR, deixou o Grupo Rái, em que ficou por seis meses, e começou em junho como assessora de imprensa no PiaR Group. Ela também já esteve na Pub e na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo. n Ingrid Domingues deixou em junho a Máquina CW, após um ano e meio de casa, transferindo-se para a Pros como atendimento júnior do Boticário para as categorias cuidados pessoais, infanto e perfumaria masculina. n João Corazza, gerente de RP, deixou a Index Assessoria, onde esteve por pouco mais de 11 anos e meio, até maio, e engatou nova jornada na Dolce&Gabanna, na mesma função. n Jesielly Fernandes, ex-coordenadora de marketing digital da Endeavor, encerrou em março período sabático de sete meses e desde então passou a atuar como consultora independente. Bruna Quintanilha Daiana Rodrigues de Camargo Denise Marques Felipe Godoi Gabriela Sampaio Ingrid Domingues João Corazza Jesielly Fernandes n Júlia Santos começou em julho como atendimento sênior na Pub. Ex-NR-7 e Textual, ela esteve por último na Pina, como storyteller sênior. n Laura Cesar, ex-WeberShandwick, que esteve por um ano e dois meses na Ágora, mudou para a Hotmart, contratada na função de analista sênior. n Luciana Gallão, ex-Ketchum, onde atuou como gerente de mídia social por dois anos e nove meses, até abril, está desde maio na mesma função na GhFly. n Marcella (Marc) Costa, ex-gerente na PinePR, agência em que atuou por pouco mais de três anos e meio, está atualmente como consultora digital na Loures. Júlia Santos Laura Cesar Luciana Gallão Marcella Costa

Edição 1.421 página 8 conitnuação - Comunicação Corporativa n Marcos Leodovico, ex-assessor de imprensa júnior da N9ne, está atuando há algumas semanas como assessor de imprensa freelancer da Riot Games. n Mariana Antunes, analista sênior, deixou a Pub em abril, após um ano e quatro meses de casa, e integrou-se ao time da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, como coordenadora de comunicação. n Marisa Amaral retornou ao mercado de comunicação, contratada desde março como executiva sênior de PR da BCW Global para o time de atendimento da Coca-Cola. Durante quase sete anos ela atuou como gerente-geral e sócia da Pousada Caxinguelê, em Ilhabela. Antes, foi por pouco mais de sete anos do time da Ketchum. n Natália Santana deixou a Vira Comunicação e foi para a FSB. A mudança aconteceu em julho e ela, que era coordenadora de assessoria de imprensa, foi para o novo trabalho na função de analista de comunicação. Marcos Leodovico Mariana Antunes Marisa Amaral Natália Santana n Rafaela Prieto, gerente de comunicação, deixou a Ambev em junho, após dois anos de casa, para ingressar na Nestlé, ali assumindo a Gerência de Comunicação Interna e Eventos. Ela esteve anteriormente em Grupo Boticário, FSB e Grupo CDI. n Sâmia Pinterich Sahyoun, analista pleno, deixou o Dafiti Group, onde começou como estagiária e esteve por quatro anos e meio, até julho. n Silvia Alves Paz, gerente de marketing, deixou o Hospital 9 de Julho/Dasa, onde esteve por nove anos e quatro meses, até abril. n Thiago Santos, que esteve por quase três anos e meio na Máquina CW, como coordenador de RH, passando depois pela Michael Page, na mesma área, integrou-se em junho à FSB Holding, na função de coordenador de desenvolvimento organizacional. n Vivian Zeni da Silva, diretora de Comunicação, que foi por quase seis anos da Wunderman Thompson Brasil, de lá saindo em março, está atualmente na Adidas, como gerente de DE&I Latam. Licença-maternidade n Cleide Pinheiro, sócia-diretora da Temple, em Belém, agência que fundou em abril de 1998, mãe do caçula Pedro. n Marina Trindade Vieira, coordenadora de comunicação interna no Grupo Marista, em Curitiba, na organização desde fevereiro de 2019. Rafaela Prieto Sâmia Pinterich Sahyoun Silvia Alves Paz Thiago Santos Vivian Zeni da Silva Cleide Pinheiro Marina Trindade Vieira Dança das contas n A P+G Comunicação Integrada, de Curitiba, incorporou três contas à sua carteira: a dentista especializada em harmonização orofacial Luise Albuquerque, o Balta Bar e a Oktober Curitiba, tradicional festa alemã que será realizada pela primeira vez na capital paranaense. Na direção, Eduardo Betinardi, fundador e diretor-geral da agência.

Edição 1.421 página 9 conitnuação - Comunicação Corporativa n Marcelo Moreira conversou com Jornalistas&Cia sobre sua trajetória e o que o levou à DiversaCom. Jornalistas&Cia – Você já tinha trabalhado em alguma empresa que não fosse de mídia? Marcelo Moreira – É a primeira vez. Desde que me formei na faculdade sempre trabalhei em redação. Depois do estágio, fui para jornal O Dia, depois A Notícia, do mesmo grupo, e mais sete anos no Jornal do Brasil, de onde saí como repórter especial. Já entrei na Globo em cargo de chefia e, nos 20 anos que passei no Rio, chefiei a produção, a reportagem, fui editor-chefe do RJ-TV, chefiei os projetos especiais como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Tirei um período sabático, quando tive uma bolsa para estudar, na Universidade de Michigan, sobre racismo e proteção a jornalistas em áreas de risco, o que tem muito a ver com expressão e direitos humanos. Os últimos quatro anos de Globo passei em Belo Horizonte, chefiando uma redação com mais de cem pessoas. Lá, criei o programa Rolê nas Gerais, acompanhando coisas da periferia, e que teve menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. J&Cia – Você teve uma atuação forte na época da morte de Tim Lopes. Marcelo – Eu era chefe de Reportagem do Tim, da Globo. Uma coisa pôde ser extraída do trauma da perda do Tim: gerou uma reação de todos os jornalistas para criar uma proteção aos que trabalhavam em áreas de risco. Uma proteção diferente, que ainda não existisse; essa era a ideia do Marcelo Beraba. Naquele mesmo ano de 2002 participei da fundação da Abraji. Fui presidente em 2012-2013, e fizemos um encontro na PUC que reuniu associações até da Europa. Durante as manifestações de 2013, quando muitos foram atacados, montamos um observatório que fazia a contagem dos jornalistas agredidos e mereceu a categoria principal do Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo. J&Cia – Como pretende usar essa bagagem nas organizações? Marcelo – Em minha vida toda, ao longo dos 30 anos, fui muito da reportagem de Cidade. A criação da DiversaCom tem tudo a ver com a minha experiência: ajudar a levar as organizações a ampliarem seu papel como agentes de mudança. Fala-se muito em ESG, e o objetivo da DiversaCom é atuar no S desse acrônimo, principalmente na diversidade social. O que entendemos por diversidade social: todo tipo de diferença racial, de gênero, de opção sexual, de religião, de cultura. Dados de pesquisa da Cufa, pelo Data Favela, mostram que no Brasil vivem em comunidades mais de 19 milhões de pessoas. Quase 10% da população brasileira vivem nas favelas. É uma população que consome, tem muita inovação e sofre preconceito por estar em áreas conflagradas. Vamos tentar fazer a ponte entre essas populações e as empresas. J&Cia – De que maneira você atua nesses projetos? Marcelo – Passei minha vida criando uma rede de contatos com grupos que não são minorias, mas sub-representados, e considero isso um ativo. A DiversaCom vai atuar em uma linha de serviço, com uma estratégia em que possamos, olhando o DNA de cada empresa, contribuir com algo que tenha pertencimento à atuação da empresa. Podemos ajudar a criar projetos; para os que já os têm, vamos comunicar, porque somos uma agência de comunicação. Na prática, serão soluções criativas, inovadoras, para engajar o propósito social com as marcas. Trabalhamos também com gestão de crises, para as empresas que, às vezes, não sabem lidar com certas situações. Vê-se, ao longo dos anos, que isso se deve quase sempre a questões comportamentais. Ajudamos na prevenção para que esses impactos não aconteçam e, se ocorrerem, minimizá-los. A sociedade entende que as empresas precisam zelar muito pela reputação. E a adoção de uma agenda efetiva ESG é fundamental hoje. J&Cia – Qual é sua posição formal na agência? Marcelo – Sou sócio-diretor da DiversaCom, uma empresa vertente da Textual. Quando Carina Almeida, CEO da Textual, teve a ideia de criar a DiversaCom, me convidou para essa empresa. Nosso papel é trabalhar essa palavrinha difícil: interseccionalidade. Fazer a conexão entre esses mundos. Um que é tão potente e, muitas vezes, não consegue mostrar sua força. E o mundo corporativo, que tem recursos e pode crescer junto com o universo das periferias. n A Textual comunicou na última semana ao mercado o lançamento de uma nova vertente de negócios, o DiversaCom, fruto de parceria com Marcelo Moreira, que aporta ao projeto uma experiência de 30 anos no jornalismo, 24 deles na TV Globo. O objetivo do novo núcleo é ampliar a conexão da agência, a partir da combinação de comunicação e reputação com diversidade social. u Estão no radar do DiversaCom: estratégias de diversidade social; criação de projetos com comunidades periféricas conectados ao propósito das marcas; programas de cultura e engajamento-sensibilização, letramento e capacitação para c-level, níveis gerenciais e colaboradores; relacionamento com mídias comunitárias e de grupos sub-representados; e comunicação de causas − planejamento e disseminação, além da tradicional gestão de crises. Pelo mercado Em parceria com Marcelo Moreira, Textual lança DiversaCom Marcelo Moreira e Carina Almeida, CEO da Textual Interseccionalidade – a isto se propõe Marcelo Moreira na DiversaCom Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

Edição 1.421 página 10 conitnuação - Comunicação Corporativa E mais... n O Metrô de São Paulo inaugurou em 31/7 a Semana da Cultura Nordestina, que também celebra o Mês do Folclore com uma série de eventos idealizado pela Linha da Cultura. Um desses eventos é a exposição O Nordeste em Dicionário, criada pela Jô Ribes Comunicação, que tem a proposta de “dicionarizar” as expressões nordestinas correntes País afora, sobretudo em São Paulo, onde vive uma gigantesca comunidade nordestina. u A exposição foi instalada na Estação Corinthians-Itaquera da Linha Vermelha e ali permanecerá até sexta-feira (4/7). Mas continuará aberta ao público até 18 de setembro em outras localizações. u Para conferir a programação completa da Linha da Cultura, acesse o site do Metrô. n Encerra-se em 11/8 a terceira janela de descontos para as inscrições ao Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, nos dias 30 e 31 de agosto e 1° de setembro, no Teatro da Unibes Cultural, em São Paulo. Até essa data, o valor promocional é de R$ 1.180, com bônus adicional de 15% para os clientes Mega Brasil e dos demais apoiadores do evento. Informações e inscrições no www.megabrasil.com.br. Pingos nos is – n Marcella Paula, líder do time, já não está mais na VCRP, como informado em nossa edição anterior. Ela ali ficou até 29 de maio. Também Kamila Malynowsky, anunciada por seu ingresso na LAM, em verdade já não estava mais na agência, contratada que foi pela WeberShandwick, para o atendimento do Itaú. n É Kavak (com k, e não Kavac) o nome correto da empresa onde atuou Luciana Machado, que agora está na Cummins, como noticiado na edição anterior. EM AÇÃO A Rede JP é uma rede de jornalistas negros, indígenas e periféricos do Brasil e do exterior focados em tornar a comunicação social mais diversa e representativa em toda a sua estrutura. Atuamos com os pilares de representatividade, educação e oportunidade. Conheça o nosso banco de talentos e acesse as nossas redes: @RedeJP | Linktree. Construir vínculos e inspirar as pessoas: é para isso que existimos. Faça parte da nossa rede: [email protected] R E D E Esta coluna é de responsabilidade da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação Foi entregue o documento com 59 propostas para a comunicação do Brasil elaborado pela Articulação Pela Mídia Negra, que reúne mais de 50 organizações jornalísticas lideradas por negros, indígenas e quilombolas. O pacote de políticas públicas para a comunicação brasileira, elaborado pela Articulação, é coordenado por Rede JP, Cojira RJ, Cojira SP, rede Quilombação e Conajira/Fenaj. Ele foi entregue pela coordenadora Marcelle Chagas para o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida. “Silvio Almeida para mim é uma grande referência intelectual e temos diversas similaridades, entre elas a preocupação com um trabalho bem fundamentado no presente para impactar no futuro, mudanças bem delineadas nas estruturas sociais e institucionais e inspiração.”, destaca Marcelle. Articulação pela mídia entrega documento com propostas para o ministro Silvio Almeida Marcelle Chagas e Silvio Almeida

Edição 1.421 página 11 Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Por Assis Ângelo A obra reunida do poeta maldito Gregório de Matos e Guerra começou a ser publicada em livro no Brasil somente a partir de 1923. Parecido com Gregório, na temática e na explicitação nos textos, foi o italiano renascentista Pietro Aretino (1492-1556). Era protegido por papas, reis e príncipes do seu tempo. Aretino, segundo dizem, tinha de aluguel sua caneta. Era rápido, que nem um pistoleiro. Era a favor de quem pagasse mais e aí, soltava a língua. Exemplo: Estes nossos sonetos do caralho, Que falam só de cu, caralho, cona, e feitos a caralho, a cu, a cona, Semelham vossas caras de caralho. Trouxestes cá, poetas do caralho, As armas para pôr em cu e cona. Sois feitos a caralho, a cu, a cona, Produtos de grã cona e grão caralho. E se furor, oh gente do caralho, Vos falta, ficareis no pica-cona, Como acontece amiúde co’o caralho. Aqui termino esta questão da cona P’ra não entrar no bando do caralho, E, caralho, vos deixo em cu e cona. Quem perversões tenciona Aqui nestas asneiras logo as lê. Que mau ano e mau tempo Deus lhe dê. Muitas das coisas que Aretino escrevia eram no formato de soneto, no caso criado por Giacomo da Lentini (1210-1260). O soneto criado por Lentini era formado por dois quartetos e três tercetos. Esse tipo de soneto foi revisto e transformado por Francesco Petrarca (13041374), que é o que conhecemos hoje: formado por dois quartetos e dois tercetos, num total de 14 versos decassílabos. Aretino e Gregório de Matos morreram praticamente com a mesma idade, 58 anos. Detalhe: Gregório foi censurado em vida e Aretino, depois que morreu. Aretino morreu rico, riquíssimo, e Gregório morreu pobrezinho de marré marré numa casa, praticamente abandonado, em Recife, acreditando piamente na existência de Deus. William Shakespeare (15641616) também deixou uma versão própria de soneto. No caso formado por três quartetos e um dístico de dois versos, decassílabos (abab bcbc cdcd efef gg). Com finesse e sutileza, o bem comportado Shakespeare abordou a homossexualidade pelo menos uma vez em uma de suas peças: Os Dois Nobres Parentes. Os personagens dessa peça, Palamon e Arcite, encontram na cadeia, onde foram atirados, tempo para passar Licenciosidade na cultura popular (XX) bons momentos entre si. Carícia aqui, carícia ali e tal. A propósito, não custa lembrar, toda a obra shakespeariana tem por base a cultura popular da terra em que o autor nasceu. E o palavrão, hein? Esse tem em todo canto também, como todas as questões relacionadas a sexo. No começo dos anos 1970, o pernambucano Mário Souto Maior teve censurado pelo governo militar (19641985) o livro Dicionário do Palavrão e Termos Afins. Além do Brasil, outros países têm livros similares ao que escreveu e publicou Souto Maior. O da Alemanha tem por título Sex im Volksmund. Der obszöne Wortschatz der Deutschen, de Ernest Borneman. Em tradução livre, para o português: Sexo no vernáculo, o vocabulário obsceno dos alemães. Curiosidade: a maior palavra em português não é palavrão, mas tem 20 sílabas e 46 letras. PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO, PORRA! O menor palavrão na língua portuguesa é cu, que curiosamente na tabela periódica corresponde ao elemento Cobre. Pois, pois. Pelo menos por estas plagas ocidentais, latinas e tal, passou batida a informação de que a “operação” mortífera acionada por Putin contra a Ucrânia começou com um palavrão, seguido de uma bela estirada de dedo: “Vai se foder!”. O palavrão saiu da boca de um soldado ucraniano depois que os russos ordenaram a rendição, no dia 24 de fevereiro de 2022. O palavrão “vai se foder” virou um desabafo do povo ucraniano estampado em camisetas, bandeirolas, souvenirs e outdoors. Não custa lembrar que o verbo “foder” é conjugado em todo canto, em todas as línguas. Até o escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), num dos seus livros, Cem Anos de Solidão, põe um personagem, acho que Alfonso, pra dizer: “O mundo terá acabado de se foder no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a literatura no vagão de carga”. No famoso livro de Gabo há guerras, brigas, violências de todo tipo; muito sexo, muita puta, bordéis a dar com pau, muitas palavrinhas como “merda” e palavrões aqui e acolá. E até broxa. É um livro e tanto, Cem Anos de Solidão. Reproduções por Flor Maria e Anna da Hora

Edição 1.421 página 12 O legado do BuzzFeed para o jornalismo O fim do BuzzFeed News, em abril e a falência do Vice, em maio, trouxeram à tona discussões cruciais para o futuro do jornalismo: a “era do tráfego” chegou ao fim? De onde virá o volume de leitores que irá alimentar o “funil de conversão” de assinantes ou pagar, via publicidade, o custo das operações? O contexto para essa mudança é o embate entre veículos de mídia e o duopólio Google/Meta que pressiona o jornalismo ao estrangular sua fonte de audiência. Se a sobrevivência do jornalismo num cenário de audiência e recursos minguantes é uma incógnita, vale lembrar que nem tudo foi tragédia. Embora o cenário ainda seja sombrio, a “era das plataformas”, que trouxe tráfego abundante, ajudou o jornalismo a evoluir no meio digital, criando metodologias e modelos de negócio próprios. Neste cenário, o modelo BuzzFeed teve um papel quase revolucionário. A influência do BuzzFeed No início dos anos 2010, jornalistas que se aprofundavam nas métricas, no tráfego, nas metodologias e no “negócio”, se dividiam sobre o “edgerank”, o algoritmo de entrega de conteúdo do Facebook. Para obter maestria do “edgerank” e abocanhar um grande pedaço do tráfego, era preciso dominar a ferramenta. E ninguém fazia isso melhor que o BuzzFeed, com sua lógica de engajar emocionalmente a audiência. O que fugia a nosso alcance, então, era um dos pilares do BuzzFeed: impacto. Em 2014, o New York Times, em seu famoso relatório anual de inovação, citou o BuzzFeed mais de 20 vezes, colocando o site de Jonah Peretti como referência em distribuição, plataforma, customização e até mesmo em produção de notícias: “Somos jornalistas, e tendemos a olhar para os competidores pela ótica do conteúdo, não da estratégia. Mas BuzzFeed e Huffington Post não estão tendo sucesso apenas pelos quizzes, fotos de celebridades e cobertura esportiva. Estão tendo sucesso por conta de suas sofisticadas ferramentas de social e comunidade, e de suas estratégias, muitas vezes apesar de seus conteúdos. No NYT, para escritores e editores, o conteúdo Hub de produção de conhecimento e análise de tendências para comunicação e jornalismo Fabricio Vitorino está morto quando se aperta publicar. No Huffington Post, o artigo começa a viver quanto se aperta publicar”. O método BuzzFeed Em 2015, o CEO do BuzzFeed, Jonah Peretti foi convidado para uma sessão no South by Southwest (SXSW), um dos maiores festivais de empreendedorismo, inovação e mídia do planeta. Para um auditório lotado, Peretti foi direto ao ponto: “Percebemos que os conteúdos começaram a gerar emoção. E essa emoção conectou as pessoas. Então, o BuzzFeed entendeu que o conteúdo não era sobre informação, era sobre comunicação”. “BF não é um produto, é um serviço, que faz com que as pessoas fiquem melhores em produzir e distribuir conteúdo dia após dia. E como ficamos melhores? Criamos conteúdo, aprendemos com a distribuição para criar conteúdo melhor. O BF expandiu para o mundo não sendo apenas um site. Mas sendo um negócio, com conteúdo, app, site, distribuição pela web. Idealmente, queremos ser indiferentes em como as pessoas encontraram nosso conteúdo ou onde as pessoas encontraram nosso conteúdo”. Identificar problema não é solucioná-lo No fim de sua apresentação à SXSW de 2016, Jonah Peretti resumiu o principal motivo pelo qual as empresas legadas fracassaram – e seguem fracassando: “O problema das empresas de mídia legadas é que você não consegue ter os dados de volta. Você tem lucro, mas não tem dados. E nós temos resistido a essas oportunidades, pois elas levam ao dilema de você passar 80% do tempo tentando levantar financiamento para um projeto, executar o projeto, ele ir ao ar, funcionar, e você não saber o motivo. Ou ele falha e também não sabe o motivo. Você não tem nenhum relacionamento com sua audiência. E você não pode fazer nada para melhorar seu produto”. Curiosamente, menos de uma década depois, esse foiexatamente o ponto que decretou o fracasso do BuzzFeed. O grande problema era seu modelo de negócios estar essencialmente conectado a um parceiro: o Facebook. A big tech não hesita em canibalizar seus outrora aliados. Além disso, vale lembrar que o BuzzFeed dependia do dinheiro de fundos de investimento para crescer. Como definiu o consultor exAxios, Ted Williams, “não é que o BuzzFeed fosse um mau negócio. Apenas não era um excelente negócio”. A conclusão é que Peretti tinha em suas mãos o ecossistema quase perfeito, mas falhou por não conseguir desviar do maior risco ao seu negócio: a dependência profunda de apenas um parceiro. O CEO cometeu o famoso erro de “colocar todos os ovos em uma só cesta”. Para um negócio que precisa de investimento constante, não ser excelente negócio é um pecado mortal. No entanto, seu legado pode nos ajudar, hoje, a sobreviver ao fim da “Era das plataformas”. Branded content orbismedia.org Jornalista e gerente de performance Canaltech; ex-Globo.com e G1SC - Articulista do Orbis Media Review

Edição 1.421 página 13 AUTO Patrocínio n O Instituto da Qualidade Automotiva reformulou o Prêmio da Qualidade IQA, que neste ano chega à sua terceira edição, e incluiu uma categoria dedicada às reportagens jornalísticas. Agora serão premiados trabalhos em três categorias: Qualidade no Processo Produtivo, Qualidade na Inovação e Novas Tecnologias e Qualidade Automotiva no Jornalismo. u O objetivo da categoria jornalística, segundo os organizadores, é reconhecer o trabalho dos profissionais que se dedicam a investigar e analisar as melhores práticas e avanços tecnológicos em qualidade para o setor automotivo. As inscrições podem ser feitas até esta sexta-feira (4/8) e a premiação será realizada durante o 9º Fórum IQA da Qualidade Automotiva, em 17/10, em São Paulo. u Mais informações no site da premiação ou pelo [email protected]. Prêmio IQA ganha categoria destinada à imprensa n O Curiosidade Automotiva, publicação comandada por Lucas Eduardo Fachi no YouTube e no Instagram, ganhou um novo reforço com a recém-chegada de Carlos Augusto Nascimento. Ele será o novo editor da página da plataforma no Instagram, onde ficará responsável pelas publicações de lançamentos, notícias, comparativos e novidades do mercado. Carioca, radicado em Natal (RN), Carlos colabora desde 2019 para o site Mundo do Automóvel para PCD, de Michael Faquiano. n José Eduardo Schwartsman (ex-AlmapBBDO, F/Nazca e Africa) assumiu em junho como Head de Marketing, Digital, Growth e Innovação na Kia Brasil. Em seu novo desafio, será responsável também pelas ações de comunicação interna da companhia, enquanto os trabalhos de assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia seguem aos cuidados da Textofinal, de Koichiro Matsuo, que se reporta diretamente ao presidente José Luiz Gandini. Carlos Augusto Nascimento acerta com o Curiosidade Automotiva José Eduardo Schwartsman Sudeste São Paulo n O Primeiro Impacto, programa que vai ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 6h, pelo SBT, passou por profundas reformulações nas últimas semanas. A principal foi a saída polêmica do apresentador Dudu Camargo após sete anos na linha de frente. Com um novo pacote gráfico, a atração tem como principal objetivo tornar-se mais leve e adequada ao horário matinal, como explica o diretor nacional de jornalismo José Occhiuso. u Agora sob o comando de Darlisson Dutra, ganhou novos conteúdos e mais tempo, até as 11h40. Entre as novidades estão o quadro Hoje Tem Café, com a repórter Dani Brandi apresentando os últimos vídeos engraçados e curiosos da internet; Fuja da Armadilha, semanal sobre golpes financeiros; Faz Parte da Família, dedicado ao público que possui animais de estimação; Tabelinha, com as últimas notícias sobre futebol; e Se liga na Liga, que vai ao ar nos dias de transmissão dos jogos da Champions League, e que será apresentado por Fred Ring e Felipe Malta. E mais... n Luiz Anversa começou como frila na edição de texto em hard news do UOL. Ele ficou quase cinco anos no Yahoo como editor de Notícias, Esportes e Finanças até a empresa encerrar a operação no Brasil, em março deste ano. Antes, foi editor e redator do portal da RedeTV por sete anos. Lá também apresentou alguns programas nos canais digitais da emissora. No começo da carreira, foi de estagiário a editor assistente neste J&Cia, por quatro anos. SBT quer deixar polêmicas para trás com Primeiro Impacto “mais leve e adequado” Luiz Anversa Carlos Augusto Nascimento

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