Jornalistas&Cia 1421

Edição 1.421 página 9 conitnuação - Comunicação Corporativa n Marcelo Moreira conversou com Jornalistas&Cia sobre sua trajetória e o que o levou à DiversaCom. Jornalistas&Cia – Você já tinha trabalhado em alguma empresa que não fosse de mídia? Marcelo Moreira – É a primeira vez. Desde que me formei na faculdade sempre trabalhei em redação. Depois do estágio, fui para jornal O Dia, depois A Notícia, do mesmo grupo, e mais sete anos no Jornal do Brasil, de onde saí como repórter especial. Já entrei na Globo em cargo de chefia e, nos 20 anos que passei no Rio, chefiei a produção, a reportagem, fui editor-chefe do RJ-TV, chefiei os projetos especiais como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Tirei um período sabático, quando tive uma bolsa para estudar, na Universidade de Michigan, sobre racismo e proteção a jornalistas em áreas de risco, o que tem muito a ver com expressão e direitos humanos. Os últimos quatro anos de Globo passei em Belo Horizonte, chefiando uma redação com mais de cem pessoas. Lá, criei o programa Rolê nas Gerais, acompanhando coisas da periferia, e que teve menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. J&Cia – Você teve uma atuação forte na época da morte de Tim Lopes. Marcelo – Eu era chefe de Reportagem do Tim, da Globo. Uma coisa pôde ser extraída do trauma da perda do Tim: gerou uma reação de todos os jornalistas para criar uma proteção aos que trabalhavam em áreas de risco. Uma proteção diferente, que ainda não existisse; essa era a ideia do Marcelo Beraba. Naquele mesmo ano de 2002 participei da fundação da Abraji. Fui presidente em 2012-2013, e fizemos um encontro na PUC que reuniu associações até da Europa. Durante as manifestações de 2013, quando muitos foram atacados, montamos um observatório que fazia a contagem dos jornalistas agredidos e mereceu a categoria principal do Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo. J&Cia – Como pretende usar essa bagagem nas organizações? Marcelo – Em minha vida toda, ao longo dos 30 anos, fui muito da reportagem de Cidade. A criação da DiversaCom tem tudo a ver com a minha experiência: ajudar a levar as organizações a ampliarem seu papel como agentes de mudança. Fala-se muito em ESG, e o objetivo da DiversaCom é atuar no S desse acrônimo, principalmente na diversidade social. O que entendemos por diversidade social: todo tipo de diferença racial, de gênero, de opção sexual, de religião, de cultura. Dados de pesquisa da Cufa, pelo Data Favela, mostram que no Brasil vivem em comunidades mais de 19 milhões de pessoas. Quase 10% da população brasileira vivem nas favelas. É uma população que consome, tem muita inovação e sofre preconceito por estar em áreas conflagradas. Vamos tentar fazer a ponte entre essas populações e as empresas. J&Cia – De que maneira você atua nesses projetos? Marcelo – Passei minha vida criando uma rede de contatos com grupos que não são minorias, mas sub-representados, e considero isso um ativo. A DiversaCom vai atuar em uma linha de serviço, com uma estratégia em que possamos, olhando o DNA de cada empresa, contribuir com algo que tenha pertencimento à atuação da empresa. Podemos ajudar a criar projetos; para os que já os têm, vamos comunicar, porque somos uma agência de comunicação. Na prática, serão soluções criativas, inovadoras, para engajar o propósito social com as marcas. Trabalhamos também com gestão de crises, para as empresas que, às vezes, não sabem lidar com certas situações. Vê-se, ao longo dos anos, que isso se deve quase sempre a questões comportamentais. Ajudamos na prevenção para que esses impactos não aconteçam e, se ocorrerem, minimizá-los. A sociedade entende que as empresas precisam zelar muito pela reputação. E a adoção de uma agenda efetiva ESG é fundamental hoje. J&Cia – Qual é sua posição formal na agência? Marcelo – Sou sócio-diretor da DiversaCom, uma empresa vertente da Textual. Quando Carina Almeida, CEO da Textual, teve a ideia de criar a DiversaCom, me convidou para essa empresa. Nosso papel é trabalhar essa palavrinha difícil: interseccionalidade. Fazer a conexão entre esses mundos. Um que é tão potente e, muitas vezes, não consegue mostrar sua força. E o mundo corporativo, que tem recursos e pode crescer junto com o universo das periferias. n A Textual comunicou na última semana ao mercado o lançamento de uma nova vertente de negócios, o DiversaCom, fruto de parceria com Marcelo Moreira, que aporta ao projeto uma experiência de 30 anos no jornalismo, 24 deles na TV Globo. O objetivo do novo núcleo é ampliar a conexão da agência, a partir da combinação de comunicação e reputação com diversidade social. u Estão no radar do DiversaCom: estratégias de diversidade social; criação de projetos com comunidades periféricas conectados ao propósito das marcas; programas de cultura e engajamento-sensibilização, letramento e capacitação para c-level, níveis gerenciais e colaboradores; relacionamento com mídias comunitárias e de grupos sub-representados; e comunicação de causas − planejamento e disseminação, além da tradicional gestão de crises. Pelo mercado Em parceria com Marcelo Moreira, Textual lança DiversaCom Marcelo Moreira e Carina Almeida, CEO da Textual Interseccionalidade – a isto se propõe Marcelo Moreira na DiversaCom Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

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