Jornalistas&Cia 1422

Edição 1.422 página 28 A volta da Feijoada da Lana na Vila Madalena, em São Paulo, faz recordar os bons tempos do Jogral (Galeria Metrópole), Gigetto (rua Avanhandava), Mercearia do Pedro (Vila Madalena), Bar Brahma (Avenida São João), entre outros. Fui freguês de todos eles. Haja fígado! Se não tenho um ou mais livros sobre MPB, como Regina Echeverria, José Louzeiro, Júlio Maria, Assis Ângelo, Jotabê Medeiros, Ruy Castro e tantos outros jornalistas de São Paulo e Rio, principalmente, não foi por falta de convívio e de fontes, mas de talento. Afinal, da Jovem Guarda à Buzina de Chacrinha convivi com grande número de artistas em almoços, jantares, lançamento de livros ou discos. Escrevia para as revistas Contigo e Intervalo. Tinha à disposição farto material e curtia a noite com Fernando Lobo, Altemar Dutra, Antônio Marcos, entre outros. Frequentava a casa de artistas como Eduardo Araújo e Silvinha. Mantinha coluna no jornal A Gazeta, substituindo o velho amigo Walter Negrão. Em resumo: a boemia falava mais alto do que a possibilidade de aproveitar esses momentos e virar um José Ramos Tinhorão ou quem sabe um Zuza Homem de Melo. Fui engolido pelas noites do Jogral, onde ouvia Carlos Paraná, José Tobias ou até Gilberto Gil. Quando Chacrinha estava no auge escrevia uma coluna de notícias da TV e assinava Abelardo Barbosa, ou melhor, Chacrinha. Para tanto, ia ao quarto dele num hotel totalmente ocupado por ele e pelas Chacretes na avenida Ipiranga. Ele ditava algumas fofocas e me proibia de chegar perto das meninas, em “ebulição” nos quartos vizinhos. Na Feijoada da Lana os papos eram outros. As conversas giravam principalmente em torno da revista Realidade, o maior fenômeno editorial surgido até então no Brasil. Lana foi secretária da Redação. Segurava todas as pautas e respectivas despesas. Naquele tempo o repórter saia a campo com um fotógrafo e só voltava um mês depois para escrever a reportagem. A revista bancava tudo, literalmente. Assim, na Feijoada da Lana me sentia muito à vontade para bebericar caipirinha ou adquirir conhecimentos, em pequenas ou grandes doses. O mito em torno da Realidade descia pela garganta e entrava pelos ouvidos nas tardes da rua Aspicuelta, 421, Vila Madalena, São Paulo. n A história desta semana é de Flávio Tiné (flavio.tine@gmail. com), ex-Última Hora, Abril, Estadão e Diário do Grande ABC, entre outros, que se aposentou em 2004 como assessor de imprensa do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como ele próprio diz, com problemas de locomoção, já estava confinado quando começou o confinamento. Flávio Tiné Na feijoada, discutia-se a revista Realidade Compre seu exemplar de colecionador Informações Bruna Valim ([email protected]) ou Clara Francisco ([email protected]) Tiragem limitada R$ 150,00

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