Jornalistas&Cia 1425

Edição 1.425 página 32 conitnuação - Especial de ferramentas como ChatGPT. Mas não podemos pensar que a IA é algo exclusivamente ruim para os jornalistas. u Na palestra Inteligência Artificial vai matar meu conteúdo?, Luiz Gustavo Pacete, jornalista especializado em tecnologia, editor da Forbes Tech e head de Conteúdo da MMA Latam, falou sobre as novas tecnologias que utilizam Inteligência Artificial, e suas vantagens e desvantagens no mundo dos negócios e do marketing digital. u Em entrevista para este J&Cia, Pacete, que esteve na lista dos +Admirados Jornalistas da Imprensa de Tecnologia de 2022, explicou justamente que, no jornalismo, Inteligência Artificial deve ser vista com cautela, sem extremos, pois não é uma terrível ameaça, como também não pode ser considerada uma aliada. u Ele explicou, por exemplo, que ela é muito útil para o jornalismo em matérias rápidas, de velocidade, em que atrair a audiência e obter métricas relevantes de SEO são as coisas mais importantes. Já matérias mais detalhistas, reportagens de fôlego, devem idealmente permanecer sob o comando de mãos humanas. u “O jornalismo hoje em dia tem uma lógica de produção muito voltada para o algoritmo, para o SEO, para a audiência, precisa de escala e de velocidade. As matérias e os conteúdos em geral se tornaram muito automatizados, e nesse aspecto, a IA é uma aliada”, explicou Pacete. “Podemos direcionar nossos recursos humanos para matérias de mais fôlego, de mais qualidade, de conexões humanas, e não digo nem matérias investigativas, mas matérias que têm esse olhar humano. Agora, nessas matérias rápidas, que exigem velocidade para suprir a parte da audiência, acho que a IA é fundamental, pois, de novo, grande parte do jornalismo produz hoje para algoritmos”. u Para ele, a Inteligência Artificial gera tanto um desafio como uma oportunidade para a imprensa: “É um desafio de checagem, que já vivemos atualmente com fake news e desinformação, mas que será e já está sendo potencializado com a IA. Será cada vez mais frequente a necessidade de checar se determinada imagem foi criada por IA. O olhar do jornalismo sobre a IA deve ser muito reflexivo, não pode ser polarizado. Não podemos pensar que ela vai substituir o jornalismo, como também não podemos achar que será apenas coisas boas, oportunidades. Existe um meio termo nesse assunto”. Os receios da transição para o digital u E falando sobre a era da internet e a transição para o mundo digital, no painel Virou Blogueirinha? Quando a influência muda o jogo de uma carreira tradicional, o debate foi justamente sobre as dificuldades de ingressar no meio das redes sociais, e os obstáculos e preconceitos provenientes dessa escolha. u Mari Palma, jornalista da CNN Brasil, mediou o debate, que contou com a participação de Simone Cesar, doutora especializada em odontologia e que faz vídeos sobre saúde bucal para crianças; e Fayda Belo, advogada especializada em crimes de gênero. u Em conversa sobre conciliar carreiras tradicionais e perfis nas redes sociais, Mari falou sobre sua experiência, e como consegue hoje manter tanto o trabalho no jornalismo como as visualizações na internet: u “O julgamento por parte de colegas existe. No meu caso, jornalistas têm certo preconceito com quem faz essa transição para o digital, do tipo ‘agora virou bloqueirinha e abandonou o jornalismo, a credibilidade’. Hoje, quase dez anos depois de iniciar minha trajetória nas redes, muitos jornalistas vêm me perguntar como podem fazer igual, qual caminho seguir para também estarem neste meio digital”, refletiu Mari. “Hoje é a era da internet, e o jornalismo acaba se contaminando com isso também. É possível e relevante para nossas carreiras como comunicadores que consigamos conciliar esses dois mundos”. u A jornalista falou também sobre as diferenças de mentalidade de profissionais que cresceram, no meio digital, como ela, e outros mais “tradicionais”, de veículos não online, como os impressos: “Muitos colegas estão fazendo transição de carreira depois dos 40. Eles pensam que precisam falar apenas com o público jovem, mas não necessariamente, dá para se comunicar com todos”. u “No g1 em um minuto, me deram a liberdade de ser quem eu era, com linguagem informal”, contou Mari. “Não tinha TP, tinha que ter tudo na cabeça. Minha coordenadora veio do impresso, e eu cresci no digital, então ela reclamava da linguagem informal que eu usava, pois tinha medo de que eu não fosse levada a sério. Mas os tempos mudaram, o público quer algo mais rápido. Aprendemos muito uma com a outra, essa troca de experiências de diferentes meios é muito frutífera”. Rafa Lotto (esq.) e Luiz Gustavo Pacete YouPix/YouTube Simone Cesar (esq.), Fayda Belo e Mari Palma Hotmart/Divulgação

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