Jornalistas&Cia 1428

Edição 1.428 página 17 Comunicação Corporativa n Na última semana, J&Cia noticiou a reestruturação do board da Hill+Knowlton no Brasil, e o anúncio simultâneo da saída, a pedido, de Marco Antonio Sabino da liderança da agência, em decisão que tem a ver com seu desejo pessoal de seguir outros caminhos, após considerar ter concluído um ciclo. Curiosamente, não pretende deixar a área de PR, para a qual já dedicou praticamente metade de sua carreira. J&Cia ouviu Sabino sobre as razões da mudança e os planos em vista. Jornalistas&Cia – Após quase três anos e meio você decidiu deixar a Hill+Knowlton, agência que voltou a ser independente com a sua chegada e que, nesse período, experimentou um excepcional crescimento. É também uma decisão em relação ao segmento da comunicação corporativa, em que você vem atuando há muitos anos? Marco Antonio Sabino – A ideia é continuar no mercado de comunicação corporativa e relações institucionais. Metade da minha carreira foi em redações, mas desde 2006 tenho dirigido agências de comunicação. Além da S/A, que fundei e depois vendi, quando era uma das dez maiores agências do mercado, estive à frente de outros projetos, como o da sueca Kreab, da Llorente y Cuenca e da Young & Rubicam PR. A Hill+Knowlton foi uma experiência maravilhosa. Foi um ciclo. Entreguei o que havia me proposto a fazer. Hoje a agência faz parte do terceiro maior grupo de comunicação corporativa do Brasil, tem 52 clientes, um portfólio completo e uma das melhores equipes do mercado. Missão cumprida. Agora é cumprir meu no compete até o fim deste ano e descansar um pouco. Em janeiro, vamos para outro desafio. J&Cia – Paralelamente à sua atividade na H+K, você voltou a Entrevista com Marco Antonio Sabino “Não são as marcas apenas que fazem a diferença. São as pessoas” Marco Antonio Sabino exercitar o seu lado jornalístico, atuando como comentarista da Band. Como conciliar as duas atividades? Sabino – Na verdade, a volta para o jornalismo, três anos atrás, aconteceu quase ao mesmo tempo de minha ida para a H+K. Foi logo depois de eu deixar a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, na gestão Bruno Covas. Foi um pedido do Johnny Saad, com quem tinha já trabalhado. Ele me convidou para voltar ao rádio e à TV e eu respondi: “Johnny, isso é para a nova geração”. E ele retrucou: “Não, Sabino. Temos que mesclar essa turma com o pessoal de cabelo branco”. Sabedoria! Aceitei o desafio e passei a comentar política. Hoje, além de analista político do Grupo Band, apresento um programa de negócios na BandNews TV, o Capital e Mercado, um de empreendedorismo, o super-tradicional Gente que Faz, no Canal Empreender, também do grupo, além do prêmio Band Cidades Excelentes. Parece muita coisa, mas essa atividade pode perfeitamente ser conciliada com minha carreira no PR, porque normalmente gravo ou entro ao vivo fora do horário comercial. Contudo, estou sempre atento para ver se não há nenhum conflito ético. J&Cia – Como ex-empresário do segmento das agências, com a S/A, depois S/A Llorente & Cuenca, e, mais à frente, executivo de agência multinacional, que análise faz da evolução desse segmento do mercado, nessa sua despedida da H+K? Sabino – Ao contrário do que pensava quando aceitei a proposta para vender a S/A Comunicação, hoje acredito que há espaço para agências de todos os tamanhos no mercado. Estou absolutamente convencido de que não são as marcas apenas que fazem a diferença. São as pessoas. Demorei para entender que ter um time feliz, motivado e unido é o maior diferencial que uma agência pode ter. Esse skill como gestor não se aprende em nenhum curso. A experiência é que te ensina. Clima bom e gente feliz significa cliente satisfeito, resultados e mais gente feliz. É um círculo virtuoso. Quando uma agência começa a perder muita gente, preste atenção, porque há algo de errado ali. Com um time altamente motivado, a H+K fechou o ano de 2022 sem perder sequer um cliente e teve apenas duas baixas, em uma equipe de cerca de 80 pessoas. E mesmo assim foram dois profissionais que decidiram estudar no exterior. Nós não os perdemos para a concorrência. J&Cia – Qual a marca que considera ter deixado nessa sua passagem pela H+K? Sabino – Gente. Minha marca foi principalmente o investimento em um time de profissionais de primeira qualidade, do qual vou sempre me orgulhar. Meu próprio sucessor é o maior exemplo. Thiago Salles veio de uma carreira sólida, um super- -profissional, e foi preparado para assumir a H+K. Creio que meu grande gol foi ter reunido um time de craques. O resto foi consequência: grandes clientes, prêmios e um resultado financeiro invejável. Pena que não possa revelar os números... kkkkkkk.

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