Edição 1.431 página 15 PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO se reuniam nos célebres salões dos Deffand, Necker, Lespinasse, Geofrin ou Grandval, pelo menos, a afirmação não deixa de ser verdadeira. Mme. d’Epinay conta no primeiro volume das suas Memórias que era muito comum nas tertúlias dos Duclos ou Saint-Lambert a conversa recair sobre assuntos como a virtude ou o pudor. Era quando se travavam diálogos animados, como este que ela descreve citando as falas entre aspas − embora omitindo os nomes das personagens − e em que uma senhora diz, entre risadas: − “Veja, marquês: o meu pudor é como o meu vestido; só o prendo em mim por alfinetes que, ao menor esforço... E, unindo o gesto à palavra − é Mme. d’Epinay quem conclui − abre suavemente as sedas que lhe encobrem o seio, numa gentil demonstração do seu argumento”. Não havia nessas cenas a mínima intenção de escândalo: em Paris, sob a aparência fácil da libertinagem, fazia-se então o amor para provar princípios filosóficos. (continua nas próximas edições) Irriquieto, o historiador e jornalista José Ramos TINHORÃO. Sempre alçando voos mais altos, me incumbiu de garimpar cordéis que abordassem o tema da sacanagem, da putaria, em alto estilo, e assim caí em campo nas cidades fontes dessa literatura nos estados do Nordeste. Conheci Tinhorão num prazeroso encontro na casa do jornalista Assis Ângelo em São Paulo, quando fui presenteado com um de seus livros, ao mesmo tempo em que recebi comentários sobre a edição da biografia do compositor Rosil Cavalcanti feita por mim. O tema já vinha sendo abordado há anos por Tinhorão de forma suave, quando publicamente era quase que proibido se falar em putaria, em sacanagem, em sexo explícito, a menos nos famosos “catecismos” elaborados por Carlos Zéfiro − pseudônimo, mais tarde descoberto, de Alcides Caminha −, vendidos a sete chaves. Tinhorão, especialista em análise musical, daria um verdadeiro furo com o tema em pauta, o que não era estranho nem novidade para um jornalista do seu quilate. Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) Pesquisa desenvolvida para o Mestrado Profissional em Poder Legislativo do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara Federal pela jornalista Verônica Lima Nogueira da Silva revela que o rádio é o grande meio de comunicação nas cidades menores, com baixo IDH. Denominada Mapeamento e análise da rede de emissoras que retransmitem o conteúdo da Rádio Câmara, utilizou a base de dados com 1500 emissoras que utilizam os conteúdos da Rádio Câmara. Esta é uma emissora estatal, que compõe a estrutura de comunicação da Câmara dos Deputados. Foi criada em 7 de outubro de 1997 e entrou no ar em 20 de janeiro de 1999. A programação da Rádio Câmara é distribuída em pelo menos sete plataformas: em Brasília, pela frequência 96,9 FM e por meio de um dos canais de multiprogramação digital da TV Câmara, com sinal aberto; pela internet e redes sociais (Facebook, Twitter e Youtube); pelo programa A Voz do Brasil, em todas as emissoras de rádio do País; pela Rede Legislativa de Rádio e TV, em 19 emissoras das cinco regiões do Brasil; por meio de agregadores de podcast; e pela Radioagência Câmara. Verônica, que desde 2020 é responsável pela Radioagência, explica que tem dois canais de comunicação principais com as emissoras parceiras: uma newsletter enviada para a base completa e listas de transmissão no WhatsApp. “São 1.500, que é o total da nossa base”, informa. “Umas 500 são muito presentes, estão muito em contato conosco. Nesse processo, percebi que seria importante conhecer um pouco mais dessas emissoras também”. Foi assim que se iniciou a pesquisa. Pelos dados, a maior parte dessas emissoras é de comunitárias ou webrádios, mas há cerca de 250 rádios por ondas que utilizam o material. Ao cruzar os dados dessas emissoras com os dados do IBGE, ela percebeu que estão em pequenas cidades, de até 50 mil habitantes, com baixo IDH e baixo PIB: “Isso aqui me interessa muito, porque sempre me incomodou o discurso de colegas que às vezes falam ‘Ah, a gente tem que ir para a internet, a gente tem que se modernizar, pois hoje a garotada está toda no celular’. Eu sempre falava que o Brasil não é Brasília, o Brasil não é Rio, o Brasil é São Paulo, né? A gente não pode ficar alheio a esses outros Brasis que estão aí”. Os dados revelaram que 54 emissoras, de um total de 219 que responderam à pesquisa, são analógicas. Outra informação importante é que, ao cruzar os dados com o Atlas da Notícia do Observatório da Imprensa, a jornalista percebeu que elas emissoras estão em pontos Pesquisa revela que rádio é o melhor canal de comunicação com a população brasileira Verônica Lima Nogueira da Silva
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