Jornalistas&Cia 1432

Edição 1.432 - 18 a 24 de outubro de 2023 n Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reuniu-se em 16/10 com representantes de 11 organizações defensoras da liberdade de imprensa, na sede do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília. No encontro, debateram o assédio judicial crescente contra jornalistas e comunicadores. u O presidente do STF reafirmou sua posição de que o jornalismo “não pode ser acuado, sob pena de não conseguir cumprir o seu propósito de divulgar informações de interesse público para a sociedade”. Barroso disse que manterá abertos os canais de diálogo e mostrou-se favorável à ampliação da presença da sociedade civil no Fórum de Liberdade de Imprensa do CNJ. n As organizações também demonstraram preocupação com o julgamento em curso de duas ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade): uma ajuizada pela Abraji (ADI 7055), e outra pela ABI (ADI 6792). Ambas buscam medidas para diminuir os impactos do assédio judicial, principalmente por meio dos Juizados Especiais Cíveis. Em outro caso, as organizações expressaram preocupação com a definição da tese de repercussão geral (Tema 995) a respeito da responsabilização de meios de comunicação e jornalistas por declarações de seus entrevistados, o que poderia resultar em autocensura e restrição do direito de informação da população. Foi pedido ao presidente Barroso que a Corte escute a sociedade civil antes de prosseguir com o julgamento. u Participaram da audiência representantes de Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Instituto Tornavoz, Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), Intervozes, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Instituto Palavra Aberta, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Nacional de Jornais (ANJ). n Helena Chagas, ex-ministra- -chefe da Secom no Governo Dilma Rousseff, que fundou e era sócia da TAG Report, além de comentarista e colunista de política na TV247 e no site Brasil247, assumiu agora em outubro a Gerência de Marketing e Comunicação da Apex Brasil, órgão vinculado ao Governo Federal. Helena, em suas experiências anteriores, foi também colunista e sócia do site Os Divergentes, consultora de assessoria de imprensa da Fiesp e da campanha de Paulo Skaf ao Governo do Estado de São Paulo, coordenadora de imprensa da campanha presidencial de Dilma Rousseff e diretora de Jornalismo de EBC, sucursal Brasília do SBT e regional Brasília da Infoglobo. Luís Roberto Barroso, do STF, reúne-se com entidades de imprensa para debater assédio judicial contra jornalistas n Presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle informou em nota que deixará a função. A demissão será a pedido e deve-se ao fato de ele ter repostado uma mensagem no X, antigo Twitter, sobre a guerra entre Israel e o grupo Hamas, da Palestina: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”. u Outros posts dele reforçavam posicionamento contra os israelenses, enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou-se a favor da paz entre as nações. u Nesta quarta-feira (18/10), Doyle disse em nota que o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, manifestou “descontentamento por eu ter repostado, no X, postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimentos ao governo. Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a Presidência da EBC, agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses”. (Com informações do Metrópoles) Hélio Doyle Hélio Doyle deixará a EBC após posts sobre Israel Helena Chagas assume a comunicação da Apex Helena Chagas

Edição 1.432 página 2 Nacionais n Malu Weber, VP de Comunicação da Bayer do Brasil e membro do board no Comitê Global de Comunicação do Grupo Bayer, acaba de assumir, em mandato próprio, a Presidência do Conselho Deliberativo da Aberje. Nos últimos meses, como VP da entidade, ela já vinha se ocupando da função, cumprindo os meses finais de mandato de Nelson Silveira, após ele ter renunciado ao cargo em decorrência de sua saída da GM. A eleição dela foi anunciada em 17/10, após decisão homologada pelo Conselho Deliberativo, em reunião ordinária virtual que também elegeu David Grinberg, VP de Comunicação Corporativa da Arcos Dorados, como VP da nova diretoria; e Jorge Görgen, head de Comunicção Corporativa do Iveco Group para a América Latina, como membro do board da entidade. Malu Weber, da Bayer, e David Grinberg, da Arcos Dorados, são eleitos presidente e vice-presidente do Conselho da Aberje Jorge Görgen, do Iveco Group, passa a integrar o board da entidade Malu Weber David Grinberg Jorge Görgen Na edição 1.431, de 11 de outubro, do Jornalistas&Cia, Daniela Kresch citou a CNN Brasil como uma das empresas onde fez entradas ao vivo a partir de Israel, “sem pagamento”. A CNN Brasil informa que houve contato de oferta de trabalho à jornalista como colaboradora, mas a profissional explicou que, por representar um órgão, não poderia ser contratada, só poderia dar entrevistas. A CNN Brasil reforça que não paga ao entrevistado por entrevista concedida. Daniela Kresch − Nota CNN Brasil Branded Content Ideias & Cia Em meio à crescente necessidade de as empresas se adequarem às regulamentações locais e garantir ambientes de trabalho seguros e inclusivos, a LLYC lança na semana que vem o informe Prevenção ao assédio: uma obrigatoriedade para as empresas em conformidade com a legislação brasileira. Seu propósito é lançar luz sobre a responsabilidade das companhias em disponibilizar aos seus colaboradores as ferramentas adequadas para a compreensão integral a respeito do assédio, possibilitando não somente a sua prevenção, mas a identificação de casos e garantindo o anonimato da denúncia. O relatório explora questões cruciais relacionadas a saúde e segurança no trabalho, baseando-se no entendimento aprofundado da Lei n. 14.457/2022, em vigor desde março deste ano. Nele trazemos insights e orientações práticas para o cumprimento da lei e destacamos as implicações legais e potenciais danos às organizações que negligenciam as medidas de combate e prevenção ao assédio e outras formas de violência no ambiente corporativo, enfatizando que a conformidade legal é uma obrigação ética e essencial. Dentro de nossa especialidade em Talent Engagement, temos como missão apoiar nossos clientes em sua jornada de melhor se relacionar e engajar com seu público interno. Dedicamo-nos a fornecer recursos que não apenas informam, mas capacitam as organizações a promoverem ambientes de trabalho seguros e respeitosos. Por Naira Feldmann, diretora de Talent Engagement & PR de Influência, LLYC Brasil Prevenção ao assédio no ambiente de trabalho: um compromisso necessário

Edição 1.432 página 3 n O Centro Celso Pinto de Estudos de Jornalismo Econômico, instituído pelo Insper em 2021, lançou um edital para contratar um bolsista pesquisador que será encarregado de fazer um levantamento dos modelos de negócio alternativos para o jornalismo utilizados ao redor do globo. u O edital é voltado para pesquisadores em nível de pós-graduação, de preferência com inscrição em doutorados de jornalismo, economia, administração ou áreas relacionadas. A ideia é que o selecionado desenvolva um projeto de pesquisa sobre modelos de negócio utilizados pelo jornalismo no Brasil e em outros países que sirvam como alternativas aos tradicionais, principalmente no que se refere a conteúdo e venda de anúncios. u O(A) pesquisador(a) receberá um total de R$ 30 mil, divididos em seis parcelas de R$ 5 mil. A bolsa durará um total de seis meses, com possibilidade de prorrogação por até três meses adicionais, mediante autorização prévia do Insper. u Interessados(as) devem enviar e-mail para [email protected] com uma justificativa do interesse no trabalho (até no máximo 2.800 caracteres), além do currículo Lattes e Orcid da pessoa solicitante. O prazo para inscrições termina em 7 de novembro, e o resultado será anunciado em 16 de novembro. u Leia o edital na íntegra aqui. Centro Celso Pinto lança bolsa para pesquisa sobre modelos de negócio alternativos de jornalismo EM AÇÃO A Rede JP é uma rede de jornalistas negros, indígenas e periféricos do Brasil e do exterior focados em tornar a comunicação social mais diversa e representativa em toda a sua estrutura. Atuamos com os pilares de representatividade, educação e oportunidade. Conheça o nosso banco de talentos e acesse as nossas redes: @RedeJP | Linktree. Construir vínculos e inspirar as pessoas: é para isso que existimos. Faça parte da nossa rede: [email protected] R E D E Esta coluna é de responsabilidade da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação De acordo com dados da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), coletados em 2022, nos primeiros sete meses do ano passado foram registradas ao todo 66 agressões graves a profissionais. Dentro da amostragem da pesquisa, as agressões envolvem diversas frentes, que vão desde episódios de violência física, passando pela destruição de equipamentos, até ameaças e assassinatos. Um dos casos mais notórios dessa violência contra jornalistas foi o assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002. Esse caso foi o gancho para a realização da série documental Onde está Tim Lopes?, dirigida e idealizada por Bruno Quintella, filho de Tim, também jornalista, disponibilizada na plataforma de streaming Globoplay em 2023. Este ano, Tim Lopes também é uma personalidade homenageada no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. O troféu de reconhecimento especial para a revelação do ano leva o seu nome. Leia a reportagem completa no link. Série Onde está Tim Lopes? e sua atualidade na conscientização da violência contra jornalistas Impunidad conitnuação - Nacionais

Edição 1.432 página 4 De Londres, Luciana Gurgel Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Diversos estudos tomam como referência as perspectivas e experiências de profissionais veteranos para projetar o que vai acontecer com o jornalismo. Mas o que pensam os que são realmente o futuro da profissão? Isso foi o que a agência de comunicação americana Greentarget tentou descobrir em mais uma rodada de uma pesquisa que vem realizando há três anos, intitulada NextGen. Embora envolva apenas estudantes de jornalismo e profissionais recém-formados nos EUA, o relatório apresenta conclusões que podem não ser tão diferentes em outros mercados. Afinal, desafios como redações enxutas, desinformação e incertezas em torno da adoção da inteligência artificial na produção de notícias são universais. Mas apesar de todas essas ameaças, os novos profissionais americanos estão otimistas e se revelaram idealistas. Questionados sobre o que a próxima década reserva para o futuro do jornalismo, nem um único entrevistado foi “muito negativo” nas suas expectativas, enquanto quase três quartos (72%) se mostraram positivos ou muito positivos. A pesquisa indicou que o desejo de mudar o mundo por meio do jornalismo, que inspirou as gerações passadas, continua vivo. A maioria dos entrevistados encara a carreira com senso de propósito. Disseram-se movidos por ideais como verdade, justiça e igualdade. Salário não está entre as motivações Entre as cinco razões citadas para exercer a profissão (cada participante podia escolher várias) apenas uma não está relacionada ao que o relatório descreve como “serviço à sociedade”: “aprender coisas novas”, que aparece em terceiro lugar. Em primeiro lugar veio “fornecer informações para que o público tome decisões informadas (62%)“, e em segundo «expor a injustiça (58%)“. O quarto motivo é “combater a desinformação e as fake news”, que inspira 45% dos novos jornalistas. “Ensinar os outros” aparece em quinto, citado por 41%. Nenhuma das 13 motivações principais da lista refere à expectativa de ganhar dinheiro − talvez um sinal de que os problemas O futuro do jornalismo na visão dos futuros jornalistas: o idealismo dos velhos tempos continua vivo de remuneração no jornalismo já estejam literalmente “precificados”. E não é só no Brasil. Uma outra pesquisa nos EUA, feita pelo site ZipRecruter em 2022, revelou que jornalismo é o curso que reúne mais profissionais arrependidos devido à falta de perspectiva de emprego e baixos salários. Ao todo, 44% dos candidatos a emprego com diploma universitário se arrependem da escolha nos EUA. Em jornalismo são 87%, e em comunicação 64%. Mas para os entrevistados da pesquisa NextGen, por enquanto o que vale é a esperança de fazer a diferença. Embora quase a metade deles tenha dito acreditar que o volume de notícias falsas vai crescer em 2024, nove em cada dez estão dispostos a fazer o que puderem para combater a sua propagação. O valor da DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão) Em uma geração fortemente influenciada por causas sociais, que vivenciou movimentos como o Black Lives Matter, o MeToo e o agravamento da crise climática, a DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) emergiu como uma prioridade. Quase seis em cada dez novos jornalistas entrevistados pela Greentarget estão preocupados com o nível de representação racial, de gênero e econômica no jornalismo. E 85% destacaram a importância de ter fontes diversas em formação profissional. A IA não representa uma ameaça para metade dos entrevistados. A maioria já utiliza a tecnologia em suas atividades, com 74% afirmando que ela terá um impacto significativo no jornalismo. No entanto, os métodos tradicionais ainda não estão sendo abandonados. A pesquisa NextGen constatou que os recursos mais utilizados para a produção de conteúdo são reportagens de rua (94%) e apuração com fontes primárias e especialistas (92%). Esses métodos superaram as plataformas sociais como instrumento para ter ideias de pauta, apurar informações ou checar fatos. Embora cheios de esperança, alguns desses profissionais podem se decepcionar se entrarem para o rol dos que mudam de área por dificuldade de pagar as contas ou até de encontrar um emprego em que se consiga colocar em prática todos os ideais. Mas para Lisa Seidenberg, diretora da agência responsável pelo estudo, é animador ver que eles não estão apenas pensando nos desafios, mas na busca de soluções. O relatório completo pode ser visto aqui.

Edição 1.432 página 5 conitnuação - MediaTalks 15 mortos em 10 dias − Pelo menos 15 profissionais de imprensa tiveram morte confirmada até essa terça-feira (17/10) em Gaza, Israel e no Líbano desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, incluindo os que estavam a serviço e outros que foram vítimas de bombardeios em suas casas. O levantamento foi feito pela organização internacional Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ). O número de fatalidades é muito superior ao de mortes registradas na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O CPJ contabiliza 17 perdas em 20 meses de guerra, mas nesse número não estão incluídos jornalistas que perderam a vida em situações não relacionadas ao trabalho. Zamora segue preso − O premiado jornalista e editor José Rubén Zamora, fundador do jornal de oposição elPeriodico, teve a sentença de seis anos de prisão anulada por um tribunal de recursos da Guatemala, mas continuará na cadeia até a realização de novo julgamento. Um dos principais opositores do governo de Alejandro Giammattei, ele foi detido em julho de 2022 e condenado em junho de 2023 por crimes financeiros com base em acusações que organizações de direitos humanos e de defesa da liberdade de imprensa apontam como forjadas. A anulação foi em resposta a um recurso interposto pela Procuradoria-Geral da República expondo discrepância com a sentença original que condenou Zamora por lavagem de dinheiro e o absolveu das acusações de chantagem e tráfico de influência. Ataque à BBC − A entrada principal da BBC em Londres foi vandalizada com tinta vermelha em 15/10, após vários dias de controvérsia sobre a forma como a rede vem cobrindo o conflito entre Israel e o Hamas e Israel – incluindo a decisão de não chamar o grupo de terrorista. A organização Ação Palestina assumiu a autoria do protesto, alegando que a emissora tem “sangue nas mãos” e estaria “fabricando consentimento para os crimes de guerra de Israel”, mas a polícia não confirmou nem fez prisões. O ato veio na sequência de um debate acalorado que envolveu até o governo e a oposição em torno da política editorial adotada pela BBC, que é a de classificar os integrantes do Hamas como militantes. Libertada na China − A jornalista australiana nascida na China Cheng Lei, que estava presa há três anos e havia sido julgada a portas fechadas em 2022, foi libertada e voltou para Melbourne, como resultado de um esforço diplomático da Austrália. Cheng, 45 anos, era uma conhecida jornalista de finanças e apresentava um programa na estatal China Global Television Network. Foi detida em agosto de 2020 e ficou sob custódia até ser formalmente acusada de fornecer segredos da China ao exterior, em fevereiro de 2021. Como a China e a Austrália enfrentavam tensões diplomáticas naquele momento por sanções relacionadas à crise do coronavírus, a prisão foi interpretada como retaliação do país asiático. Charge ofensiva? − O jornal britânico The Guardian anunciou que não renovará o contato com o cartunista Steve Bell e deixará de publicar seus trabalhos, depois que uma charge retratando o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu provocou críticas por uma suposta abordagem antissemita. O trabalho mostra o político usando luvas de boxe e cortando seu próprio abdômen com o contorno da Faixa de Gaza, onde violentos combates acontecem desde a semana passada. A legenda diz “Residentes de Gaza, saiam agora”. As críticas foram pela associação com Shylock, o personagem agiota judeu de O Mercador de Veneza, de Shakespeare, que no clássico do dramaturgo inglês insiste no “quilo de carne” que lhe é devido. Bell nega e diz que foi uma referência a um cartum sobre o então presidente norte-americano Lyndon Johnson nos anos 1960. Esta semana em MediaTalks Victoria Derbyshire/Twitter Tuitão do Plínio Por Plínio Vicente (pvsilva42@ gmail.com), especial para J&Cia (*) Plínio Vicente é editor de Opinião, Economia e Mundo do diário Roraima em tempo, em Boa Vista, para onde se mudou em 1984. Foi chefe de Reportagem do Estadão e dedica-se a ensinar aos focas a arte de escrever histórias em apenas 700 caracteres, incluindo os espaços. Almerinda veio para Roraima acompanhando o marido Antero, cabo do Exército, destacado para trabalhar na construção da rodovia federal BR-174, trecho ligando Boa Vista a Pacaraima, fronteira com a Venezuela. Depois de alguns anos comprou um pedaço de terra na beira da estrada, onde nasceu um vilarejo, Três Corações, nome que ele deu ao lugar para homenagear seu conterrâneo mineiro, o maior jogador de futebol da história. A mulher, também nascida na mesma cidade de Pelé, era de uma família de gerações de doceiras. Foi assim que a parada de viajantes virou o ponto de encontro com um doce que fez a fama do restaurante que existe até hoje. Almerinda e Antero ganharam a vida vendendo baba-de-moça. Baba-de-moça − Substantivo feminino 1. Bras. Cul. Doce feito com calda de açúcar, leite de coco e gemas de ovos. [Pl.: babas-demoça.] (Aurélio). A mineirinha da baba-de-moça

Edição 1.432 página 6 Comunicação Corporativa Rio de Janeiro n Carolina Oliveira Prado, que atuou por um ano e meio como coordenadora de mídias sociais na FSB, até agosto, ingressou em setembro na Grupo In Press, na função de produtora de conteúdo e RP para o iFood. n Saulo Frauches deixou a Rede Globo em setembro, após mais de 15 anos de casa, os últimos dois e meio na função de gerente de soluções em relacionamento. Rio Grande do Sul n Lidiane Amorim começou em agosto como consultora da ANK Reputation. Chega após atuar por seis anos e nove meses como assessora de comunicação e marketing da PUC-RS. São Paulo n Alex Sallai começou em agosto como analista sênior na comunicação da Associação Comercial de São Paulo. Ele esteve anteriormente, por pouco mais de um ano e meio, na Rede de Ação Política pela Sustentabilidade – Raps. n Ana Cristina Marsiglia começou na Hy Cite Enterprises, LLC na função de analista. Esteve anteriormente, por dois anos e meio, na Ecomunica na mesma função e registrou uma rápida passagem pela Fato Relevante. n Camila Cechinel, que esteve dois anos e meio na FSB, por último como gerente do núcleo de tecnologia e inovação, começou em outubro como assessora de comunicação e RP na PagBrasil. n Claudia Rozembrá deixou o Grupo Trama em setembro, após dois anos de casa, para compor o time da RPMA como consultora de comunicação da Cogna Educação. Ela também já foi de NR7, Press à Porter e Target. n Danielle Abade Brito, com quase 13 anos de GE, considerando as passagens por GE Transportation, GE e GE Renewable Energy, assume ali um novo desafio, desta feita na GE Vernova, subsidiária de energia renovável da GE, como líder de comunicação para a América Latina. Mariana Padilha Carolina Oliveira Prado Saulo Frauches Lidiane Amorim Paraná n Mariana Padilha, que estagiou na CBN e no Portal Banda B, começou em outubro como assessora de imprensa na Smartcom. Alex Sallai Ana Cristina Marsiglia Camila Cechinel Claudia Rozembrá Danielle Abade Brito

Edição 1.432 página 7 conitnuação - Comunicação Corporativa n Débora Dias, gerente de comunicação, marca e reputação, deixou a Loggi, onde esteve por pouco mais de três anos, até setembro, e começou em outubro no cargo de gerente de comunicação corporativa e conteúdo na Conta Azul. Ela também já esteve em Quinto Andar, FSB e Máquina CW. n Gabriele Oliveira, analista de RH, Diversidade e Inclusão, despediu-se da Mutato, em que atuou por dois anos, até junho, e já em julho estava em nova jornada, como analista de pessoas e cultura na Soko. n Henrique Vasconcellos, especialista em RP, deixou a Motim, em que esteve por um ano e quatro meses, até outubro, e partiu para nova jornada na FSB, contratado como analista sênior para o atendimento exclusivo de assessoria de imprensa e gestão de redes sociais da StoneCo no Brasil. n Julia Onorato Zimmermann Fonseca, consultora pleno, que atuava no atendimento à Pepsico pela InPress Porter Novelli, deixou a agência em julho rumo à JeffreyGroup, ali começando em agosto na função de executiva sênior, para o atendimento de Outback Steakhouse. n Leonardo Lira está de trabalho novo. Integrou-se em agosto à Gerando Falcões na função de especialista em comunicação e relações públicas, após dois anos de atuação como analista pleno na Melina Tavares Comunicação. n Maria Fernanda Salla Dias Lima, que esteve por um ano na LAM Comunicação, até junho, transferiu-se para a SP4 Comunicação Corporativa, como executiva de contas. n Mônica Magalhães, do time de executivos da FSB Comunicação, deixou a agência em agosto, após dois anos e três meses de casa, e logo na sequência começou na Vira Comunicação como assessora de imprensa. Antes, esteve em Visar Planejamento, Ketchum e Casa do Bom Conteúdo. n Paola Dau Pravato, RP da Jacto, em Marília, deixou a companhia, onde começou como estagiária e esteve por pouco mais de oito anos, transferindo- -se para a Vegasat Rastreamento e Gestão, como coordenadora de comunicação. Débora Dias Gabriele Oliveira Henrique Vasconcellos Julia Onorato Leonardo Lira Maria Fernanda Salla Dias Lima Mônica Magalhães Paola Dau Pravato n Paula Carone, coordenadora de RP, deixou a Pros e o atendimento da Bauducco em agosto, após pouco mais de um ano de casa, e iniciou nova jornada na MSL Brasil, na função de gerente. n Raquel Tengan assumiu um novo cargo na Sodexo, companhia em que está há quase dois anos e meio. Foi promovida de coordenadora a gerente de comunicação. n Silvana Chaves, que esteve por quase um ano e meio na Ideal, na área de marketing de influência, até maio, foi contratada em junho pela FleishmanHillard como analista sênior, para o atendimento de PR e marketing de influência da Philips Walita. Ela também já foi de Approach e A4Holofote. n Thiago Maia despediu-se em agosto da Edelman (ali esteve por 11 meses, no cargo de people analytic) e na sequência começou na Shopee, na função de talent acquisition. Paula Carone Raquel Tengan Silvana Chaves Thiago Maia

Edição 1.432 página 8 conitnuação - Comunicação Corporativa n A comunicação corporativa brasileira conquistou 13 dos 47 prêmios da edição 2023 do Sabre Awards Latin America, organizado pela Provoke Media, que foram anunciados em 11/10, na Cidade do México. Na mesma data, a premiação anunciou as Agências do Ano, ficando a LLYC com o título de Agência Regional Latam (concorrendo com JeffreyGroup, Porter Novelli e Sherlock Comunicações) e a Approach, com o de Agência do Ano Brasil (competindo com Vianews, Latam Intersect PR e Race); também foram premiadas a Weber Shandwick, como Agência do Ano México, e a CCK Agência do Ano América Latina Outros Mercados. u Nas premiações por categoria, a JeffreyGroup foi a mais vitoriosa, com três conquistas. Levou Comunicações com Funcionários, com o case Estrelas da Amazon, da Amazon; Evento Especial/ Patrocínio, com Façanha do Outback. MasterChef, do Outback Steakhouse; e Setor Público/ Governo, com Água Positiva, da Reckitt. u Vieram a seguir, com duas conquistas, Ketchum, Latam Intersect PR e Weber Shandwick. u A Ketchum levantou os troféus de Campanha de Mídia Social, com O bigode que toca para todos, da Gilette Procter & Gamble (que contou também com as participações de Grey, Bite Produções Artísticas, Loud, Lew’Lara/TBWA e New Vegas); e de Campanha de Mídia Social, com A vida merece respirar, da Janssen Brasil. u A Latam Intersect PR foi vitoriosa em Realização Superior em Pesquisa e Planejamento, com Estado do Jornalismo na América Latina, de sua própria autoria; e Tecnologia, com Mundo sem Fronteiras, da MetaMundi. u Já a Weber Shandwick celebrou as conquistas das categorias Geográfica Região Brasil, com Os últimos sobreviventes, para Unesco, Museu do Holocausto de Curitiba e Conib (em parceria com a Cappuccino); e Marketing Integrado, com o mesmo case. u Com uma conquista, destacaram-se: Hospital Israelita Albert Einstein, em Áreas de Atuação / Imagem Corporativa, com Retratos de uma pandemia – Na linha de frente do combate à Covid-19 – Série Documental; Sherlock Communications, em Marketing de Influência, com Hot Tab Hero Brasil, n Vitória Rosa, ex-Ideal, que atuou por 11 meses na Hill + Knowlton Brasil como assistente de comunicação, transferiu-se em setembro para a Jet Commerce, contratada como analista. No período de estágio, passou por Comunique-se e FleishmanHillard Brasil. Dança das contas n A Contatto tem novidades na carteira de clientes. Ali está chegando o Grupo Vino!, que tem 45 unidades no País, reunindo mais de 508 rótulos de vinhos de 16 países. No atendimento, Vitor Gabriel da Costa Andrade, com coordenação de Vinícius Cavallero. n A Gueratto Press, de Fabrizio Gueratto e Tuanny Blumer, assumiu a assessoria da gestora Equus Capital, fundada em 2022 por ex-sócios da Tarpon e especializada em investimentos alternativos como fundos de venture capital e quantitativos. Pelas instituições n Já está disponível a primeira edição do Boletim Panorama Econômico Aberje − Diretrizes para o Orçamento da Comunicação 2024, produzida pelo recém-criado Centro de Estudos e Análises Econômicas Aplicadas à Comunicação da entidade, que tem à frente o economista-chefe Leonardo Müller. u Em conjunto com os principais indicadores econômicos do País, o boletim traz dados gerados pelas pesquisas da associação para auxiliar o comunicador/gestor no planejamento e na sua gestão orçamentária. Vitória Rosa Pelo mercado Cases brasileiros conquistam 13 dos 47 prêmios do Sabre Awards Latam. LLYC (Regional Latam) e Approach (Brasil) são Agências do Ano da Opera GX; InPress Porter Novelli, em Educação Pública, com Viver é raro – Viver é a coisa mais rara, da Casa Hunter; e Nissan Motor Co., em Manufatura Industrial, com Semana de Inovação da Nissan. u Informações completas aqui. E mais... n A Fundamento Grupo de Comunicação, por meio de sua unidade Fundamento Análises, iniciou pesquisa com gestores de sustentabilidade e meio ambiente sobre expectativas e preparativos para a COP 28. Batizada com o nome de Na trilha da COP 28, a pesquisa é aberta, bastando aos interessados acessá-la no site e preencher o questionário, que estará acessível até 27 de outubro. O objetivo do levantamento é traçar um panorama sobre as expectativas e preparativos das empresas sediadas no Brasil em relação ao evento, que será realizado de 30/11 a 12/12 em Dubai, nos Emirados Árabes. n Alessandra Gomes, da McCann Health, Maria Priscila Nabozni, da Mapa360, e Michele Gruc, da CP+B Brasil, vão representar o Brasil no júri do Festival Luum Awards, que tem foco em comunicação sobre Humanidade, Saúde e Meio Ambiente, este integrado por quase 80 profissionais das áreas de RP, marketing e publicidade de todo o mundo. n A agência Queissada, de Juliana Queissada, das áreas de RP e Estratégias Digitais Full Service, amplia seu escopo e passa a atuar em Espanha, Portugal e Austrália. u Para a expansão, contratou Kamila Garcia como gerente de comunicação. Ela esteve em Sabesp, Americanas, Ambev, Smart Fit e Hope Lingerie, entre outras. Alessandra Gomes Maria Priscila Nabozni Michele Gruc Kamila Garcia

Edição 1.432 página 9 AUTO Patrocínio n Grande Prêmio (GP) e Estadão chegaram a um acordo para resolver o caso de plágio de ao menos 47 publicações do GP por parte do jornal paulista durante dois meses e meio, de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. Os termos do acordo correm em segredo de Justiça. u Por volta de março de 2022, o GP percebeu que seus textos estavam sendo reproduzidos integralmente na editoria de Automobilismo do Estadão, inclusive com erros de digitação. Após algumas análises, foram identificadas 47 publicações plagiadas na íntegra, além de 642 posts indevidos contendo ao menos um trecho copiado de conteúdo do site. Os veículos passaram então a negociar uma indenização pelo acordo. De início, o GP pediu R$ 5,25 milhões. u No começo deste ano, a Comissão de Ética dos Jornalistas do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo emitiu um parecer sobre o plágio. A entidade declarou na época que, “a ocorrência de plágio é inequívoca e recorrente” e “trata-se de flagrante infração ao Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros”. n A Autoesporte anunciou novidades em sua redação: Renan Bandeira, ex-Mobiauto, chega à equipe para atuar como repórter, e Vitória Drehmer, até então estagiária na empresa, foi efetivada e também integra o time de reportagem da revista. u Renan vai contribuir diariamente com notícias, avaliações e análises para o site e revista impressa, e produzir conteúdo para as redes sociais da empresa. Também fará participações no programa CBN Autoesporte, na rádio CBN. Neste ano, será um dos jurados do prêmio Carro do Ano. u Formado em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, com pós-graduação em mídias digitais, Renan atuou anteriormente na Quatro Rodas e na Mobiauto; nesta última ficou por quase três anos. Foi também apresentador do canal da Karvi Carros no Youtube. u Vitória formou-se em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). Sua trajetória no setor automotivo começou no Portal Kart Motor, onde cobriu diversos campeonatos de kart. Em 2022, assinou com a Autoesporte como estagiária, e desde agosto atua como repórter na empresa. Renan Bandeira e Vitória Drehmer são os novos repórteres da Autoesporte Renan Bandeira Vitória Dremer Grande Prêmio x Estadão: caso de plágio termina com acordo entre as partes E mais... n A Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil abriu o seu Programa de Estágio 2024. Há vagas para estudantes de Comunicação Social, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. A empresa busca graduandos a partir do segundo semestre, com nível de inglês no mínimo básico e disponibilidade para estagiar seis horas diárias, com um total de 30 horas semanais. Mais informações e inscrições aqui. n Hi-Mundim, blog de turismo idealizado pelo casal de jornalistas Marcelo Ferri e Michelle Monte Mor, lançou uma coleção de guias de turismo da região Noroeste de São Paulo, que incluem dicas de viagem, informações úteis e curiosidades para proporcionar uma experiência mais completa para o turista. Os dois primeiros guias são sobre praias de água doce da região, e outro exclusivo de Olímpia. O blog, inclusive, comemorou dez anos de existência em 2023. Confira os guias na íntegra aqui. n Morreu em 13/10 o engenheiro Antonio Megale, ex-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aos 66 anos. Ele estava internado em tratamento de um câncer. Deixa a esposa Maysa e dois filhos, Bruno e Vitor. O enterro foi realizado no Cemitério Parque Morumby, em São Paulo. u Natural de Minas Gerais, Megale destacou-se por seu trabalho em prol da modernização do setor automotivo no Brasil. Foi presidente da Anfavea de 2016 a 2019, atuando pela implementação do Rota 2030, programa que estabeleceu incentivos fiscais a projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico para a cadeia automotiva. A própria Anfavea o chamava de “pai do Rota 2030”. Antonio Megale

Edição 1.432 página 10 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO “O fogo da carne não se acendia sem espírito. E essa necessidade de espírito chegaria a tal ponto, no século XVIII, que uma mulher de certa categoria não se sentia suficientemente excitada antes de pelo menos meia hora de conversação inteligente. Seguindo a trilha de Descartes, a filosofia já era capaz de reduzir a metafísica do amor ao plano das demonstrações matemáticas. E eis porque, quando uma mulher finalmente se entregava ao seu galanteador, fazia-o com a satisfação superior de não estar cedendo exatamente à carne, mas a um argumento irrespondível. Aliás, mesmo quando fazia alguma resistência, não era absolutamente para opor pela força o que não soubera contrapor pelos argumentos, mas apenas − como escrevia de uma sua personagem o contemporâneo Pigault Lebrun − para não deixar sem um preço a sua derrota. O próprio Marquês de Sade − o Divino Marquês, que um dia distribuiu bombons recheados com cantárida num bordel de Marselha, provocando o maior escândalo jamais presenciado numa casa de escândalos − chegou a apontar o aparecimento do romance como consequência da galanteria, que refinava os espíritos fazendo ainda a fortuna de muitos especialistas na incipiente ciência dos males venéreos. Escrevendo um ensaio intitulado Ideia sobre Os Romances, o Marquês notou que o homem oscila entre a superstição e o amor, concluindo: ‘..et voilà la base de tous les romans.’ Amor de tipo especial, que serviria realmente de base a Choderlos de Laclos para compor a mais pungente história de um libertino, a do Visconde de Valmont, no seu romance As Ligações Perigosas. O dramático Visconde de Valmont, que, por puro amor da libertinagem, escrevia cartas fingindo amor puro à pudica Mme. de Tourvel debruçado sobre o corpo de uma amante, o que confessava depois a uma terceira mulher com este requintado pormenor: ‘Elle me servit de pupitre pour écrire a ma belle dévote’. Mas o espírito do século não se revelaria apenas na filosofia e na literatura, onde se demonstrava que o vício era a melhor forma de protestar contra a autoridade, simbolizada na virtude. A galanteria e a libertinagem invadiram também o teatro, a pintura, a arquitetura, Licenciosidade na cultura popular (XXXI) (Continuação do texto publicado em J&Cia 1.430 e 1.431. Ele trata de um artigo intitulado Galanteria, publicado em setembro de 1962 na extinta revista Senhor, no qual José Ramos Tinhorão discorre com desembaraço sobre licenciosidade e sexo no século 18. Atém-se à Europa, munido de dados históricos colhidos em livros que devorou com o prazer de quem ama o que faz.) a moda e até o mobiliário, pois foi exatamente no século XVIII que os franceses adotaram do Oriente o uso do sofá, com todas as suas implicações. A nova sociedade burguesa, mal-acomodada nos rígidos esquemas herdados da organização feudal, ao levar o escândalo ao campo das artes estava apenas pregando a libertação da educação retórica jesuítica do século XVII, que tão tiranicamente os obrigava nos planos da cultura e do sexo à obediência dos modelos clássicos. As representações das peças de Molière caíram de 132 para apenas 66, anualmente, e em seu lugar entraram a proliferar as óperas cômicas, os ballets, os teatros de boulevard e as marionnettes. Era a vitória dos chamados petits genres, que deixariam como legado às gerações futuras tantos exemplos de obras-primas construídas sobre o nada. Segundo Mercier, havia no Palais Royal um teatro público, onde, em 1791, se representou uma comédia tão espontânea que a cena de maior comicidade deu-se quando os três casais de atores começaram a agir no palco exatamente como os casais de verdade agem em casa, geralmente à noite. Os mais calorosos aplausos − observou Mercier − partiram das mulheres, que compunham, aliás, a maioria da assistência. Na pintura, Boucher, Watteau, Lancret e principalmente Fragonard, desprezando a sadia nudez das deusas de Lebrun e Nicolau Mignard, vestiam suas dianas e pastoras pelo modelo daquelas meninas fáceis de Paris que − no dizer indignado de George Brandes – ‘tinham orgulho em mostrar seus seios e traseiros, ora no Trianon ora em Luciennes’. Os maiores conquistadores da época davam-se ao luxo de mandar pintar suas amantes em posições provocadoras, e Casanova, de passagem por Paris, estava destinado a pagar caro essa galanteria: mostrando ao Rei Luís XV o retrato da jovem irmã da atriz O’Morphi numa pose cheia de intenções, o soberano revelou tal interesse em conhecer a moça, para ‘apreciar com justeza a fidelidade da reprodução’, que não houve como deixar de trazê-la ao retiro do Parque dos Cervos − ficando daí por diante Luís XV com o original e Casanova apenas com a pintura. O arredondamento das formas, tão apreciado nas mulheres, acabaria influenciando a arquitetura, também sujeita até ali à rigidez das linhas clássicas. A figura de Pan passou a povoar os jardins, ao fundo dos quais a necessidade de pousos quietos para o exercício do amor fez surgirem as petites maisons, perfeitas garçonières de um tempo em que não havia apartamentos.” (continua na próxima edição) Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora Marquês de Sade Assis com publicações do gênero Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

Edição 1.432 página 11 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) O uso indiscriminado de áudios contendo informações erradas, descontextualizadas ou falsas expandiu-se a partir das eleições de 2018 e veio ganhando força nos últimos anos. Podemos perceber a quantidade de áudios que circulam nas redes sociais com teorias conspiratórias, ataques a desafetos políticos ou campanhas de cancelamento. Ninguém está a salvo desses processos. Mas, curiosamente, o meio rádio tem sido um dos mais visados para a distribuição desses conteúdos denominados de “desinformação”. A professora dra. Sônia Caldas Pessoa, que atua nos cursos de comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde coordena o Laboratório de Experimentações Sonoras, explica que o rádio é um meio muito atraente pois propicia uma comunicação direta com o público, apoiada no uso da voz, o que dá mais credibilidade e aproxima o ouvinte do conteúdo. Neste ano, ela apresentou uma pesquisa no Grupo de Rádio e Midia Sonora da Intercom, em parceria com a pesquisadora Ana Luiza Bongiovani, sobre o uso do áudio nessas campanhas de desinformação. O texto, com o título Desinformação em áudio e estudos radiofônicos: interfaces e convergências, analisa uma série de situações importantes para a sociedade. “Na desinformação, o que ocorre é a não checagem, a não realização desse processo”, explica a professora. “E a divulgação pode ser de qualquer situação, fato, evento que tenha sido criado por alguém, por motivação política, por motivação ideológica, por brincadeira. E que pode provocar um estrago enorme na vida das pessoas. Então, a desinformação que vem sendo banalizada nos últimos anos, principalmente a partir de 2018”. Sônia Pessoa complementa que o uso do rádio, e de conteúdo em áudio, é uma preferência por criar uma relação de afeto com o ouvinte: “Quando pensamos no áudio, no rádio, no sonoro, temos todo um trabalho de afeto que acontece entre quem fala − seja o apresentador, o âncora, o jornalista −, quem é entrevistado e quem está do outro lado como ouvinte. É essa potência do afeto − que é o tom de voz, a entonação, a assertividade, o modo como a pessoa que está falando ali – que mostra que ela está se posicionando. Então, muitas vezes, um político ou um convidado de qualquer área, que ideologicamente discorda de determinada informação, dependendo da entonação, da voz, da assertividade que imprime, consegue mobilizar toda essa situação sonora. Quem está do outro lado, ouvindo, acredita e pensa que aquilo ali é verdade”. A coordenadora do Laboratório de Experimentações Sonoras da Universidade Federal de Minas Gerais afirma que a situação fica mais complexa quando essas falas são recortadas e descontextualizadas para o envio em diversos formatos nas plataformas digitais, entre elas o Whatsapp e o Telegram. De forma geral, a pessoa que recebe acredita no que ouviu e repassa para muitas outras em grupos familiares, de trabalho, de amigos etc. Com O rádio e as campanhas de desinformação Sônia Pessoa isso, a desinformação avança de forma rápida e sem identificação do autor, mas com as características de envolvimento do áudio. Nesse contexto, a pesquisadora explica que, ao ouvir um áudio de uma emissora de rádio em uma rede social, o usuário acredita que esse conteúdo tenha sido checado, pois reconhece a credibilidade do meio e da emissora. Porém, muitas vezes esse material não foi devidamente avaliado antes de ser veiculado, ou foi retirado do contexto original, levando a um entendimento completamente equivocado e diferente do original. “As características do rádio, o jeito coloquial de falar, o modo espontâneo, a forma, como se você estivesse falando diretamente para a pessoa que está ouvindo... esse modo de você se aproximar do ouvinte, como se estivesse numa conversa, num diálogo, todas essas características um dia foram estudadas como algo que potencializa o afeto positivo do rádio, que atrai os ouvintes para o rádio. Atualmente, elas são paradoxalmente perigosas. São características e fatores que, se por um lado, aproximam as pessoas que estão ouvindo, por outro potencializam a amplificação da desinformação no rádio”. Importante destacar que, mesmo que aquele conteúdo tenha sido identificado e desmentido, a área de cobertura da informação corrigida não atinge o mesmo grupo de pessoas. E mesmo que atinja, lembra Sônia Pessoa, boa parte não acredita por achar que “o desmentido” é uma forma de desinformação, dando mais credibilidade à desinformação: “É um grande desafio, pois esse processo de desinformação é um jogo perverso, já que na dúvida as pessoas preferem acreditar nos mais próximos, que enviaram o conteúdo errado no grupo, do que nos meios de comunicação que fazem campanhas de checagem de notícias. Até porque a pessoa já espalhou aquele dado e não quer assumir publicamente o constrangimento pelo erro”. Ela traz outro fator de diferenciação entre os momentos históricos do analógico e do digital, pois, no passado, quando uma emissora veiculava uma informação e alguém se sentia atingido pelo fato narrado, entrava em contato com a rádio e pedia direito de resposta. Se a emissora não permitisse, o lado que se sentisse lesado levaria o caso para a justiça. Em condições normais, era dado o direito à parte constrangida, que utilizava o mesmo tempo de veiculação e no mesmo horário da programação. Atualmente, nas redes sociais não há a menor chance de fazer esse tipo de ação, pois os conteúdos “brotam” de todos os lados, sem identificação da origem da informação. Dessa forma, cria-se uma longa cadeia de usuários que replicam esses materiais de forma contínua, impedindo o rastreamento do dado. “Muitas vezes, lidamos com situações cotidianas, políticas, do dia a dia, mas também com grandes temáticas que efetivamente podem trazer prejuízos para a vida da sociedade, dos cidadãos como um todo”, salienta a pesquisadora. “Por isso, o papel dos jornalistas passou a ser de mais responsabilidade na checagem e veiculação das notícias em todos os veículos de comunicação, especialmente no rádio”. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Edição 1.432 página 12 Sudeste São Paulo n Rafa Brites é a apresentadora de Barbie, você pode ser tudo que quiser, programa que o SBT lança no sábado (21/10), com o tema do empoderamento das garotas (ou nem tão jovens). Os três primeiros episódios vão ao ar nos sábados 21 e 28/10 e 4/11, à meia-noite. Após a exibição na TV aberta, o programa completo estará nos canais oficiais do Youtube e Facebook do SBT. u Cada episódio, no formato de videocast, traz um tema importante para as Barbies, a ser discutido com especialistas, sobre assuntos como equidade de gênero, inclusão e diversidade. Até agora, as debatedoras são uma especialista em finanças pessoais, uma atleta, uma influenciadora indígena e uma comunicadora de beleza e body positive. Os papos ainda contam com a presença de ONGs que fazem esses temas se tornarem realidade para milhares de meninas em todo o País. u Rafaella Brites foi repórter do programa Mais Você e do reality Superstar, ambos na Rede Globo E mais... n Ana Luiza Cardoso assinou com o UOL para atuar no cargo de repórter. Teve passagens por Editora Abril, Editora Globo e Edições Globo Condé Nast. n A Revista Qualé, voltada para o público infantojuvenil, fará em 23, 24 e 25/10 uma programação especial para fomentar o debate sobre a educação midiática e a importância de despertar o senso crítico nos mais jovens desde cedo. A iniciativa faz parte da Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional promovida pela Unesco. u A Qualé levará cerca de 40 estudantes da rede pública de São Paulo para visitarem redações de veículos jornalísticos da cidade. Um grupo visitará a sede da Folha de S.Paulo; outra turma conhecerá a redação da TV Cultura e serão recebidos pela jornalista Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, que será entrevistada por eles no centro da roda; outro grupo visitará a rádio Trianon durante programação ao vivo; e uma última turma participará de uma live da Qualé com especialistas sobre a educação midiática e a importância de levar o jornalismo para a sala de aula. u A Qualé soma uma tiragem de aproximadamente 270 mil exemplares quinzenais, e atende a diferentes escolas particulares e públicas, como as das prefeituras de São Paulo e de Campinas. Revista Qualé terá programação especial na semana global de alfabetização midiática da Unesco SBT lança videocast com Rafa Brites Rafa Brites Ana Luiza Cardoso n Alessandra Neris, CEO da Neris Comunicação e ex-diretora de Burson-Marsteller e Fleishman Hillard, é a nova repórter do PV Magazine Brasil, portal de notícias especializado no segmento fotovoltaico. Ela será responsável pelo segmento de geração distribuída, cobrindo negócios, políticas e tecnologias sobre o mercado fotovoltaico brasileiro. Pautas sobre o tema podem ser encaminhadas para alessandra.neris@pv-magazine. com. n Danielle Benfica assumiu o cargo de editora da Editora FTD S/A. Na empresa desde 2012, ela foi por 11 anos editora assistente sênior. Antes, foi analista editorial no Sistema Pitágoras de Educação. n Davi Paludetto assinou com a TV TEM, afiliada de Globo em Marília, para atuar como repórter na região. Natural de Londrina (PR), trabalhou anteriormente em Folha de Londrina, Grupo RIC Paraná e TV Cultura. n Juliana Pio começou esta semana na Exame, na equipe do editor executivo Ivan Padilla. Com passagens por Estadão e Época Negócios, chega para tocar a editoria de Marketing e ajudar em projetos especiais como Melhores e Maiores, a mais tradicional premiação do jornalismo econômico brasileiro; Exame CEO, edição especial trimestral voltada para um mailing de executivos C-Level; e Clube CMO, comunidade de líderes de marketing. O contato dela é [email protected]. n Heitor Mazzoco é o novo repórter de Política do Estadão. Anteriormente, trabalhou em veículos de São José do Rio Preto e foi repórter de Record, CBN, Folha de S.Paulo, O Tempo e Revista Oeste. Danielle Benfica Davi Paludetto Heitor Mazzoco Juliana Pio Leandro Fonseca

Edição 1.432 página 13 conitnuação - São Paulo n Geraldo Cantarino lançou, na semana passada, em Niterói, Geisel em Londres. Resultado de pesquisas em arquivos brasileiros e britânicos, com prefácio da jornalista inglesa Jan Rocha, a obra revela os bastidores da polêmica visita de Geisel, em 1976. u Essa visita representou um marco nas relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido. Foi a primeira viagem oficial de um presidente brasileiro em exercício àquele país, realizada, protocolarmente, em retribuição à visita da rainha Elizabeth II ao Brasil, no conturbado ano de 1968. E foi alvo de duras críticas e protestos contra a brutalidade do regime militar brasileiro, na época já vigente havia 12 anos. u Porém, havia muito mais em jogo. O intervalo de quase oito anos entre as duas visitas abrange dois momentos cruciais e simultâneos da ditadura brasileira: o chamado “milagre econômico” e os “anos de chumbo”. u Formado na UFF, Cantarino tem mestrado em Documentário para Televisão pelo Goldsmiths College de Londres. Começou como produtor do Globo Ciência, foi repórter da Band em Brasília, roteirista e apresentador de programas da Multirio, e participou da criação do canal Futura. Na Inglaterra, atuou como jornalista freelancer, fotógrafo e tradutor. É autor de quatro livros publicados pela Mauad X. n O Instituto Philos Org, em parceria com o portal Integridade ESG, da Insight Comunicação, lançou o Anuário Saúde Mental nas Empresas 2023. A publicação traz o ranking das empresas brasileiras e dos setores que mais investem no bem-estar e na saúde mental dos colaboradores, nos âmbitos público e privado. u Disponível na versão online, o anuário analisou os dados da Global Reporting Initiative das cem maiores empresas do Brasil referentes aos investimentos corporativos no âmbito das questões relacionadas ao bem-estar dos colaboradores. GRI é uma organização internacional de padrões independentes, que avalia governos e instituições sobre os impactos em questões como as alterações climáticas, os direitos humanos e a corrupção. u No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais ocupam a terceira causa de incapacidade para o trabalho, correspondendo a 9% na concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Mesmo assim, até 2020, a participação do tema na agenda ESG permanecia tímida. Com os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a saúde mental da população, a insegurança e o medo gerados por mais de 700 mil mortes, e a total perda de referências de trabalho e renda, esse panorama começou a se alterar. u Para estabelecer uma análise justa e de caráter científico, o Instituto Philos Org identificou, com a colaboração de especialistas no tema, as melhores práticas de promoção da saúde mental, tendo como referência os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A abordagem teve em vista as dimensões que afetam o cuidado com a saúde mental num ambiente corporativo, integradas à experiência do indivíduo como um todo, em sociedade. u A equipe que editou o Anuário é composta por Carlos Assis e Jorge Sales, da Philos Org, na pesquisa e redação inicial; Cíntia Castro, João Bettencourt e João Pedro Faro, da Insight, na redação final e edição. Rio de Janeiro n Rubin Kishi, natural de Granada, assinou contrato com a Grandes Lagos TV, de Nova Granada. Ele será responsável por filmagens, edição e produção de vídeos. São Paulo-interior n O Sindicato dos Jornalistas de SP e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) repudiaram o fechamento da sucursal da TV Record em Presidente Prudente/Rio Preto, que culminou nas demissões de uma produtora, um editor de TV e dois cinegrafistas, todos com mais de dez anos de casa. A justificativa foi de corte de custos. Registro-SP n Morreu em 6/10 João Montenegro Filho, o Monte, aos 63 anos. Ele estava internado desde 23 de setembro, com um quadro de anemia e septicemia e problemas pulmonares. Trabalhou na Rádio Independente e jornal O Diário, de Barretos, na Rádio Cultura, e no jornal Folha de Guaíra. Na capital, atuou na Rádio Globo-Excelsior, de 1986 a 1989, e na TV Cultura, em 1988. No final daquele ano ingressou na TV Globo, onde foi chefe de Reportagem. Foi ainda diretor do Sindicato dos Jornalistas de SP nas gestões de Antonio Carlos Fon (1990-1993) e de Everaldo Gouveia (1997-2000). Rubin Kishi Insight lança Anuário Saúde Mental nas Empresas Cantarino publica livro sobre episódio dos anos de chumbo

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