Jornalistas&Cia 1438

Edição 1.439 página 40 Eu trabalhava na sucursal paulista da revista Manchete e Pelé ia receber a visita de Franz Beckenbauer. O falecido Salomão Schwartzman, diretor da sucursal, mandou a mim e ao fotógrafo Bentinho a Santos, para fazer matéria. Chegamos ao estádio da Vila Belmiro e ninguém tinha chegado. Pegamos uma bola no vestiário e, calças arregaçadas, começamos a brincar no campo. Pelé chegou pouco depois, acompanhado de uma equipe de produção da TV Bandeirantes, que estava gravando um especial chamado Jogando com Pelé. Entre um take e outro do especial, Pelé vinha bater uma bola com a gente. O Bento fez uma foto (cromo) minha abraçado com o ídolo, mas ela se perdeu no tempo. Beckenbauer só chegou no dia seguinte. Fomos encontrá-lo na bela casa de Pelé na praia de Pernambuco, no Guarujá. Você atravessa a sala de estar e dá de cara com uma churrasqueira com um balcão para umas quinze pessoas, confortavelmente sentadas. Cheirinho de linguiça na brasa. À direita da churrasqueira, uma escada em caracol leva ao piso superior, onde fica a quadra de tênis e onde Beckenbauer jogava com a esposa. À esquerda da churrasqueira, uma piscina de dimensões médias, com uma mesa e quatro bancos dentro da água. À direita de quem sai da churrasqueira, a piscina ostenta uma enorme cascata artificial. No gramado entre o cheirinho de linguiça e a piscina, uma estátua do Rei. Beckenbauer desceu, fizemos fotos, batemos um papinho... Ouvi dizer que Pelé tinha fama de pão-duro, mas fiquei esperando que ele nos oferecesse uma linguicinha. O máximo a que ele chegou, porém, foi sugerir “uma cervejinha” (meia). Ainda tentei apelar para seu bom senso – “eu só bebo depois de comer alguma coisa” –, mas só experimentei a linguiça pelo olfato. Pior: dali a pouco, ele deu um ultimato: “Bom, agora vocês vão embora, porque nós vamos almoçar...”. Lamento ter perdido a foto. Lamento não ter experimentado a linguicinha – ou, no mínimo, aceitado a cervejinha. Mas nada me tira o orgulho de ter batido bola com Pelé. n A história desta semana é novamente de Marco Antonio Zanfra ([email protected]), que atuou em diversos veículos na capital paulista e em Santa Catarina. Em Florianópolis, onde reside, trabalhou em O Estado e A Notícia, na assessoria de imprensa do Detran e do Instituto de Planejamento Urbano, além de ter sido diretor de Apoio e Mídias na Secretaria de Comunicação da Prefeitura. É também escritor. Marco Antonio Zanfra Jogando com Pelé Pelé e Beckenbauer Twitter/Beckenbauer Livro n Daniel Pereira (daniel07pereira@ yahoo.com.br), colaborador deste J&Cia (Ver Tuitão, na pág. 25), lança neste sábado (9/12), na cidade de Assis (SP), a segunda edição do livro O Esquife do Caudilho, que o autor define como um apanhado com rabiscos de memória em homenagem às pessoas que fizeram diferença em nossas vidas. u Entre causos e estórias, fato e ficção, o livro resgata três episódios que fazem parte do imaginário da cidade de origem do autor. Um deles, a visita que, quatro meses antes do acidente que vitimou Ayrton Senna, este fez à região e pousou seu jatinho no aeroporto local. Outro, a passagem do famoso escritor baiano Jorge Amado pela cidade, onde conheceu a senhora Antonieta de Tílio, primeira dama da zona do meretrício e em quem ele se teria inspirado para criar Tieta do Agreste. E não menos intrigante, o autor apresenta evidências de que o famigerado genocida Joseph Mengele foi hóspede de um abrigo para crianças em sua rota de fuga pela América do Sul. u O evento de lançamento será no cenário da Mostra Morar Bem, (av. Rui Barbosa, 802), a partir das 17 horas. O livro está em pré-venda com preço de capa de R$ 70 e entrega pessoal na cidade de São Paulo e via Correios para outras praças. O Esquife do Caudilho volta em segunda edição

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