Edição 1.441 página 9 Por dentro da Comunicação Pública Dialogar sobre ciência com o público universitário e com o leitor de fora dos muros da universidade não é uma tarefa simples. Esta é uma das características e desafios permanentes do Jornal da USP (Universidade de São Paulo), maior instituição pública de ensino superior do Brasil e uma das maiores da América Latina, referência em pesquisas científicas no País e no mundo. Mas há uma questão bem mais complexa do que divulgar a ciência para públicos diferentes. Um desafio não facilmente perceptível, mas fundamental para a linha editorial de uma publicação com a responsabilidade que tem o Jornal da USP. É o que aponta Luiza Caires, editora de Ciências do jornal: “Ao noticiar estudos científicos, precisamos dar a noção de uma ciência perenemente ‘em construção’, com resultados que nunca são completos nem a última palavra naquele assunto. Mas sem que as pessoas pensem que as pesquisas são menos importantes e merecem menos investimento por isso. Concorremos pela atenção do público com veículos que fazem exatamente o contrário: noticiam cada estudo como a descoberta do século, porque precisam atrair audiência, mas acabam não só expressando uma visão equivocada sobre a ciência como deixando o jornalismo científico numa posição de descrédito”. Luiz Roberto Serrano, editor do jornal, o define como “um veículo de divulgação científica, no sentido de divulgar as ciências exatas e humanas que são alvo de pesquisas e ensino na USP. É voltado tanto para o público interno da Universidade e o externo com o objetivo de divulgar com eficiência as atividades da USP para o grande público”. Em formato digital, conta com a média de duas mil visitas mensais. Para o Serrano, “o principal desafio editorial é utilizar uma linguagem que case o respeito às questões científicas e técnicas com o objetivo de torná-las acessíveis ao grande público”. O que, no caso específico do Jornal da USP, não é algo fácil, considerando-se o terreno por vezes árido dos temas da ciência de ponta que é produzida na instituição. Serrano registra que mais de cem professores escrevem artigos regularmente no jornal. A valorização dos produtores locais de conteúdo, bom relacionamento entre poder público e imprensa e livre atuação dos veículos de comunicação foram alguns dos assuntos destacados no 26º Congresso Paranaense de Rádio e TV, realizado no final de novembro em Foz do Iguaçu, juntamente com o Fórum Nacional das Secretarias Estaduais de Comunicação. Segundo o Ratinho Jr., governador do Paraná, entre as estratégicas do governo paranaense para a comunicação pública está a valorização dos veículos de todos os portes, com um contato direto por meio da Secretaria da Comunicação: “Ao longo do tempo, as secretarias estaduais de Comunicação ficavam muito presas aos maiores veículos de rádio, TV e aos grandes jornais e não tinham uma relação com a mídia local, que têm uma relevância muito grande para a população por falar sobre a realidade das cidades. Uma das nossas metas é essa valorização da imprensa local”. O 3º Fórum Nacional de Comunicação contou com representantes de 22 estados e do Distrito Federal. Transparência da gestão dos recursos públicos, comunicação no ambiente digital e combate às fake news dominaram os debates. A próxima edição do evento está agendada para 7 e 8 de março de 2024, no Pará. Jornal da USP: o desafio da divulgação científica na maior universidade pública do País Valorização dos produtores locais de conteúdo é destaque no Paraná “O olhar comunicacional para o outro, para a linguagem, para os riscos, e, principalmente, para o contexto social é importantíssimo na construção de uma comunicação que de fato atenda ao interesse público, respeitando e restaurando a confiança da sociedade nas instituições”. É assim que Julia Machado, coordenadora do recém-criado comitê temático de Cidades e diretora-adjunta da Regional da ABCPública no Rio Grande do Sul, define quais são os pilares que devem nortear o bom trabalho no campo da gestão pública da comunicação social. Jornalista pela UFRGS e mestranda em Comunicação Social pela PUCRS, Julia é especialista em prevenção e gestão de crises de imagem. Tem mais de 15 anos de experiência na comunicação pública, política e governamental, também com passagens pelo mercado de comunicação corporativa. Ah sim, a coordenadora de Cidades também é uma magistral cantora de fado. O outro comitê é o de Inteligência Artificial (IA), coordenado por Murilo Hildebrand de Abreu. Já com vinte associados, Abreu reforça o convite para outros participantes. Formado em jornalismo pela Unesp, em 1999, atuou em órgãos públicos de São Paulo, Minas Gerais e Pará. Tem MBA em Jornalismo Digital e atualmente trabalha na Coordenadoria de Inovação e Tecnologia em Comunicação no Sistema Nacional de Comunicação Social do Ministério Público Federal. ABCPública cria dois comitês temáticos: Cidades e o de Inteligência Artificial Julia Machado Murilo Hildebrand de Abreu
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