Jornalistas&Cia 1445

Edição 1.445 página 10 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. O mercado de rádio nos Estados Unidos está agitado com a entrada da Audacy, uma das maiores empresas do setor, no Capítulo 11, que é uma seção do Código de Falências dos Estados Unidos que fornece um procedimento específico para reorganização financeira de empresas que estão enfrentando dificuldades, permitindo que elas possam continuar suas operações enquanto elaboram um plano para reestruturação e pagamento de dívidas. Audacy é uma empresa de mídia que opera predominantemente na indústria de rádio e mídia digital. Seu foco principal envolve a produção, distribuição e monetização de conteúdo de áudio, incluindo programas de rádio tradicional, podcasts e serviços de streaming, e a comercialização de publicidade digital. Nos últimos anos, a empresa posicionou-se estrategicamente na vanguarda do cenário digital, desde a melhoria de seu aplicativo de streaming até o investimento de dezenas de milhões em podcasting. À medida que a empresa trabalha para finalizar sua reestruturação para evitar a falência nos próximos meses, espera-se que o foco em empreendimentos digitais se fortaleça. Um elemento chave dessa estratégia envolve o lançamento planejado de um serviço de streaming por assinatura, em que a empresa prevê receitas potenciais de até US$ 20 milhões até 2027. De acordo com o plano de negócios mais recente da empresa, antecipa a persistente erosão da escuta over-the-air, semelhante a outros meios de comunicação tradicionais, à medida que os hábitos dos consumidores se voltam para dispositivos digitais. O plano delineia a “evolução estratégica” liderada pelo CEO David Field. Antes confidencial, o plano lança luz sobre os esforços da Audacy para acelerar sua presença no mercado de áudio digital. Isso inclui aproveitar parcerias, como com a TuneIn, para distribuir conteúdo de transmissão e podcasts para audiências de streaming. Simultaneamente, a Audacy utiliza seus recursos de vendas e tecnologia de publicidade para vender anúncios não apenas para suas próprias transmissões, mas também para outras emissoras. Essa abordagem tanto assegura uma fatia do mercado publicitário como facilita o envolvimento com profissionais de marketing em busca de inventário digital. Em outro ponto ela está prestes a aprimorar sua plataforma de streaming, incorporando novos recursos de vendas de anúncios programáticos. O documento de 31 páginas entregue ao judiciário norte-americano destaca a crença da Audacy de que sua experiência interativa e personalizada de rádio permitirá capitalizar seu conteúdo exclusivo, aumentando o engajamento do ouvinte. A empresa enxerga oportunidades de vendas adicionais aos ouvintes por meio da distribuição digital de seu conteúdo no ar, oferecendo opções como streaming de música por assinatura. Com a adição de recursos digitais, a empresa projeta um aumento em sua participação na receita total de anúncios em streaming de Estratégia digital está no centro das ações da reestruturação da Audacy 1,4% em 2023 para 2,0% em 2027, coincidindo com a previsão de expansão anual de 16% no mercado de anúncios em streaming. Apesar das margens de lucro historicamente inferiores no streaming em comparação com a transmissão, a Audacy espera expandir as margens digitais de 16% em 2021 para cerca de 40% até 2027 à medida que o negócio digital cresce. O plano de negócios também se baseia na expectativa de um fortalecimento do mercado publicitário de rádio em 2024. No entanto, mesmo com um mercado publicitário em melhoria, a Audacy espera um terço a menos de receita em comparação com 2019, devido ao impacto da pandemia e à subsequente desaceleração nos gastos com publicidade desde o final de 2022. Em 2019, antes da pandemia, tinha uma receita anual de US$ 1,49 bilhão. Apesar de elaborado antes do pedido de recuperação, o plano de negócios deposita confiança no crescimento adicional do negócio de podcasting da Audacy. A empresa projeta que seu negócio crescerá a uma taxa anual de 25% até 2027, com melhorias nas margens de lucro. A execução do plano digital pode depender da direção escolhida pelos acionistas controladores da empresa. Como parte de um acordo com credores, a Audacy apresentou um pedido de recuperação em 7 de janeiro, reduzindo sua dívida pendente de US$ 1,9 bilhão para US$ 350 milhões. “Nos últimos anos, transformamos estrategicamente a Audacy em uma empresa líder e em escala de conteúdo de áudio e entretenimento multiplataforma”, afirmou o CEO David Field ao apresentar o plano de reestruturação. “Com nossa posição de liderança ampliada, nosso conteúdo de áudio premium exclusivo e diferenciado e uma estrutura de capital robusta, acreditamos que a Audacy ficará mais bem posicionada para continuar inovando e crescendo no negócio dinâmico de áudio”. Mas nunca se sabe se os planos serão viáveis. Isso, apenas o mercado e o tempo poderão confirmar. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

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