Jornalistas&Cia 1456

Edição 1.455 página 39 Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO No Brasil, além de Bernardo Guimarães, outros poetas e romancistas abordaram explicitamente a linguagem pornográfica em livros e folhetos. Muitas dessas publicações não eram assinadas e eram vendidas às escondidas, anonimamente. Essas publicações, na maioria, traziam a indicação: “Leitura para homens”. No artigo Erotismo & Pornografia na Arte: Uma História Mal Contada, assinado pelo professor da Universidade Federal do Pará Afonso Medeiros, lê-se que: A simples menção da palavra “pornografia” acarreta estranhamento e, no campo das artes visuais, resume-se tudo ao termo “erotismo”. No tratamento do tema persiste a ideia de que basta uma inversão de sentido dos signos (entre pornografia e erotismo) para se resolver a questão. E, no entanto, a pornografia é, ao mesmo tempo, ascendência e descendência do erotismo na medida em que a existência de ambos é inextricável e essencialmente interdependente. Em outros termos, não existe erotismo sem pornografia e vice-versa. Houve um jornalista e escritor português muito conhecido no Brasil, chamado Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910), que usava pseudônimos nos seus livros e folhetos de cunho pornográfico: Rabelais e Condessa de Til, por exemplo. Como Rabelais, sobrenome do grande escritor francês, publicou Volúpias: 14 Contos Galantes, Lascivos, Libertinos e por aí vai. Como Condessa de Til, Alfredo Gallis pôs à praça O Que as Noivas Devem Saber! Livro de Filosofia Prática. Com seu próprio nome, Alfredo publicou dois livrecos que deram muito o que falar no seu tempo: A Amante de Jesus e As 12 Mulheres de Adão. Críticos da época não economizavam adjetivos para esculhambá-lo. Noutra ocasião eu perguntei, mas não custa perguntar de novo: pornografia é arte? Palavras como pornografia e licenciosidade são palavras praticamente novas na boca do povo mundo afora. Licenciosidade na cultura popular (LIV) Um pintor renascentista pintando uma modelo pelada, não é pornografia. E fotógrafo de hoje, fotografando modelos peladas, hein? Assim dito, simplesmente, não é pornografia. Pornografia são a imagem e o texto feitos especialmente para provocar excitação sexual. Veja o que diz o verbete do Dicionário Houaiss: Pornografia (1899 cf. CF1) substantivo feminino 1. estudo da prostituição 2. coleção de pinturas ou gravuras obscenas 3. característica do que fere o pudor (numa publicação, num filme etc.); obscenidade, indecência, licenciosidade 4. qualquer coisa feita com o intuito de ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como atrativo (p.ex., revistas, fotografias, filmes etc.) ‹vende pornografias› ‹fica vendo p. pela televisão› tb. se diz apenas pornô 5. (1899) violação ao pudor, ao recato, à reserva, socialmente exigidos em matéria sexual; indecência, libertinagem, imoralidade O jornalista e humorista Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, nasceu no Rio Grande do Sul em 1895 e morreu no Rio. Fez muita gente rir com suas tiradas bem-humoradas. Tiradas essas que irritaram profundamente os agentes da ditadura militar. Foi vereador. Preso certa vez, e depois de muito apanhar, escreveu numa tabuleta que pôs presa na porta do seu escritório. Nela lia-se: “Entre sem bater”. Vejam só de que o Barão era capaz: Na França, pescoço é cou (como anda tudo a esmo!) No Japão, Ku é ministro, No Brasil cu é cu mesmo… Essa pérola se acha no livro Antologia da Poesia Erótica Brasileira, organizado por Eliane Robert Moraes. Torelly e seu personagem morreram em novembro de 1971. Fotos e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora Alfredo Gallis Barão de Itararé

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