Jornalistas&Cia 1459

Edição 1.459 página 18 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO A paulistana Lygia Fagundes Telles, de formação na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, partiu pra eternidade depois de viver 103 anos. Deixou uma obra literária invejável. Seu primeiro romance foi Ciranda de Pedra, publicado em 1954, quando a capital paulista completava 400 anos de fundação. O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada. Ciranda de Pedra provocou espanto e polêmica entre intelectuais, especialmente porque a autora abordava questões como loucura, infidelidade conjugal e homossexualidade feminina. Grosso modo, a Ciranda de Lygia trata de um casal com três filhas que se separa. A mais nova, Virgínia, escolhe continuar a vida só, ao lado da mãe. As outras duas meninas, Bruna e Otávia, passam a viver com o pai. A relação é tensa. E mais não conto. A homossexualidade também aparece nas páginas de As Meninas, romance que Lygia teve publicado em 1973. O enredo se desenvolve em torno da estudante de Direito Lorena, da estudante de Psicologia Ana Clara e da ativista política Lia, estudante de Ciências Sociais. O livro traz a descrição chocante de uma sessão de tortura. Ele, porém, não foi censurado, certamente porque o censor incumbido de tal tarefa só foi até à página 40 e depois saiu correndo pra encher a cara num boteco. Pois é. Pois, pois... O tema homossexualidade feminina/masculina data de priscas eras, como diria o poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914). Está nos compêndios de história. A Grécia era pródiga nessa atividade, comum até hoje, seja onde for. Você já ouviu falar em Safo? Safo viveu na Antiguidade, entre os anos de 630 e 570 a.C. Era muito conhecida e admirada. Fazia poemas de amor e tal. Nasceu na ilha grega de Lesbos. Daí a expressão lésbica. Safo também gerou a palavra sáfica, direcionada às mulheres que sentem atração por outras mulheres, mas não exclusivamente. Quem nasce na ilha de Lesbos, hoje com uma população estimada em 90 mil pessoas, é lésbio ou lésbia. Ali pelo século 2 d.C existiu um imperador romano de nome Adriano. Adriano era casado com a jovem Víbia. Mas ele não gostava, digamos, da fruta. Seu desejo recaía sobre parrudos e potentes mancebos. E aí apaixonou-se por um dos seus escravos, Antínoo. Não foram felizes para sempre porque Antínoo morreu antes, afogado num rio. Mas muitos outros países deitaram e rolaram no campo sexual. A França deu ao mundo grandes poetas e romancistas, atores, atrizes. Verlaine e Rimbaud, por exemplo, marcaram época como poetas e amantes. Brigavam muito, indo aos tapas. O caso entre eles por pouco não terminou em tragédia. Em 1873, Verlaine sacou o revólver e meteu bala em Rimbaud. Três anos antes Verlaine casara-se com uma adolescente de 15 ou 16 anos. Seu nome: Mathilde Mauté de Fleurville. Ela descobriu o relacionamento paralelo com Rimbaud e separou-se dele. Essa é mais uma história enrolada no mundo da literatura. a gente viu que era a Williams, nem esperamos o lanche chegar. O café com leite? Nada, nada, nada. A gente voltou correndo porque sabia que ali ia ter um dia diferente. A partir daí não paramos mais. Para mim, foi um dia que começou às 4h30 e só terminou à meia noite. Porque primeiro a gente estava exausto e segundo porque tinha o detalhe do metrô. O metrô ia encerrar à meia-noite. Ele encerrava e eu tinha que ir embora, senão ia ficar ainda mais a madrugada de segunda e sei lá o que mais pela frente. É intenso, né? A gente, como base, consegue ter maior controle emocional, porque, afinal de contas, não estamos na linha de frente. A minha função ali era tentar os contatos, colocar correspondentes no ar, ligar para comentaristas, médicos e ex-pilotos. A gente nessa hora abre a agenda e começa a ligar. Acontece que toda a imprensa também estava atrás desses caras. Então era uma corrida para você ver quem você colocava no ar. E assim que a pessoa atendia o telefone, na hora avisava: tá na linha, pega. Foi assim quase que todo o dia.” (Continua na próxima edição) Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. Licenciosidade na cultura popular (LVII) Lygia Fagundes Telles Safo Paul Verlaine Rimbaud

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