Edição 1.459 página 3 n A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou em 24/4 o Monitor de Assédio Judicial contra Jornalistas no Brasil. O relatório busca sistematizar ações judiciais abusivas, usadas para intimidar, perseguir e calar jornalistas. O lançamento foi realizado durante um evento na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. u O relatório define assédio judicial como “o uso de medidas judiciais de efeitos intimidatórios contra o jornalista, em reação desproporcional à atuação jornalística lícita sobre temas de interesse público”. O fenômeno decorre de processos movidos por pessoa física ou jurídica que exploram a desigualdade de poderes para impor consequências judiciais intimidatórias à vítima. u É ressaltado que a ação judicial deve ser visivelmente infundada ou que os meios processuais utilizados sejam abusivos, gerando exaustão e prejuízo no exercício do direito de defesa da vítima. u O estudo registrou, classificou e analisou casos desde 2008 até março de 2024, levando em consideração os poderes envolvidos, os tipos de assédio, o conteúdo das publicações-alvo e os resultados dos processos. Os dados foram obtidos pelo registro de casos notórios, denúncias compartilhadas por profissionais e organizações, assim como pela extração de processos por meio do acervo de jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo. u As informações foram coletadas e analisadas por uma equipe sob o comando de Letícia Kleim, coordenadora jurídica da Abraji. O material foi disponibilizado ao público nos idiomas português, inglês e espanhol. Acesse o relatório aqui. Abraji lança Monitor de Assédio Judicial Nacionais n Carlos Leonam morreu no Rio de Janeiro em 25/4, aos 84 anos. Ele havia sido internado na Casa de Saúde São José em 13/4, devido a uma pneumonia bacteriana. O velório foi no sábado (27/4), na sede da ABI, e o enterro, em seguida, no cemitério São João Batista. A missa de sétimo dia, nesta quarta-feira (1º/5), realizada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Deixou três filhos e dois netos. u Mais do que jornalista, colunista e fotógrafo, Leonam foi um dos protagonistas da cena carioca nos anos 1960. Nascido no Catete, experimentou outros bairros, mas fixou-se em Ipanema desde 1990, onde já estivera por dez anos no final dos anos 1960, e de lá não mais saiu. u Trabalhou como repórter nas revistas O Cruzeiro e Veja, e nos jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil. Mas foi no Globo que se tornou mais conhecido como jornalista: assinou por dez anos, até 1984, a coluna Carlos Swann. No Jornal do Brasil, no Caderno B, respondeu pela página Carioca (Quase Sempre), antecipando o estilo editorial de O Pasquim. Também escreveu para a revista CartaCapital. u Foi ainda fotógrafo, cineasta e publicitário. Como fotógrafo, recebeu um Prêmio Esso com a imagem do astronauta russo Yuri Gagarin no Alto da Boa Vista. Criou a capa do disco Construção, de Chico Buarque, e colaborou na direção, roteiro e elenco de cinco filmes. Publicou o livro Os degraus de Ipanema, uma seleção de seus textos em jornais e revistas entre 1960 e 1990. u Como editor executivo do cinejornal Canal 100, esteve no dia a dia dos brasileiros. Só os da antiga vão se lembrar que os cinemas, antes dos filmes, até os anos 1970, mostravam os melhores lances do futebol ao som de Na cadência do samba (Que bonito é...). O adeus a Leonam, que reinventou o pôr do sol de Ipanema e mudou a marca da Petrobras Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro Leila Diniz Carlos Leonam Carlos Leonam Marizilda Cruppe Marca na comunicação empresarial u Após se afastar da mídia impressa, nos anos 1990, Leonam trabalhou na comunicação da Petrobras. E lá, como conta Marcio Ehrlich, participou da mudança da marca, que passou a não ter o acento agudo, como havia inicialmente em Petrobrás. u Convencido de que marca não deve ter acentuação, até por causa de suas operações no mercado internacional, Leonam conduziu estudos com empresas de design até convencer, em 1994, toda a diretoria da estatal, inclusive o próprio presidente da época, Joel Rennó, a bancar a simplificação. Personagem do folclore u No verão de 1968 para 1969, conta Zuenir Ventura, diante de um belo pôr do sol, Leonam convocou um grupo que estava em Ipanema, na altura do Posto 9, com a frase: “Essa tarde merece uma salva de palmas!”. Os amigos, entre eles Glauber Rocha, Jô Soares e João Saldanha, responderam ao convite. E até hoje, no mesmo lugar, todos os dias, por volta das 19h30, jovens que não tinham nascido naquela época mantêm a tradição. u Ventura conta ainda que a expressão “esquerda festiva” foi cunhada por Leonam, em 1963. Edney Silvestre disse dele que, “nas colunas sociais, Leonam foi o inventor de ‘socialites’ e o maior propagador do mito de Ipanema”. Joaquim Ferreira dos Santos atribui a ele a origem da expressão “estar na fossa” como sinônimo de depressão. u Torcedor do Fluminense, foi um dos criadores da torcida Jovem Flu, ao lado de Nelson Motta, Chico Buarque e do ator Hugo Carvana.
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