Jornalistas&Cia 1475

Edição 1.475 página 4 conitnuação - Últimas Eu e Wilson Baroncelli, que aqui no J&Cia é há muitos anos editor executivo e segura o rojão, estávamos em início de carreira numa aventura editorial da Editora Abril chamada TV Guia, a versão abrasileirada da TV Guide americana. Éramos repórteres estagiários, coisa rara naquela época, responsáveis por conseguir com as emissoras de televisão a antecipação estratégica das atrações que exibiriam ao longo das duas semanas seguintes. Com isso, a revista conseguiria ser fechada com um tempo razoável de antecedência, sem perder a atualidade. Eu e ele também tínhamos frequentado por um período a redação de Placar, no meu caso não como jornalista, mas como datilógrafo, ajudando a fechar o Tabelão, que tinha como chefe Luiz Antonio Nascimento, que por muitos e muitos anos viria a ser diretor do Fantástico da Globo. Baron, como chamamos Baroncelli, havia também estagiado em outras redações da Abril, mas ali, na TV Guia, nós dois e mais alguns colegas tínhamos responsabilidade com o caderno de Programação, que, como miolo e em papel jornal, recheava as reportagens principais da revista, publicadas em papel couchê. Baron cobria as TVs Globo e Cultura, e eu a TV Record e os Estúdios Silvio Santos, então na Vila Guilherme. Nossa chefe direta era a carioca Sonia Beatriz, que, pela voz encorpada, era chamada de Sonia Trovão. A parte esse grupo de estagiários, a redação era estrelada e tinha, entre outros, nomes como Caco Barcellos, Audálio Dantas, Woile Guimarães, Dante Matiussi, Carlos Morais, Fernando Morgado, Orlando Fassoni, Ricardo Carvalho, Ricardo Vespucci, Narciso James, Vera Dantas, Olga Vasone e Luiz Laerte Fontes, que foi o meu anjo da guarda para entrar na profissão. Na minha saga semanal, ficava de segunda a quinta circulando pelas emissoras, andando de produção em produção atrás da programação e de novidades. Entrevistei nomes como Nathália Timberg e Jardel Filho, conversei regularmente com Nilton Travesso e Durval de Souza, conheci Ghiaroni, todos profissionais consagrados da televisão e, exceção a Travesso, então na Record, todos trabalhando para o Patrão. Em determinada semana, lá fui eu acompanhar a gravação de um dos quadros do Programa Silvio Santos (nem lembro qual), no teatro-estúdio alugado da Rua Cotoxó, no bairro da PomPor Eduardo Ribeiro, diretor deste J&Cia Até hoje não tenho certeza se fiz ou não o jogo dele péia. Gravação iniciada e Silvio no comando, deu mal quando, por causa do burburinho continuado, ele irritadíssimo mandou parar tudo, ordenando que o palco fosse esvaziado e que só ficasse ali a equipe técnica envolvida diretamente na gravação. Foi um esporro geral e um silêncio sepulcral. Quietinho, num canto, encostado numa das colunas do teatro, me fiz de morto e fiquei. Suando frio, mas fiquei. Ou ele não percebeu a minha presença ali ou fingiu não me ter visto e tocou a gravação. O detalhe, como comentou ali com o pessoal mais próximo, é que a atração não estava de seu agrado e iria pensar se a colocaria ou não no ar. Bem, o fato é que saí de lá com uma notinha de bastidor bem saborosa para a revista, e, claro, mandei brasa, passei para a nossa chefe e ela foi publicada. Pouco tempo depois, de volta à Vila Guilherme, comentei o ocorrido com alguns colegas mais próximos da produção, até certo ponto me gabando do feito. Aí, um deles fez cair a ficha: “Você acha mesmo que ele não sabia que você era repórter? Ele te usou. Queria que o assunto saísse publicado para justificar ainda mais a decisão de acabar com a atração!” Não fui conferir, claro, mas fiquei com a nítida sensação de que, de fato, entrei de gaiato na conversa dele.

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