Jornalistas&Cia 1486

Edição 1.486 - 6 a 13 de novembro de 2024 O adeus a Evandro Teixeira O repórter fotográfico Evandro Teixeira morreu nessa segunda-feira (4/11), aos 88 anos, no Rio. Seus registros de eventos marcantes da história brasileira e mundial incluem as manifestações do movimento estudantil no Rio de Janeiro e a repressão em 1968, o golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile, em 1973, e a comoção popular com a morte do poeta Pablo Neruda. Pág. 16 J&Cia Livros: Luciana Barreto e a luta contra ataques digitais No Mês da Consciência Negra, coluna J&Cia Livros entrevista Luciana Barreto, autora de Discursos de ódio contra negros nas redes sociais. Pág. 40 Andre Arruda/Evandro Teixeira/Acervo IMS

Edição 1.486 - pág. 2 Últimas n Foram homenageados na noite dessa segunda-feira (4/11) os jornalistas e veículos vencedores do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar 2024, iniciativa promovida pelo Hospital Israelita Albert Einstein com o apoio deste Jornalistas&Cia. Claudia Collucci, da Folha de S.Paulo, foi eleita a +Admirada Jornalista de Saúde, Ciência e Bem-Estar 2024. u É a segunda vez que ela leva o título, pois foi eleita a +Admirada Jornalista do setor em 2022. E tanto no ano passado como em 2021 ficou em segundo lugar nos TOP 5 +Admirados Jornalistas. Em segundo lugar entre os TOP 5 +Admirados Jornalistas ficou Luiza Caires, do Jornal da USP, que também foi eleita a +Admirada Jornalista da Região Sudeste e, pela segunda vez seguida, a +Admirada Jornalista Especializada em Ciência. Completam os TOP 5, pela ordem, Érica Montenegro, do Metrópoles, que já esteve entre os TOP 25 em edições anteriores; André Biernath, da BBC News, eleito o +Admirado Jornalista de 2021; e Chloé Pinheiro, de Veja Saúde/Ciência Suja, também já conhecida da premiação. u A cerimônia revelou ainda o vencedor do prêmio de +Admirado Colunista, os +Admirados Jornalistas em cada uma das regiões do País, e os veículos vencedores das sete categorias temáticas. Confira a lista completa no Portal dos Jornalistas. Claudia Collucci é a +Admirada Jornalista da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar 2024 Claudia Collucci n Depois de uma greve que paralisou o Jornalismo da EBC por 12 dias, inclusive no primeiro turno das eleições, os profissionais da empresa pública conquistaram isonomia salarial para os cargos de nível superior na proposta para um novo Plano de Cargos e Remunerações (PCR). A empresa oficializou a unificação das tabelas salariais entre empregados de nível superior em reunião realizada com os sindicatos nessa segundafeira (4/11). n Com a conquista, os pisos de todas as carreiras de nível superior estão fixados em R$ 7.200 e os tetos, em R$ 25 mil, respeitando as jornadas específicas de cada profissão. Para que a proposta se concretize, ela ainda precisa passar pela SEST/MGI, em um processo que, segundo a direção da EBC, ainda deve levar cerca de quatro meses, sendo que a última etapa será a aprovação do orçamento. (Saiba+) Jornalistas da EBC conquistam isonomia salarial

Há quatro anos, lançamos o MediaTalks com o propósito de compartilhar ideias capazes de contribuir para um debate informado sobre o papel das diversas mídias — da imprensa tradicional às redes sociais — buscando ajudar na construção de um ecossistema de informação vibrante e transformador. Sob essa perspectiva, também temos explorado as percepções públicas e a representação de temas vitais para um mundo melhor, como a diversidade e as mudanças climáticas, a confiança nas marcas e corporações e o valor dos princípios ESG. Hoje celebramos esse marco com uma edição especial sobre os temas debatidos na Trust Conference 2024, um dos mais importantes fóruns globais sobre confiança, promovido em outubro pela The Thomson Reuters Foundation em Londres, onde está nossa base editorial. A inteligência artificial emergiu como um dos maiores desafios para a confiança e sustentabilidade do jornalismo e das instituições, dominando os debates. Confira nas próximas páginas uma edição compacta do Especial E veja em MediaTalks a revista completa, com 30 páginas, e o canal dedicado aos temas debatidos na Trust Conference ESPECIAL O DESAFIO DA CONFIANÇA NA ERA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA Parceiro de conteúdo Foto: Divulgação Thomson Reuters Foundation LUCIANA GURGEL EDUARDO RIBEIRO Editora-chefe MediaTalks, Londres Publisher Jornalistas&Cia, São Paulo Adoção e uso responsável, transparência e governança global da IA foram alguns dos temas analisados por especialistas que estão na linha de frente da defesa da confiança no jornalismo e em instituições públicas e privadas. Além dos desafios da IA, a Trust Conference abordou questões cruciais como a sustentabilidade do jornalismo, o efeito da polarização e da desinformação sobre a democracia, as velhas e novas ameaças à liberdade de imprensa e o futuro do ESG. O debate sobre o ESG foi otimista, destacando seu papel relevante como guia para empresas e líderes comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Em tempos de crises globais e mudanças rápidas, o compromisso com a verdade e a transparência são fundamentais não apenas para a sustentabilidade da mídia, mas também para a construção de um futuro mais justo e informado, uma missão que continua nos inspirando no MediaTalks. Reportagem e edição: Luciana Gurgel e Aldo De Luca

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A inteligência artificial é claramente o novo campo de batalha pela confiança, provocando ansiedade mas também prometendo avanços e novas oportunidades" Antonio Zappulla falando na Trust Conference (Foto: divulgação TRF) Zappulla tem preocupações com as implicações da IA, mas não está entre os que só veem nuvens negras no horizonte. Ao mesmo tempo em que enfatiza a necessidade de regras para que erros do passado na relação entre a indústria de notícias e as Big Techs não se repitam, destaca os aspectos promissores da inteligência artificial. O CEO da Thomson Reuters Foundation salientou o impacto potencial da tecnologia que, apesar de ainda ser pouco compreendida pelo público, já está afetando a democracia global e os negócios, com previsão de acrescentar quase US$ 16 trilhões à economia mundial até 2030. Ele ressaltou questionamentos sobre precisão e segurança de dados, especialmente em modelos de IA usados ​para prevenir criminalidade, que, segundo ONGs de privacidade, podem reforçar discriminações. E alertou que sistemas de IA que perpetuam desigualdades e violam os direitos humanos precisam de regulamentação urgente, dado o avanço rápido dessa tecnologia. Antonio Zappulla enfatizou ainda a importância da transparência sobre o uso da IA ​em redações, onde o conteúdo gerado deve seguir padrões de ética e confiança. Antonio Zappulla, CEO da Thomson Reuters Foundation destacou na Trust Conference os riscos e oportunidades da IA e seu impacto potencial sobre a confiança no jornalismo, nas instituições, na democracia e nas marcas. "Sabemos que não é suficiente acompanhar o desenvolvimento da IA – precisamos estar um passo à frente quando se trata de regulamentação e adoção ética, se quisermos aproveitar suas oportunidades, em vez de exacerbar os danos potenciais. Isso requer cooperação e colaboração entre os setores público e privado e garantia de pluralidade de vozes, não apenas com assento à mesa, mas sendo ouvidas", disse Zappulla ao MediaTalks. O jornalista foi o arquiteto do encontro que reuniu mais de 600 participantes de 45 países para um mergulho em temas interconectados e que levam a um destino: a democracia saudável, que é boa para as pessoas e para os negócios. Este é um momento histórico, pois estamos testemunhando um rápido progresso tecnológico, mas também um claro declínio democrático. Em todo o mundo, vemos como a disseminação da IA, o uso da lei como arma para silenciar críticos, o aumento da polarização política, a perseguição à imprensa, a desinformação e a subversão de modelos de negócios estão convergindo para impactar a confiança no jornalismo.” Ele defende a importância das práticas corporativas responsáveis para o bem social e para a confiança, não importa o rótulo que se dê a isso. Aconteça o que acontecer com a terminologia ESG, vejo grande potencial para a mídia e as corporações reforçarem uma estrutura para práticas empresariais responsáveis." Antonio Zappulla | CEO Thomson Reuters Foundation Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

Na mesma semana em que repercutia globalmente o manifesto assinado por mais de 10 mil artistas e profissionais da indústria criativa, entre eles celebridades como Julianne Moore, reclamando do uso não licenciado de seu trabalho pelas empresas de inteligência artificial, o pagamento pelo conteúdo capturado para treinar os modelos de linguagem foi debatido na Trust Conference. As discussões giraram em torno da importância de regulamentar as empresas de tecnologia e suas ferramentas de IA, caminho defendido pelas principais organizações de jornalismo e por entidades como a Unesco. Um dos painéis teve a participação de Kara Swisher, editora da New York Magazine, uma das vozes mais respeitadas - e temidas - do jornalismo de tecnologia. Antes de subir ao palco com os óculos escuros que são sua marca registrada, ela foi apresentada como "força da natureza". Com base em sua longa trajetória acompanhando os passos da indústria, Kara Swisher acusou as empresas de tecnologia digital de historicamente atuarem como "shoplifters" (ladrões de loja). Eu sempre os vi como ladrões de informações. É o que eles são, 'ladrões de lojas'. E continuarão a fazer isso com a IA, com todo o resto, até que tenham sugado tudo. O seu motor é o lucro." Poucos no mundo da mídia têm autoridade para uma declaração tão contundente. Swisher, de 61 anos, cobre a internet desde 1994 e em 2023 foi retratada em um episódio de Os Simpsons como repórter do Vale do Silício. A jornalista é autora de livros sobre as Big Techs e de um podcast que ocupa o quinto lugar em audiência no mundo. Ela não economizou críticas a líderes das plataforma a respeito ao uso de conteúdo protegido por direitos autorais e moderação de discurso de ódio, citando entrevistas que fez com Larry Page, então CEO do Google, e com Mark Zuckerberg, CEO da Meta. Swisher disse que as Big Techs são movidas por interesses capitalistas e que a responsabilidade por controlá-las deve recair nos reguladores. Apesar da desigualdade de forças, a jornalista americana considera que ainda dá para lutar. E confia no poder do jornalismo. Ela destaca que, embora essas empresas acumulem poder imenso, o papel da imprensa é continuar a expor suas ações e pressionar por regulamentações adequadas, mesmo sem a simpatia dessas corporações. O que temos que fazer é continuar a criar, falar, fazer reportagens incríveis, continuar pressionando contra esse poder." Kara Swisher | Jornalista de tecnologia e editora da New York Magazine Kara Swisher falando na Trust Conference( Foto: divulgação TRF Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

Maria Ressa falando na Trust Conference (Foto: divulgação TRF) Dá para desistir das redes sociais atuais? Tecnologias deliberativas podem ser o caminho para conversas reais sem lucro e sem ódio A jornalista filipina Maria Ressa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2021, está convicta de que não é uma utopia parar de esperar “que as Big Techs finalmente cumpram suas promessas de que se autorregularão” e desistir das redes sociais controladas pelas grandes plataformas de mídia digital. Co-fundadora e editora do site de notícias Rappler, ela deposita esperanças na construção de ‘tecnologias deliberativas’ – um conjunto de ferramentas digitais capaz de permitir que os usuários conversem uns com os outros a partir de seus interesses, sem terem seus dados vendidos ou serem expostos a discurso de ódio e desinformação. O aplicativo Rappler Communities, baseado nesse conceito, foi lançado em dezembro de 2023, construído no protocolo de código aberto Matrix. Ressa espera que até as eleições de 2025 nas Filipinas as ferramentas estejam em um nível que permita que "pessoas reais tenham conversas reais, sem manipulação para obtenção de lucro" Exemplo de coragem por sua luta para resistir a uma avalanche de processos judiciais movidos durante o governo do expresidente Rodrigo Duterte, que chegaram a levá-la para a prisão, a jornalista é uma das críticas mais eloquentes da influência das redes sociais na sociedade, sobretudo na política. Conversando com o MediaTalks antes de subir ao palco da Trust Conference, ela quis saber como estava a situação no Brasil após a mudança de governo. E comentou que o problema de desertos de notícias no Brasil é semelhante ao que acontece em seu país. Maria Ressa | Jornalista Prêmio Nobel da Paz 2021 Ressa abriu sua participação no evento respondendo a uma pergunta provocativa: se achava que a democracia estava à beira de um precipício, como havia previsto há dois anos. Ela respondeu que sim – mas com um toque de otimismo: A situação está ainda pior do que há dois anos. O ódio que circula nas mídias sociais virou tudo de cabeça para baixo. Mas se reconhecermos a situação, é possível fazer algo para mudar." Ressa disse que a desinformação busca travar o engajamento cívico, fazendo com que as pessoas duvidem dos fatos, criando desconfiança para que a sociedade não se mobilize. Mas o ponto alto foi sua crítica ao sistema atual, que estimula o pior jornalismo: Temos de competir num ambiente que recompensa o pior jornalismo, o que engaja mais, o que levou à febre do clickbait. Nesse cenário, esperar que os jornalistas resolvam o problema não é realista. Precisamos ganhar dinheiro, porque se não o fizermos, perdemos nossa independência. Mas como convencer os grandes investidores a investir em jornalismo? Porque se o jornalismo morre, a democracia morre." Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

Richard Gingras durante a Trust Conference (Foto: divulgação TRF) IA deve elevar o jornalismo a novos patamares’ Richard Gingras | News at Google Envolvido com mídia digital desde 1980 ou, como disse uma vez, "desde os dias dos modems movidos a vapor", Richard Gingras compartilhou algumas de suas ideias na Trust Conference 2024. Ele acredita que a crise de confiança no jornalismo vem se desenrolando nos últimos 50 anos, e acha que a IA pode ajudar a virar esse jogo. Vivemos em um mundo altamente dividido. Temos mídias hiperpartidárias. Como podemos construir meios de comunicação e abordagens jornalísticas que ajudem a preencher essas lacunas? Como podemos usar a IA para ir além disso, para realmente dar um passo à frente?” Gingras apontou o risco de o jornalismo exacerbar sentimentos de divisão com notícias sem o devido contexto, que pode ser dado com o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial. Ele acredita que o público tende a perceber ameaças que não são reais, e que o jornalismo pode acabar contribuindo para isso ao reportar eventos sem contextualizar se é uma tendência perigosa ou não. Inteligência artificial nas redações e no negócio Gingras lembrou que ferramentas de machine learning já vêm sendo usadas em redações há anos, citando o exemplo do Pinpoint, que permite analisar grandes volumes de documentos, mas tem outros potenciais. O executivo do Google salientou que a IA generativa também oferece oportunidades na produção jornalística e para tornar o negócio mais sustentável, podendo ser usada em atividades para aumentar o engajamento e impulsionar assinaturas, por exemplo. Ferramentas podem ajudar o jornalista a dar esse contexto ou evitar o uso inconsciente de linguagem tendenciosa, de maneira a não deixar as pessoas tirarem conclusões erradas.” Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

O jornalista russo Roman Anin (Foto: divulgação TRF) e o canal iStories, que publica em inglês e russo Como a inteligência artificial está ajudando a expor as perdas russas na Guerra da Ucrânia IA no jornalismo investigativo O Kremlin dificilmente revelará o número real de soldados russos mortos na guerra da Ucrânia. Mas o russo Roman Anin, fundador e editor do site iStories está tentando fazer isso. Com a ajuda da IA. O objetivo é revelar ao mundo, e principalmente à população russa, o preço real, em número de vidas, que o país está pagando “pelo desejo expansionista de Vladimir Putin”, diz o jornalista, exilado após o início da guerra com a Ucrânia. Trata-se de um trabalho de jornalismo investigativo de enorme dificuldade, apresentado por Anin em um dos painéis da Trust Conference. Para mim, é o exemplo perfeito do uso da IA para tornar possível a investigação de um tema de interesse mundial, que não seria possível de outra forma.” Ferramenta para identificar as baixas nas redes Como não há, obviamente, dados oficiais disponíveis, Anin e sua equipe tiveram a ideia de pesquisar todas as menções a baixas militares no mundo digital russo, sejam elas avisos de missas, funerais, ou textos de despedida de familiares e amigos. A ideia era boa. No entanto, seria humanamente impossível, pois estamos falando de analisar milhões de postagens.” Mas tornou-se viável a partir do desenvolvimento de uma ferramenta de AI, que foi concluída às vésperas da Trust Conference. Anin, jornalista investigativo rotulado desde 2021 pelo governo de seu país como “agente estrangeiro”, já atuou no Novaya Gazeta, jornal do prêmio Nobel da Paz Dmitry Muratov, que fechou as portas após perseguição implacável do governo russo. Acesso ao banco de dados será público A ferramenta do iStories está varrendo textos e vídeos de plataformas de mídias sociais russas como VK, a mais popular do país, Odnoklassniki e Telegram, bem como fóruns regionais. Ela identifica as postagens que envolvem militares e as analisa para verificar se mencionam baixas ocorridas na guerra atual. Por fim, valida os nomes encontrados antes de incluí-los no banco de dados. É um projeto extremamente ambicioso, mas Anin está acostumado a desafios. Desde 2009 ele trabalha com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e participou da investigação do escândalo Panama Papers. Nunca conseguiríamos realizar essa investigação sobre os soldados mortos sem a ajuda da IA. Não há comparação com o que eu e meus colegas conseguiríamos fazer manualmente.” Anin ainda não sabe quando poderá divulgar o resultado dessa reportagem investigativa. Mas uma coisa ele já sabe: vai disponibilizar a qualquer cidadão interessado o banco de dados dos soldados russos sacrificados. Com todos os nomes e sobrenomes, devidamente verificados. Veja a revista completa com outros insights sobre usos da IA no jornalismo

IA na indústria de mídia Oportunidades para uns, futuro sombrio para outros Com a popularização do ChatGPT e das demais ferramentas que disputam esse mercado, o caminho é sem volta: goste-se ou não, tema-se ou não, a IA generativa vai continuar transformando a produção e o acesso a notícias. Um painel da Trust Conference discutiu como a integração cada vez maior da IA ao universo da mídia digital vai modificar a indústria de notícias. Esse futuro já chegou para muitos. A moderadora do painel, a pesquisadora Courtney Radsh, Diretora do Center for Journalism and Liberty, dos EUA, informou que 56% dos textos disponíveis na Internet já são gerados por IA. Um dos participantes do painel foi Rasmus Nielsen, que entre 2018 e setembro deste ano dirigiu o Reuters Institute for the Study of Journalism, na Universidade de Oxford, e hoje leciona no Departamento de Comunicação da Universidade de Copenhague. Ele fala com propriedade sobre o tema, por ser um dos coautores do Reuters Institute Digital News Report, que analisa anualmente a situação da indústria de notícias. Oportunidades para uns, riscos para outros Nielsen expressou preocupações sobre o impacto da IA ​ generativa no setor. Ele acredita que, à medida que a tecnologia se torne mais relevante para acesso a notícias, ela intensificará as pressões já existentes e reforçará a dinâmica em que algumas grandes organizações de notícias retêm um público privilegiado disposto a pagar, enquanto muitas outras ficam para trás na corrida por receita. Mais produção não significa mais receita O pesquisador alertou que usar a IA generativa para produzir mais conteúdo de baixo valor de forma barata não resolverá o problema central da indústria, que é a criação de valor. No entanto, ele reconhece o potencial da IA ​generativa para fornecer informações verdadeiras, personalizadas e sob medida, aumentando a percepção de valor. Testando os chatbots para acessar notícias Mas os desafios ainda são grandes. Nielsen relatou uma experiência de pedir a chatbots que fornecessem as cinco principais notícias de veículos selecionados. Alguns não conseguiram trazer as reportagens, possivelmente devido ao bloqueio automático ou por cautela. Mesmo quando o conteúdo foi fornecido, sua qualidade e precisão foram questionáveis. Certos conteúdos eram inexistentes ou falsos. Outros foram obtidos de veículos diferentes dos solicitados. Houve ainda resultados genéricos, difíceis de interpretar. No entanto, quando testados em questões factuais específicas relacionadas a eleições, os chatbots tiveram melhor desempenho, com cerca de 80% dos resultados corretos. Isso sugere que usar chatbots para consultas relacionadas a eleições, onde informações confiáveis ​de domínio público estão disponíveis, pode fornecer uma experiência mais satisfatória e útil para os cidadãos, em comparação com resultados de notícias genéricas. Courtney Radsh, Ginny Badanes, Graham Brookie e Rasmus Nielsen, em painel da Trust Conference (Foto: divulgação TRF) Veja a revista completa com outros insights sobre usos da IA no jornalismo

Mariagrazia Squicciarini, Mark Surman e Jennifer Bachus em painel da Trust Conference (Foto: divulgação TRF) Mark Surman, presidente da comunidade de software livre Mozilla, abriu sua participação em um painel da Trust Conference 2024 sobre governança global da inteligência artificial (IA) com duas perguntas para a plateia: "Quem acha que a internet é uma bagunça? E quem acha que ela deveria acabar?" Muitas mãos se ergueram após a primeira pergunta, e apenas uma depois da segunda, dando a Surman a deixa para fazer a analogia com a IA generativa: a falta atual de regras não pode levar à conclusão de que a sociedade deve abrir mão da tecnologia. Mas é preciso nivelar as regras do jogo, como apontou Mariagrazia Squicciarini, da Unesco, fazendo outra analogia: "Seria possível disputar um jogo de futebol entre duas seleções internacionais se as regras fossem diferentes em cada país?” Parece simples, mas não é. Quem faz as regras? Como fazer cumprir? Quem pune os infratores? Governança global da IA Essa bola está rolando de um lado para o outro desde pelo menos 2019, três anos antes do lançamento do ChatGPT. Mas a popularização da IA generativa, desencadeada pela ferramenta da Open AI, motivou outras empresas a se lançarem na corrida, tornando a governança global mais urgente e também mais complexa. O painel da Trust Conference sobre o tema reuniu três especialistas - Surman, Squicciarini e Jennifer Bachus, do Departamento de Estado dos EUA. Apesar de não apresentarem uma abordagem única, todos concordaram que já passou da hora de deixar as discussões teóricas e partir para a ação. Mas cada um tem um ponto de vista diferente sobre como a governança global da IA ser feita, por quem e para beneficiar a quem. Confira as opiniões na edição completa. Qual a melhor forma de implantar a governança global da IA? Três visões diversas mostram o tamanho da montanha a escalar Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

Staffan Lindberg (Foto: MediaTalks) O professor sueco Staffan Lindberg apresentou na Trust Conference estudos que evidenciam a forte relação entre a disseminação da desinformação, o crescimento da polarização e a erosão da democracia, num processo que se repete em diferentes países ao longo do tempo. Lindberg é uma das maiores autoridades no assunto. Ele é Diretor do V-Dem Institute, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que produz e analisa o maior conjunto global de dados sobre democracia, com mais de 31 milhões de informações sobre eleições de 202 países, desde 1789. Segundo Lindberg, o mundo nunca experimentou uma quantidade tão grande de países em processo de se tornarem autocracias, ou em erosão de suas democracias. O auge foi em 2022, quando eram 47 nessa situação, o maior número registrado desde 1900 pelo instituto. A tecnologia veio tornar mais eficiente a antiga estratégia de “dividir para conquistar”. O professor explica que a disseminação da desinformação é usada com o objetivo de polarizar o eleitorado e daí passar a controlá-lo. A desinformação é espalhada intencionalmente pelos aspirantes a ditadores, que sabem que ela funciona para atingir seus propósitos. Eles e suas equipes trabalham para multiplicar a desinformação e assim aumentar exponencialmente a polarização para níveis tóxicos. Isso leva a um estágio em que as pessoas começam a considerar como inimigos os que pensam politicamente de forma diferente. Inimigos de quem elas são e do que defendem.” Staffan Lindberg, diretor do V-Dem Institute A desinformação leva à polarização, que leva à erosão da democracia’ O mundo registra um aumento significativo de regimes autocráticos, com cerca de 71% da população global (5,7 bilhões de pessoas) vivendo sob autocracias. É o 15º ano consecutivo em que esse número supera o de pessoas vivendo em democracias. Em 2024, dos 34 países que realizaram eleições, 31 pioraram seus indicadores democráticos. A América Latina conta com 86% de sua população em democracias eleitorais e 4% em democracias liberais, mas também possui regimes autocráticos, como em Cuba, Nicarágua e Venezuela. A liberdade de expressão foi o indicador mais afetado no processo global de erosão da democracia nos últimos anos, tendo piorado em 35 países em 2023. O que diz o Relatório da Democracia Veja a matéria na íntegra e o estudo do V-Dem na versão completa do Especial

Liberdade de imprensa Enquanto são discutidas ameaças institucionais ao jornalismo, como o avanço da IA e a desinformação que corrói a confiança e a democracia, problemas antigos da profissão, como os riscos da cobertura de guerras, seguem causando impacto na liberdade de imprensa e no acesso do público às informações. Na Trust Conference, um único painel fez a plateia aplaudir de pé: o dos relatos das coberturas das guerras de Gaza e da Ucrânia, feitos pela repórter da Al Jazeera Youmna ElSayed, e por Sevgil Musayeva, editora do Ukrainska Pravda. O depoimento de Youmna ElSayed, agora exilada no Egito, fez com que alguns chorassem. Ela contou como o prédio onde morava, em Gaza, foi destruído após várias ameaças. Enquanto a repórter falava, eram projetadas fotos de seu apartamento antes de ser atingido por bombardeios, de seus filhos abrigados em um compartimento na cozinha, e no final os escombros do prédio. Ela contou que perdeu todas as memórias da família - imagens dos filhos, do casamento e de todos os momentos importantes - pois o disco rígido com as fotos foi destruído junto com seu apartamento. O drama de ElSayed parece igual ao de muitos palestinos que tiveram suas casas e vidas devastadas, mas há uma diferença: ela é jornalista, e se considera perseguida por causa disso. A repórter revelou que o mais duro foi ouvir da filha que toda a família seria morta por causa da profissão dela. Foi o pior sentimento possível constatar que tinha virado um risco para a minha família, pois tudo o que qualquer mãe e qualquer pai quer é proteger seus filhos." Em Gaza, memórias destruídas Youmna ElSayed mostra como era o prédio em que morava,os filhos abrigados de bombardeios na cozinha e a construção destruída depois que a família se asilou no Egito Sevgil Musayeva, editora do Ukrainska Pravda, destacou na conferência os riscos que jornalistas ucranianos enfrentam desde o início da agressão russa, que ela considera ter começado em 2014, com a anexação da Crimeia. Musayeva mencionou o caso de Victoria Roshchyna, uma jovem repórter que foi capturada por soldados russos enquanto cobria os territórios ocupados. Mantida incomunicável por mais de um ano, Roshchyna teve sua morte anunciada pelo governo russo em outubro. Musayeva também afirmou seu compromisso com o jornalismo, dizendo que não pretende se exilar, pois "se nosso público fica, nós ficamos." Ucrânia: ‘Se nosso público fica, nós ficamos’ Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

Carolina Henriques-Schmitz | Trust Law (Foto: divulgação TRF) Para exemplificar a que ponto as carreiras de advogados podem ser destroçadas por governos autoritários em virtude de seu trabalho de defender jornalistas, Carolina apresentou os casos de Ivan Pavlov e Dmitry Talintov, na Rússia, que defenderam jornalistas e pagaram um preço alto por isso. Não são só os jornalistas: uma pesquisa apresentada durante a Trust Conference 2024 demonstra que o cerco à liberdade de imprensa está cada vez mais se estendendo aos advogados que os defendem e que acabam virando também alvo de perseguição, submetidos a prisões e exílio. A pesquisa é o resultado do esforço conjunto do Centro de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados dos Estados Unidos, do projeto Media Defence e da Thomson Reuters Foundation. O trabalho revelou que os os casos têm se intensificado nos últimos cinco anos. Os resultados preliminares identificaram mais de 40 advogados perseguidos por defenderem jornalistas ou a liberdade de atuação de veículos de imprensa. Mas esse número pode ser a ponta do iceberg, em virtude de as vítimas não reportarem a perseguição por medo de retaliações. Os dez países campeões na perseguição a advogados que defendem jornalistas são Guatemala, Turquia, Azerbaijão, Rússia, Zimbábue, Quirguistão, Etiópia, Bielorússia, China e Hong Kong. Na palestra “Sob cerco: o custo de defender a liberdade de imprensa”, a diretora do TrustLaw, a advogada Carolina Henriques-Schmitz, da iniciativa TrustLaw, ressaltou que a “guerra legal” está aumentando em intensidade e complexidade. A TrustLaw, mantida pela Thomson Reuters Foundation, é a instituição que mais destina recursos globalmente para propiciar apoio jurídico gratuito a jornalistas. Liberdade de imprensa Advogados de jornalistas são as novas vítimas do cerco à liberdade de imprensa José Carlos Zamora (foto), filho do premiado editor José Rubén Zamora, estava feliz durante a Trust Conference, pois seu pai acabara de ganhar o direito à prisão domiciliar depois de 813 dias detido. Mas ele enfatizou que essa liberdade é apenas o início de uma nova fase de desafios, pois o caso ainda envolve vários processos em andamento. José Carlos destacou que os advogados de seu pai enfrentaram forte perseguição, criando um ambiente tão hostil que foi necessário buscar defensores internacionais, já que os advogados locais estavam impedidos de atuar sem sofrer represálias. Guatemala: um caso emblemático de assédio judicial a jornalistas e seus advogados Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

A Trust Conference também tratou de uma questão que preocupa tanto quanto os efeitos da IA, o declínio da democracia, a desinformação e a liberdade de imprensa: o desgaste da sigla - ou dos compromissos ESG (Environment, Social, Governance). O papel dos líderes corporativos quanto à sigla ou pior, quanto a políticas corporativas alinhadas a esses princípios foi destacado pela empresária Lady Lynn Forester de Rothschild. Ela fundou e dirige o Council for Inclusive Capitalism, que tem como objetivo estimular ações que tornem a economia e as sociedades mais inclusivas, sustentáveis ​e confiáveis. Apesar dos contratempos, Lynn de Rothschild permanece otimista sobre o progresso em questões como mudanças climáticas, diversidade, equidade e inclusão (DEI) e o papel das corporações na condução de transformações. Ela enfatizou a necessidade de superar a percepção de que não se pode ser favorável ao mesmo tempo ao trabalhador e ao mercado. Não existe dicotomia. Empresas que priorizam o bem-estar de seus trabalhadores tendem a ter mais sucesso a longo prazo. E a mudança tem que vir dos líderes.” Lady Lynn Forester de Rothschild (Foto: divulgação TRF) Confira outros temas debatidos na Trust Conference na revista completa e no site Um plano de 5 passos para manter o ESG vivo No mesmo painel, Sally Uren, diretora-executiva da organização não-governamental Forum for the Future, apresentou um plano para reagir à tendência de fim do ESG, presente em nível global e com mais força nos Estados Unidos. Os opositores dos pilares ESG afirmam que a cobrança por adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (Environment, Social, Governance, em inglês), fundamentais para o desenvolvimento sustentável, estaria prejudicando o crescimento e os lucros das empresas Para Uren, no entanto, no longo prazo essa visão não se sustenta, pois perpetua desigualdades sociais e econômicas a fim de favorecer um grupo de acionistas em detrimento da coletividade. Fim do ESG? Não para Lady Lynn de Rothschild, CEO do Council for Inclusive Capitalism ESG 'REDUZIR', 'AUMENTAR' E 'TRANSFORMAR' Os três pilares do uso da IA nas redações da Reuters GOVERNANÇA CORPORATIVA DA IA Ferramenta com aval da Unesco vai ajudar empresas a garantirem padrões éticos SALLY UREN, FORUM FOR THE FUTURE 5 passos contra os 'ventos destrutivos contrários ao ESG’ TRANSPARÊNCIA CORPORATIVA Resultados preliminares mostram avanços em DEI (Diversidade, Igualdade e Inclusão) LIBERDADE DE EXPRESSÃO É O COMPONENTE DA DEMOCRACIA MAIS DESRESPEITADO NO MUNDO COMO TORNAR A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CONFIÁVEL NO JORNALISMO E NA SOCIEDADE? Reportagem e edição: Luciana Gurgel e Aldo De Luca

Edição 1.486 - pág. 16 passeata e ouviu suas opiniões sobre a participação. u Seus registros de eventos marcantes da história brasileira e mundial incluem o golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile, em 1973, e a comoção popular com a morte do poeta Pablo Neruda. Por diversas vezes, visitou o cenário da Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, e suas imagens resultaram no livro Canudos: 100 anos. u As fotos de Evandro integram acervos de museus em Zurique, na Suíça, e na Colômbia; o Masp, em São Paulo, do MAM e do MAR, ambos no Rio. Seu livro Fotojornalismo está na biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris. Seu currículo está na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Entre os prêmios recebidos, estão os da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Uma homenagem que o emocionou foi o poema de Carlos Drummond de Andrade Diante das fotos de Evandro Teixeira (ver pág. 42). IMS n O repórter fotográfico Evandro Teixeira morreu nessa segunda-feira (4/11), aos 88 anos, no Rio. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul, por uma pneumonia, e teve falência múltipla de órgãos. Evandro deixa duas filhas, Carina Almeida e Adryana, da agência Textual. u Nascido no interior da Bahia, filho de fazendeiro, mudou-se para a cidade de Jequié, para continuar os estudos. Trabalhou no jornal local e com o salário comprou sua primeira câmera. Transferiu-se para a cidade de Ipiaú, onde aprendeu fotografia com Teotônio Rocha, primo de Glauber Rocha. Com o trabalho no jornal local, comprou sua segunda câmera, uma Polaroid. u Aos 19 anos, foi para Salvador e lá fez um curso de fotografia por correspondência com José Medeiros e trabalhou como estagiário no jornal Diário de Notícias. Já no Rio de Janeiro, depois de estágio no Diário da Noite, começou em 1963 no Jornal do Brasil. Lá esteve por 47 anos, até 2010, quando a edição impressa do jornal deixou de circular. u Em 1964, quando ocorreu o golpe militar, Evandro conseguiu entrar no Forte de Copacabana e registrou a chegada do general Castello Branco. A foto, publicada na primeira página do JB, foi um marco na história política do País. u Em 1968, cobriu manifestações do movimento estudantil no Rio de Janeiro e a repressão. Imagens icônicas dessa época são do confronto de estudantes e policiais a cavalo no Centro do Rio e a chamada Passeata dos Cem Mil. Para seu livro 1968 Destinos 2008. Passeata dos Cem Mil, montou uma equipe que entrevistou remanescentes da Morreu Evandro Teixeira, “o codinome da mais aguda percepção”, como definiu o poeta Carlos Drummond de Andrade Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro Marcello Cavalcanti Evandro Teixeira Últimas

Edição 1.486 - pág. 17 n Morreu em 4/11, aos 93 anos, o empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Seu Tuta, fundador da Jovem Pan. Ele estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com a saúde muito debilitada. A informação foi divulgada pela própria Jovem Pan. u Tuta iniciou a carreira no jornalismo no final da década de 1940, na Rádio Panamericana, atuando como secretário de seu irmão, Paulo Machado de Carvalho Filho. Em 1952, aos 21 anos, assumiu a direção-geral da Panamericana. Na década de 1960, criou festivais na Record TV que marcaram época e contribuíram para a explosão de movimentos como Tropicália e Jovem Guarda. Formatou programas como Família Trapo, que tinha no elenco nomes como Jô Soares, Hebe Camargo e Ronald Golias. u Foi o grande responsável pela transformação da antiga Rádio Panamericana em Jovem Pan. A partir de 1966, Seu Tuta revolucionou a programação da rádio, introduzindo um sistema de jornalismo 24 horas por dia, investindo em prestação de serviços e informação. Sob a liderança dele, nasceram programas como Equipe Sete e Trinta, Jornal de Integração Nacional e Jornal da Manhã. u Em 1976, Seu Tuta inaugurou a Jovem Pan 2 FM e a TV Jovem Pan UHF 16. Em 1993, iniciou o Projeto Jovem Pan SAT, levando a programação da emissora para o nível nacional e internacional, com cobertura jornalística abrangente e transmissão via satélite. Em 1997, a Jovem Pan entrou na era digital com o lançamento de seu site. Segundo a própria emissora, Tuta foi ainda o primeiro empresário da comunicação a apostar na transmissão em streaming pela internet, quando idealizou a Jovem Pan Online. u Sempre valorizava o trabalho em equipe, afirmando constantemente que “ninguém faz sucesso sozinho”. A frase virou título de sua biografia, que venceu o Grande Prêmio da Crítica da APCA. Ao longo da carreira, recebeu diversos outros prêmios e homenagens devido ao seu legado na comunicação, como dez Troféus Roquete Pinto, três Troféus Governador do Estado e dois Troféus TV Tupi, além do Prêmio Personalidade da Comunicação, em 2012, da Mega Brasil, empresa parceira deste J&Cia. Morre Antônio Augusto Amaral de Carvalho, fundador da Jovem Pan, aos 93 anos n Depois de dois turnos concorridíssimos e de intensa participação de jornalistas e profissionais de Comunicação de todo o Brasil, chegou a hora de homenagear os +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, em noite para lá de especial, que receberá, no Itaú Cultural, os eleitos TOP 50 do Brasil e os TOP 5 das categorias Imagem/Vídeo, Veículos Liderados por Jornalistas Negros e Veículos Gerais. Todos receberão os certificados alusivos ao prêmio conquistado. u Durante a cerimônia, que terá início às 18h30 de 11/11, serão revelados os TOP 10 mais votados (os +admirados entre os +admirados) e os mais votados nas outras três categorias. u Também farão parte da solenidade as homenagens especiais aos Decanos do Jornalismo, Valdice Gomes e Dennis de Oliveira, que receberão o Troféu Luiz Gama; à Personalidade do Ano, o jogador de futebol Vini Jr., da Seleção Brasileira e do Real Madrid, com o Troféu Gloria Maria; e à Revelação do Ano, Hellen Lirtêz, da Amazônia Real, que receberá o Troféu Tim Lopes. Noite de gala para homenagear os +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira Cerimônia de premiação, em 11/11, será novamente apresentada pelos colegas Eliane de Souza Almeida e Luiz Claudio Alves. Evento terá performance do trompetista Lucas Gomes Últimas

Edição 1.486 - pág. 18 u Iniciativa conjunta deste J&Cia, dos sites 1 Papo Reto e Neo Mondo e da Rede Jornalistas Pretos – Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, o Prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira conta com Patrocínio Ouro da Unilever, Patrocínio Bronze de DOW, LATAM e Uber, apoio institucional de GSS e apoio do Itaú Cultural. Os admirados apresentadores da cerimônia u Dois dos mais prestigiados profissionais da imprensa brasileira aceitaram novamente o convite dos organizadores para abrilhantar ainda mais o evento de premiação: Eliane de Souza Almeida e Luiz Claudio Alves, colegas com uma respeitável trajetória. u Eliane de Souza Almeida é jornalista, mestre em Processos Comunicacionais pela Universidade Metodista de São Paulo e doutoranda em Mudança Social e Participação Política pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, além de ativista antirracista independente e membro da Rede Jornalistas Pretos – Jornalistas pela Diversidade na Comunicação. u Luiz Claudio Alves, natural de Brasília, começou no rádio em 1989 e profissionalizou-se como locutor e operador pela Rádio Oficina, no bairro do Cambuci, em São Paulo, e pelo Senac. Em 2010, foi para a Rádio Cultura de Campinas, atual CBN, em que atuou como editor e produtor de áudio jornalístico até 2021. Em 2017, deu início ao projeto de comunicação voltado à comunidade negra que em 2018 se tornaria o site Imprensa Preta − Comunicação e Diversidade, na Região Metropolitana de Campinas. No mesmo ano participou da fundação da ONG Rede JP. Em 2021, participou do Caucus of Journalists pelo Estado da Diáspora. Atualmente é consultor especial da Presidência para a Bancada Pan-Africana de Jornalistas da SOAD − State of African Diaspora. E não vai faltar emoção, nem música u Em paralelo à emoção das homenagens para celebrar tanto o jornalismo quanto a presença dos negros nas redações brasileiras, o Prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira terá um outro convidado especial, o trompetista Lucas Gomes. u Sobre ele, diz Rosenildo Ferreira, de 1 Papo Reto: “Aficionado por Chet Baker, Miles Davis, Kenny G e outros mestres do sopro, o trompetista Lucas Gomes é um dos jovens talentos da cena jazzística de São Paulo. Seu trabalho mistura influências do jazz tradicional com sons na levada do blues e do funk”. u Outras informações com Vinícius Ribeiro (11- 99244-6655 e vinicius@ jornalistasecia.com.br). Eliane de Souza Almeida Luiz Claudio Alves Lucas Gomes arquivo pessoal HÁ 10 ANOS APERFEIÇOANDO O MERCADO DE COMUNICAÇÃO VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI! A MAIOR FERRAMENTA DE ENVIO DE RELEASES DO BRASIL! MAIS DE 55 MIL JORNALISTAS NO MAILING DE IMPRENSA! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA CONTRATAR? Últimas

Edição 1.486 - pág. 19 Nacionais n O CNN Money, canal de mercado financeiro da CNN Brasil, estreou em 4/11 com diversas parcerias. Além do Broadcast/Agência Estado, seus principais parceiros incluem o site JOTA, a agência iNFRA e o serviço de TV por assinatura Claro. Essa colaboração permitirá que jornalistas acessem as plataformas de dados e informações do JOTA e da iNFRA, incluindo transmissões ao vivo com profissionais durante a programação do novo canal. u Além de atender aos assinantes da Claro TV, o canal firmou um acordo para expandir sua distribuição com a Associação NEO e o YouTube. A expectativa é que a exibição multiplataforma alcance diferentes perfis de audiência. n A CNBC Brasil, novo canal focado em jornalismo de negócios, definiu sua estreia para 17/11, domingo, a partir das 19h nos canais digitais e às 20h na televisão. O anúncio foi feito em 1º/11, em evento de lançamento no Hotel Grand Hyatt São Paulo, que contou com mais de mil convidados. u O evento reuniu o elenco de apresentadores e executivos do novo canal, além de empresários e autoridades de diferentes esferas. A data de 17/11 foi escolhida para possibilitar que a programação foque na cobertura da 19ª Reunião de Cúpula do G20, que começa no dia 18. Também no evento foram reveladas informações sobre a programação da nova emissora, como nomes de programas, âncoras e horários. u A CNBC Brasil, inclusive, fechou com oito patrocinadores e 15 marcas apoiadoras, em um total de 23 marcas que estarão presentes ao longo de toda a programação da emissora, com 15 horas ao vivo por dia. u Leia mais no Portal dos Jornalistas. n Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que o mercado formal do jornalismo segue registrando saldo negativo ou perda de vagas com carteira assinada. Entre janeiro de 2023 e agosto de 2024 foram registrados 17,2 mil desligamentos, em comparação às mais de 16,2 mil contratações, o que resultou em um saldo negativo e uma redução de 962 postos de trabalho. u Os dados foram levantados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Analisando apenas o ano de 2023, o saldo foi negativo em 867 postos. Em 2024, de janeiro a agosto, o resultado entre admitidos e desligados ficou negativo em 95 vagas. Portanto, na avaliação do Dieese, nota-se uma ligeira melhora em 2024, em relação ao ano anterior. O levantamento mostra também os cargos que tiveram saldo positivo e negativo, além do número de contratações e demissões por estado. u Confira mais dados no Portal dos Jornalistas. CNBC Brasil define início para 17 de novembro... Divulgação/CNBC Brasil ...e CNN Money contra-ataca, anunciando parcerias com Broadcast, JOTA, iNFRA e Claro Jornalismo perdeu 962 postos formais de trabalho entre janeiro de 2023 e agosto deste ano Scott Graham/Unsplash

Edição 1.486 - pág. 20 n O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu em 31/10 habeas corpus ao jornalista Luan Araújo, condenado a oito meses de detenção por difamar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que o perseguiu armada nas ruas de São Paulo na véspera das eleições de 2022. u A parlamentar havia processado Luan após ele publicar um artigo no Diário do Centro do Mundo criticando a postura dela na ocasião. A pena havia sido convertida em serviços comunitários e multa. O STJ determinou que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reanalise o recurso de Luan, que tinha sido rejeitado por suposto atraso no pagamento das custas processuais. Com a concessão, a condenação de Araújo voltará a ser examinada pelo TJ-SP. STJ concede habeas corpus a jornalista que foi alvo de perseguição armada por Carla Zambelli Reprodução/UOL/Youtube Zambelli e Luan durante a perseguição em 2022 EM AÇÃO A Rede JP é uma rede de jornalistas negros, indígenas e periféricos do Brasil e do exterior focados em tornar a comunicação social mais diversa e representativa em toda a sua estrutura. Atuamos com os pilares de representatividade, educação e oportunidade. Conheça o nosso banco de talentos e acesse as nossas redes: @RedeJP | Linktree. Construir vínculos e inspirar as pessoas: é para isso que existimos. Faça parte da nossa rede: [email protected] R E D E Esta coluna é de responsabilidade da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação Guilherme Araujo, um jovem estudante de Jornalismo de 20 anos, atua como estagiário na Agência Mural. Ao longo de sua trajetória acadêmica e profissional, ele enfrentou desafios intensos que impactaram sua saúde mental. Desde o início na faculdade, sentiu a síndrome do impostor, questionando suas conquistas e seu lugar no curso. No mercado de trabalho, a pressão aumentou, especialmente por causa do racismo estrutural e da baixa representatividade negra na comunicação. Essa pressão o levou a buscar terapia, que se tornou um espaço de fortalecimento e resiliência. “É um processo de desconstrução de crenças antigas e de lidar com fatores estruturais que impactam minha carreira”, reflete Guilherme. A história dele evidencia como é essencial discutir saúde mental e diversidade nas redações, promovendo ambientes mais acolhedores e inclusivos para jornalistas negros. Leia a reportagem completa no link. Saúde mental na comunicação: desafios e cuidados para jornalistas negros Nacionais

Edição 1.486 - pág. 21 Vaivém das redações n Seis anos após adquirir os direitos da revista Vida Simples, a publisher e CEO Luciana Pianaro anunciou em 3/11, em seu perfil no Instagram, que deixará a gestão diária da plataforma, mas seguirá como proprietária da empresa. “Sigo levando tudo que aprendi na Vida Simples, minha maior conquista e também meu maior desafio enquanto empreendedora, líder e pessoa”, afirmou. u Quem assume a partir de agora é Ivana Moreira, fundadora da Canguru News, edtech focada em educação parental, que teve passagens por Metro Jornal, Veja BH, BandNews FM, Estadão e Valor Econômico. Amazonas n Leticia Rolim deixou a Rede Rios de Comunicação após um ano e meio de casa, em que atuou no portal Rios de Notícia e na rádio Rios, e é a nova repórter do Portal Norte. Ceará n Franciane Amaral, ex-Band Ceará, TV Diário, TV O Povo e TV Senado, começou na TV Cidade, afiliada Record em Fortaleza. n O jornal O Povo reforçou sua equipe de reportagem com as chegadas de Sofia Herrero (Vida&Arte), Révinna Nobre (Economia), Luiz Vieira e Isabelle Maciel (Política). n Em O Otimista, destaque para as chegadas das repórteres Aline Veras ([email protected]), Deyse Lima (deyse@) e Nataly Andrade (nataly@). Goiás n Isadora Sátira Rocha deixou a Jovem Pan (Goiânia e Caldas Novas) e é a nova repórter do Grupo Jaime Câmara (TV Anhanguera, O Popular, g1 Goiás e CBN Goiânia). Rio de Janeiro n Karen Santarem ([email protected]), que há dois anos vem atuando como repórter freelancer para o jornal O Dia, é a nova editora do programa de afiliados do Blog TechTudo. n Lu Lacerda (@lulacerdaoficial) é a mais nova colunista da Veja Rio. Desde 4/11 publica notas sobre a cidade e os moradores ilustres e anônimos. Rio Grande do Sul n Gabriel Jardim Fritsch e Victoria Meggiato começaram em outubro como repórteres do Jornal do Comércio em Pelotas. Gabriel seguirá atuando paralelamente como produtor em transmissões esportivas ao vivo via YouTube para os canais Gorila TV e Eleven Sports, enquanto Victoria também atua como social media na agência Infiniti Marketing. n Jonathas Costa deixará o Correio do Povo ao final de novembro. Há 14 anos na casa, ele vem atuando desde o começo de 2022 como gerente de Jornalismo. Segundo apuração do Coletiva.net, está de mudança para São Paulo, onde anunciará em breve seus novos desafios profissionais. Vida Simples anuncia troca de comando Luciana Pianaro Ivana Moreira Leticia Rolim Franciane Amaral Isadora Sátira Rocha Karen Santarem Lu Lacerda Gabriel Jardim Fritsch Victoria Meggiato Jonathas Costa

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