Staffan Lindberg (Foto: MediaTalks) O professor sueco Staffan Lindberg apresentou na Trust Conference estudos que evidenciam a forte relação entre a disseminação da desinformação, o crescimento da polarização e a erosão da democracia, num processo que se repete em diferentes países ao longo do tempo. Lindberg é uma das maiores autoridades no assunto. Ele é Diretor do V-Dem Institute, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que produz e analisa o maior conjunto global de dados sobre democracia, com mais de 31 milhões de informações sobre eleições de 202 países, desde 1789. Segundo Lindberg, o mundo nunca experimentou uma quantidade tão grande de países em processo de se tornarem autocracias, ou em erosão de suas democracias. O auge foi em 2022, quando eram 47 nessa situação, o maior número registrado desde 1900 pelo instituto. A tecnologia veio tornar mais eficiente a antiga estratégia de “dividir para conquistar”. O professor explica que a disseminação da desinformação é usada com o objetivo de polarizar o eleitorado e daí passar a controlá-lo. A desinformação é espalhada intencionalmente pelos aspirantes a ditadores, que sabem que ela funciona para atingir seus propósitos. Eles e suas equipes trabalham para multiplicar a desinformação e assim aumentar exponencialmente a polarização para níveis tóxicos. Isso leva a um estágio em que as pessoas começam a considerar como inimigos os que pensam politicamente de forma diferente. Inimigos de quem elas são e do que defendem.” Staffan Lindberg, diretor do V-Dem Institute A desinformação leva à polarização, que leva à erosão da democracia’ O mundo registra um aumento significativo de regimes autocráticos, com cerca de 71% da população global (5,7 bilhões de pessoas) vivendo sob autocracias. É o 15º ano consecutivo em que esse número supera o de pessoas vivendo em democracias. Em 2024, dos 34 países que realizaram eleições, 31 pioraram seus indicadores democráticos. A América Latina conta com 86% de sua população em democracias eleitorais e 4% em democracias liberais, mas também possui regimes autocráticos, como em Cuba, Nicarágua e Venezuela. A liberdade de expressão foi o indicador mais afetado no processo global de erosão da democracia nos últimos anos, tendo piorado em 35 países em 2023. O que diz o Relatório da Democracia Veja a matéria na íntegra e o estudo do V-Dem na versão completa do Especial
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