Jornalistas&Cia 1486

Liberdade de imprensa Enquanto são discutidas ameaças institucionais ao jornalismo, como o avanço da IA e a desinformação que corrói a confiança e a democracia, problemas antigos da profissão, como os riscos da cobertura de guerras, seguem causando impacto na liberdade de imprensa e no acesso do público às informações. Na Trust Conference, um único painel fez a plateia aplaudir de pé: o dos relatos das coberturas das guerras de Gaza e da Ucrânia, feitos pela repórter da Al Jazeera Youmna ElSayed, e por Sevgil Musayeva, editora do Ukrainska Pravda. O depoimento de Youmna ElSayed, agora exilada no Egito, fez com que alguns chorassem. Ela contou como o prédio onde morava, em Gaza, foi destruído após várias ameaças. Enquanto a repórter falava, eram projetadas fotos de seu apartamento antes de ser atingido por bombardeios, de seus filhos abrigados em um compartimento na cozinha, e no final os escombros do prédio. Ela contou que perdeu todas as memórias da família - imagens dos filhos, do casamento e de todos os momentos importantes - pois o disco rígido com as fotos foi destruído junto com seu apartamento. O drama de ElSayed parece igual ao de muitos palestinos que tiveram suas casas e vidas devastadas, mas há uma diferença: ela é jornalista, e se considera perseguida por causa disso. A repórter revelou que o mais duro foi ouvir da filha que toda a família seria morta por causa da profissão dela. Foi o pior sentimento possível constatar que tinha virado um risco para a minha família, pois tudo o que qualquer mãe e qualquer pai quer é proteger seus filhos." Em Gaza, memórias destruídas Youmna ElSayed mostra como era o prédio em que morava,os filhos abrigados de bombardeios na cozinha e a construção destruída depois que a família se asilou no Egito Sevgil Musayeva, editora do Ukrainska Pravda, destacou na conferência os riscos que jornalistas ucranianos enfrentam desde o início da agressão russa, que ela considera ter começado em 2014, com a anexação da Crimeia. Musayeva mencionou o caso de Victoria Roshchyna, uma jovem repórter que foi capturada por soldados russos enquanto cobria os territórios ocupados. Mantida incomunicável por mais de um ano, Roshchyna teve sua morte anunciada pelo governo russo em outubro. Musayeva também afirmou seu compromisso com o jornalismo, dizendo que não pretende se exilar, pois "se nosso público fica, nós ficamos." Ucrânia: ‘Se nosso público fica, nós ficamos’ Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

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