Jornalistas&Cia 1486

Na mesma semana em que repercutia globalmente o manifesto assinado por mais de 10 mil artistas e profissionais da indústria criativa, entre eles celebridades como Julianne Moore, reclamando do uso não licenciado de seu trabalho pelas empresas de inteligência artificial, o pagamento pelo conteúdo capturado para treinar os modelos de linguagem foi debatido na Trust Conference. As discussões giraram em torno da importância de regulamentar as empresas de tecnologia e suas ferramentas de IA, caminho defendido pelas principais organizações de jornalismo e por entidades como a Unesco. Um dos painéis teve a participação de Kara Swisher, editora da New York Magazine, uma das vozes mais respeitadas - e temidas - do jornalismo de tecnologia. Antes de subir ao palco com os óculos escuros que são sua marca registrada, ela foi apresentada como "força da natureza". Com base em sua longa trajetória acompanhando os passos da indústria, Kara Swisher acusou as empresas de tecnologia digital de historicamente atuarem como "shoplifters" (ladrões de loja). Eu sempre os vi como ladrões de informações. É o que eles são, 'ladrões de lojas'. E continuarão a fazer isso com a IA, com todo o resto, até que tenham sugado tudo. O seu motor é o lucro." Poucos no mundo da mídia têm autoridade para uma declaração tão contundente. Swisher, de 61 anos, cobre a internet desde 1994 e em 2023 foi retratada em um episódio de Os Simpsons como repórter do Vale do Silício. A jornalista é autora de livros sobre as Big Techs e de um podcast que ocupa o quinto lugar em audiência no mundo. Ela não economizou críticas a líderes das plataforma a respeito ao uso de conteúdo protegido por direitos autorais e moderação de discurso de ódio, citando entrevistas que fez com Larry Page, então CEO do Google, e com Mark Zuckerberg, CEO da Meta. Swisher disse que as Big Techs são movidas por interesses capitalistas e que a responsabilidade por controlá-las deve recair nos reguladores. Apesar da desigualdade de forças, a jornalista americana considera que ainda dá para lutar. E confia no poder do jornalismo. Ela destaca que, embora essas empresas acumulem poder imenso, o papel da imprensa é continuar a expor suas ações e pressionar por regulamentações adequadas, mesmo sem a simpatia dessas corporações. O que temos que fazer é continuar a criar, falar, fazer reportagens incríveis, continuar pressionando contra esse poder." Kara Swisher | Jornalista de tecnologia e editora da New York Magazine Kara Swisher falando na Trust Conference( Foto: divulgação TRF Veja a matéria na íntegra na versão completa do Especial

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