Jornalistas&Cia 1489

No discurso de passagem da presidência da próxima COP ao Brasil, Marina usou uma metáfora das mulheres indígenas que se unem para fiar em uma roda de conversa. Fazer da COP30, no território tão simbólico da Amazônia, o momento para restaurar tudo aquilo que parece que estamos perdendo a cada situação extrema é um dos maiores desafios que temos pela frente. Que ela seja um convite para nos dispormos a confiar, a fiar juntos, como as mulheres fiandeiras indígenas na floresta, que fazem da conversa, do entendimento e do apoio mútuo a força para suas vidas.” Apesar dos obstáculos em Baku, a ministra do Meio Ambiente está confiante. Na abertura do pavilhão brasileiro, ela disse que Belém será "a COP das COPs". Uma COP da implementação dos resultados, que não são apenas do Brasil. É preciso que o mundo inteiro tenha NDCs igualmente ambiciosas. Que a gente faça o mapa do caminho para a transição, para o fim do uso de combustíveis fósseis, para o fim do desmatamento”. Leia as entrevistas completas na revista COP29 ‘Experiência dolorosa’ em Baku e a metáfora das fiandeiras da floresta para simbolizar o desafio de Belém Visivelmente cansada, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, encarou jornalistas brasileiros e estrangeiros em uma entrevista coletiva na noite seguinte à data marcada para o fim da cúpula climática da ONU. E não escondeu a decepção com o drama em que a conferência no Azerbaijão se transformou no último dia. O encontro chegou ao fim com gosto amargo para o presidente da cúpula, Mukhtar Babayev, desafiado na plenária final por representantes de países que rejeitaram o texto, longe do financiamento almejado para a adaptação climática. A principal intervenção foi a da negociadora da Índia, furiosa com o compromisso de US$ 300 bilhões por ano até 2035 assumido para apoiar os mais afetados pelo aquecimento global, quando o desejado era US$ 1,3 trilhão. “Experiência dolorosa a que estamos vivendo aqui”, disse Marina aos jornalistas referindo-se à dramática saída de dois grupos de países da mesa de negociação. A ministra, uma das personalidades brasileiras mais respeitadas no mundo, será protagonista na COP30, em Belém. Marina Silva e o Brasil em Baku Foto: screenshot transmissão ‘Realpolitik’ deu o tom no Azerbaijão Delegação liderada por Marina Silva ‘conseguiu reduzir danos’ para Belém, diz observador O Brasil não se alinhou aos países que rejeitaram o texto do acordo firmado na COP29, nem tornou públicas restrições ao documento final de forma tão visível como fez a Índia. Isso não significa, no entanto, que a participação do país tenha sido pouco efetiva, ao contrário. Essa é a opinião de um observador de alto nível que acompanhou o encontro do Azerbaijão, e que esteve nas últimas cúpulas de mudanças climáticas da ONU. Ao MediaTalks, ele apontou que o Brasil, como próximo país na presidência da COP, estava em uma posição delicada, sob o olhar atento das demais nações e com a missão de evitar um colapso nas negociações, o que impactaria negativamente a cúpula de 2025 em Belém. Diante dos impasses, na opinião desse observador, o Brasil adotou corretamente uma postura conciliadora, buscando acordos e evitando posições extremadas. Comparando as participações do Brasil neste ano e no ano passado, o observador considerou positivo não ter tido uma entourage de ministros junto com o presidente Lula como em Dubai, com declarações polêmicas que acabaram repercutindo negativamente. Ele elogiou o profissionalismo da delegação liderada por Marina Silva, tendo ao lado Ana Toni, Secretária de Mudança do Clima, que já presidiu o Conselho de Administração do Greenpeace, e o diplomata André Corrêa do Lago, Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente. O Brasil foi muito construtivo, tentando destravar tudo, não se posicionando muito fortemente. Vimos o país falar muito pouco na sala de negociação, evidentemente uma estratégia. Mas nos bastidores tentou costurar as posições e impedir o colapso das conversas.” O veredito foi positivo: De forma geral o Brasil foi bem. E Marina foi muito bem também.”

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