Sala de imprensa da COP29, que teve mais de 3 mil jornalistas credenciados As COPs contribuem para a cobertura do clima? Relatório garante que sim - mas alerta que desde o pico atingido em 2021 a visibilidade do tema vem caindo Apesar de 2023 ter registrado recordes de temperatura, a cobertura da imprensa sobre mudanças climáticas diminuiu globalmente desde o pico de visibilidade em 2021. A pesquisa do MeCCO revela queda de 10% em 2022 e de 4% em 2023, mantendo-se, porém, acima da década anterior. A tendência continuou em 2024, com os primeiros dez meses registrando 12% menos cobertura em relação a 2023. Na América Latina o movimento foi diferente, com aumento recorde na cobertura de janeiro a maio e de julho a setembro de 2023. Oriente Médio e Ásia também registraram recordes em vários meses de 2023. A tendência de alta na América Latina continua em 2024, com aumento de 72% nos primeiros dez meses em relação a 2023. As conferências do clima da ONU podem não produzir os avanços práticos no nível que todos esperam, mas sua realização representa um estímulo à causa do clima por colocar as mudanças climáticas em evidência. A constatação é do MeCCO (Media and Climate Change Observatory), iniciativa sediada na Universidade do Colorado reunindo pesquisadores de 15 instituições. Há 20 anos o projeto monitora a cobertura de imprensa de sete regiões do mundo, envolvendo 59 países, incluindo o Brasil. Todo ano há um aumento significativo das menções à sustentabilidade ambiental e ao clima em novembro, mês da COP, sendo mais acentuada nos países-sede e nas regiões onde estão situados. No entanto, os pesquisadores constataram que a atenção da mídia durante as COPs tende a ser mais concentrada em negociações e anúncios de políticas, deixando de lado questões mais amplas relacionadas às mudanças climáticas. COP na mídia Enquanto caiu no mundo, na América Latina subiu Foto: divulgação COP29 Azerbaijan A luta contra a desinformação climática ficou fora da agenda oficial da COP29 - mas ONGs e o G20 fizeram a sua parte Não veio da COP29 e sim do encontro de líderes do G20, que aconteceu simultaneamente à cúpula em Baku, um movimento concreto para neutralizar o negacionismo e o conteúdo desalinhado com a ciência do clima que afeta o combate à mudança climática. Na reunião realizada no Rio de Janeiro, a ONU e a Unesco lançaram, junto com o Brasil, uma iniciativa conjunta para fomentar ações contra a desinformação. A cifra prometida é pequena para o desafio: em 36 meses, o fundo espera arrecadar de US$ 10 milhões a US$ 15 milhões No entanto, o reconhecimento é um avanço a ser comemorado, pois nem as conferências do clima da ONU escapam desse mal. Uma investigação da Global Witness revelou que dezenas de contas suspeitas na plataforma X, notória pela disseminação de desinformação climática, promoveram antes da cúpula narrativas relacionadas à COP29 de interesse do governo do Azerbaijão. O grito das ONGs e da ciência em Baku Se a diplomacia não colocou a desinformação na mesa, as ONGs e os cientistas não perderam a oportunidade. Um manifesto assinado por organizações internacionais foi divulgado na COP29 instando governos a combaterem a desinformação climática online. O manifesto pede que os Estados obriguem empresas de mídia digital a tomarem medidas como reconhecer a desinformação climática como ameaça, adotar uma definição universal de desinformação climática, produzir planos para impedir sua propagação e aumentar a transparência e os relatórios. A carta cita o relatório da CAAD (Climate Action Against Disinformation) publicado poucos dias antes da abertura do encontro da ONU, intitulado Extreme Weather, Extreme Content, que documenta como a desinformação online "é abundante e prejudica continuamente a ação climática". Leia mais sobre a pesquisa e sobre as iniciativas na revista COP29
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