Jornalistas&Cia 1489

Estados Unidos, por ELOÁ ORAZEM As enchentes diluvianas, as mais de 200 mortes, a lama da destruição e a dor causada pela maior tempestade do século na Espanha foram o trágico pano de fundo da COP29. Em Valência, a chuva de um ano inteiro caiu em apenas oito horas devido ao fenômeno meteorológico DANA (Depressão Isolada em Altos Níveis), conhecido como gota fria. Em seu discurso na cúpula de Baku, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse: O que ocorreu em Valência não é um fato isolado, ressaltou o primeiro-ministro, clamando pelo fim do consumo de combustíveis fósseis ao mesmo tempo em que imagens da destruição extrema e dos trabalhos de resgate na Espanha continuavam a correr o mundo. Apesar das evidências, a associação com as mudanças climáticas não foi feita de imediato pela mídia espanhola, o que só começaria após relatórios de atribuição serem divulgados. ‘Ninguém nos alertou’ Em Valência, a reação inicial da população foi de total perplexidade pela demora na emissão de avisos sobre a enchente. “Ninguém nos alertou” foi o mantra que se repetiu na mídia. Houve uma onda de críticas ao governo local pela decisão de eliminar a Unidade de Emergências Valenciana (UEV), em novembro de 2023. Para muitos, a decisão prejudicou a capacidade de resposta à DANA - e a cobertura foi se politizando cada vez mais. O choque deu lugar à ira. Aos gritos de “assassinos”, residentes arremessaram lama, pedras e garrafas contra uma comitiva formada pelos reis Felipe VI e Letizia, o primeiro-ministro Pedro Sánchez e o presidente regional de Valência, Carlos Mazón, em visita aos locais mais atingidos. E a desinformação se alastrou nas redes sociais, tentando dissociar o fenômeno DANA da mudança climática e até afirmando que as chuvas teriam sido um ataque meteorológico Haarp - referência ao projeto científico norte-americano que visa estudar os fenômenos físicos ocorridos nas camadas superiores da atmosfera terrestre. Na esteira de Valência, premiê espanhol usa o pódio da COP29 para lembrar: ‘el cambio climatico mata’ ESPANHA | por CLAUDIA WALLIN Acabo de presenciar um dos maiores desastres climáticos de nossa história. Mais de 200 pessoas perderam suas vidas, e elas são a razão pela qual estou aqui, para dizer alto e claro que a mudança climática mata.” Argentina | por MÁRCIA CARMO Economia x clima e fim da linha para o setor privado: reflexos do abandono da COP29 pela delegação argentina sob Milei A decisão do presidente Javier Milei de retirar a delegação do país da COP29 dois dias após sua abertura foi mais noticiada no exterior do que na Argentina, onde as atenções da grande imprensa estão mais voltadas para assuntos econômicos locais. A saída teve maior repercussão nos portais do que nas TV e rádios, que atingem uma parcela mais diversificada da população. Mas foi desconcertante. E respingou nos representantes do setor privado e de ONGs que estavam em Baku. A ONU suspendeu as credenciais de cerca de 50 argentinos logo depois da medida. O país sai perdendo de Baku. Agora a expectativa é sobre como o governo Milei se comportará em relação à COP30 no Brasil. Os comentários do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, chamando o presidente argentino de negacionista, foram reproduzidos nos principais portais de notícias. A alemã DW noticiou a decisão de Javier Milei lembrando que a Argentina foi durante anos “uma das principais vozes da América Latina” nas conferências como a COP. Com a eleição de Donald Trump há ainda mais motivos para preocupação sobre os próximos passo do país. Os dois se abraçaram na mansão de Trump, na Flórida, na semana em que a Argentina deixou a cúpula. Pesquisas mostram que a maior preocupação dos argentinos é com o aumento da pobreza. Até recentemente era com a inflação e a corrupção. Um relatório do PNUD revelou que "a maioria dos argentinos (67%) reconhece as consequências da mudança climática", mas apenas 17% declaram "realizar ações ambientais” com frequência. Nesse ambiente, a União Vegana Argentina tenta convencer argentinos a não comerem carne para proteger os animais e o planeta - e garante estar conseguindo. Leia os artigos completos na revista COP29

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