Brilho eterno de um mandato sem esperança: a COP sob a sombra de Trump EUA | por ELOÁ ORAZEM Donald Trump é o “malvado favorito” de muita gente, e outro tanto acredita que os EUA, sob seu domínio, são um Titanic condenado ao naufrágio. Durante a COP29, em Baku, os temores sobre o que ele pode fazer ao assumir o cargo e as críticas a nomes escolhidos para cargos-chave estiveram em conversas e reportagens. A democracia, assim como Hollywood, às vezes insiste na sequência de filmes que fracassaram nas críticas mas foram sucesso de bilheteria. No elenco escolhido por Donald Trump estão Chris Wright e Lee Zeldin, futuros líderes do Departamento de Energia e da Agência de Proteção Ambiental. Wright é executivo do ramo de petróleo, e Zeldin tem em seu histórico o voto contrário a várias medidas ambientais. Mas se há uma coisa que livros nos ensinam, é que tudo tem um precedente – e basta voltar alguns capítulos para encontrar novas narrativas. Em seu primeiro mandato, Trump destruiu iniciativas climáticas ao tentar reverter 125 proteções ambientais. Muitas dessas tentativas foram suspensas ou anuladas, embora desta vez com sua maioria nas duas casas legislativas o desfecho possa ser diferente. Mas a onda vermelha no Congresso deve encontrar resistência na força local, como antes. Assim que Trump anunciou, em 2017, a saída dos EUA do Acordo de Paris, comunidades, estados, líderes empresariais e grupos de mídia se uniram para formar a America Is All In, uma coalizão a favor de ações climáticas. Muitos estados promulgaram políticas climáticas ambiciosas. Alguns, como a Califórnia, estão prontos para uma ação ainda maior antes que Trump tome posse. Logo após a eleição, o governador Gavin Newsom anunciou uma sessão especial da legislatura estadual para tomar medidas "para salvaguardar os valores da Califórnia" — incluindo a luta contra as mudanças climáticas. A imprensa precisará voltar sua atenção às comunidades e reportar essas iniciativas que podem ter grande impacto. Mas para quem está na linha de frente, sobretudo na cobertura climática, a era Trump pode ser difícil, como relatou em entrevista ao MediaTalks o jornalista investigativo ambiental Aarón Cantu. Reino Unido | por LUCIANA GURGEL Seguindo os passos de ambientalista do pai, o rei Charles, o príncipe William anunciou que vai à COP30, em Belém. Charles III abriu a COP de Dubai. Mas este ano ficou em casa. O tratamento de câncer pode ter sido um motivo, embora ele tenha ido pouco antes à Austrália. Ou talvez a decisão tenha sido um ato de prudência , evitando a exposição de posar de ativista sendo o chefe de Estado de um dos países cobrados a contribuir para o objetivo da COP29: financiar a adaptação climática em países menos desenvolvidos - vários deles ex-colônias britânicas. O filho William dá sinais de uma monarquia modernizada. E a causa do clima se encaixa no contexto de reverter o desgaste da monarquia junto aos jovens. Um de seus grandes projetos é o Earthshot Prize, que destina anualmente £ 1 milhão para iniciativas ambientais. Este ano o anúncio dos vencedores foi na distante (de Londres) África do Sul, para onde o príncipe levou assessores e provavelmente viajou de jatinho - um dos vilões do clima. No melhor estilo RP da realeza britânica, ele mandou um recado para os críticos da fast fashion, outra vilã dos ativistas: usou um paletó vintage na cerimônia, comprado em um brechó em Londres. Um amigo a quem recorro para esclarecer questões de estilo acha que a peça parece ter sido feita sob medida por um alfaiate da Saville Row para algum aristocrata inglês antes de chegar ao brechó. E deve ter sido ajustada para ficar perfeita no príncipe, custando emissões nas idas e vindas de assessores e alfaiates. Usar roupas alugadas também virou moda para quem defende o clima. Entretanto, uma parcela de ativistas desaprova essa escolha, devido ao transporte de roupas para o aluguel e a energia dispendida para a higienização. Escolhas como roupas e viagens de jatinho colocam em evidência a frequente desconexão entre palavras e atos de celebridades que se engajam publicamente em sustentabilidade ambiental. São as contradições do clima, do RP da realeza britânica e da gestão de reputação de famosos, que precisam cada vez mais redobrar cuidados para alinhar discurso e ações. Príncipe William vai a Belém levando na bagagem as contradições entre falar e fazer da família real Leia os artigos completos na revista COP29
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