Cobrindo o Planeta: Uma análise global das práticas do jornalismo ambiental e climático Sobrecarregada por relatórios científicos complexos, desastres ambientais, movimentos do setor privado e políticas públicas relacionadas ao clima, a imprensa vive sua crise particular para acompanhar o que a organização de jornalismo climático chama de “a pauta mais importante da nossa era”. Entender a situação atual da cobertura, os desafios e facilitadores, as necessidades de treinamento e o papel das ONGs de apoio à mídia foi o objetivo do relatório Covering the Planet: Assessing the State of Climate and Environmental Journalism Globally, produzido pela Universidade Deakin, da Austrália. Publicado em junho de 2024, o estudo utilizou uma metodologia mista, combinando uma pesquisa quantitativa com 744 jornalistas de 102 países, incluindo o Brasil, e entrevistas qualitativas com 74 jornalistas de 31 países. A pesquisa revela que os jornalistas têm dado ênfase aos impactos locais das mudanças climáticas para torná-las mais compreensíveis e próximas ao público. A maioria dos jornalistas busca abordar tanto os desafios quanto as soluções, valorizando iniciativas inspiradoras que podem levar a ações positivas. Pesquisa | Covering The Planet Apesar do avanço na cobertura, o relatório aponta obstáculos que precisam ser superados. A falta de financiamento, as dificuldades no acesso a dados, a falta de apoio das redações e a desinformação, principalmente nas redes sociais, são os principais desafios enfrentados pelos jornalistas. O relatório também destaca os riscos à segurança dos jornalistas, que enfrentam assédio digital e ameaças físicas, especialmente vindas de alvos de suas reportagens. Cobertura climática : três pilares recomendados pela Covering Climate Now Um dos treinamentos recentes promovidos pela CCNow abordou os três pilares recomendados para que a cobertura engaje o público: Humanizar | dar voz aos afetados Localizar’ | trazer a história para perto da realidade da audiência Solucionar | destacar soluções, não apenas problemas Mark Hertsgaard, um dos fundadores da CCNow, disse no treinamento: "Embora nós, como jornalistas, [...] nem sempre sejamos bem pagos, somos pagos para ajudar o público a entender a emergência climática e suas muitas soluções". Na visão da CCNow, o modelo dos 3 pilares contribui para combater a desinformação e o negacionismo, engaja o público, fortalece a confiança e inspira ação. Dias antes da abertura da COP29, em Baku, a coalizão de jornalismo climático Covering Climate Now publicou um guia para orientar os que iriam acompanhar a conferência da ONU, e alertou: “Não se engane: a COP29 é muito importante. Ao lado das muitas eleições ao redor do mundo em 2024 — incluindo o retorno de Donald Trump como presidente dos EUA - ela pode ser a pauta climática mais relevante do ano.” A missão da organização tem sido tocar os tambores para que a imprensa aumente o espaço para pautas relacionadas ao clima, indo além das editorias de ciência ou meio ambiente e incluindo o tema em matérias sobre outros assuntos. O "Covering the Planet" oferece diversos insights sobre a prática do jornalismo ambiental e climático no Brasil. O desmatamento foi apontado como um dos principais focos de atenção dos jornalistas brasileiros, o que reflete a importância da Amazônia e a preocupação com a perda da biodiversidade. Entre as preocupações estão a desinformação, a dificuldade de acesso a dados, o assédio digital e a sustentabilidade das redações independentes. Apesar dos desafios, jornalistas brasileiros demonstraram otimismo quanto ao potencial de seu trabalho para gerar impacto e influenciar políticas públicas, especialmente em nível local. O Brasil no relatório Leia mais sobre a pesquisa e sobre os três pilares na revista COP29
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