Jornalistas&Cia 1489

Nós, fotógrafos e fotógrafas, precisamos unir forças para que nosso trabalho tenha mais reflexos positivos na causa do clima’ Uma imagem das enchentes no Rio Grande do Sul premiada pela Royal Meteorological Society na edição 2024 de seu concurso de fotografia de clima não mostra pessoas chorando, vítimas em macas, casas enlameadas ou carros empilhados. O gaúcho Gerson Turelly, autor da imagem, documentou a navegação solitária de um socorrista em uma rua central da cidade, com os prédios refletidos na água parada que lembrava uma calmaria. A foto foi foi a mais votada pelo público, e premiada pelo júri como a melhor na categoria Mudança Climática, criada este ano para destacar registros de fenômenos associados à crise ambiental. Gerson Turelly | Fotógrafo premiado pela Royal Meteorological Society A cena provoca uma reflexão sobre o poder da fotografia no combate à crise do clima. As imagens que documentam perdas são poderosas, mas não são o único caminho possível para comunicar a emergência ambiental. Turelly, que também leciona fotografia, falou ao MediaTalks sobre sua experiência registrando as enchentes e sua visão sobre o valor da fotografia como instrumento de conscientização e mobilização. Indo além das imagens, ele doou uma cópia da foto premiada assinada para um leilão em benefício de uma ONG que teve papel de destaque no auxílio aos afetados pelas enchentes. “Remo”, foto de Gerson Turelly premiada pela Royal Meteorological Society. A composição e a iluminação da foto foram elogiadas pelos jurados, assim como a poderosa combinação de impactos climáticos e de tempo retratados na cena. Os jurados comentaram como a imagem mostra “passado, presente e futuro”: inundações sempre existiram e exigiram adaptação, mas à medida que as mudanças climáticas aumentam a intensidade das chuvas, elas se tornam ainda mais comuns, demandando soluções como a prevenção dos riscos. Fotografei o que vi e senti A foto premiada foi feita no cruzamento de duas ruas muito movimentadas do Centro, a Caldas Jr. e Andradas, onde há shopping, museu, praças, bancos, e restaurantes. Mas as únicas pessoas que estavam ali naquele momento eram resgatistas. Um deles, voluntário, vestiu o colete, entrou em seu caiaque e seguiu em direção à área onde as águas eram mais profundas para levar itens essenciais a pessoas que ainda lá permaneciam. Naquele momento percebi que ali estava a cena que contava um pouco da história de tudo: lugar histórico, lugar de movimento (placas de trânsito, parada de ônibus, muitos prédios), inundação inacreditável e bravura dos voluntários. Fotografei o que vi e o que senti. E quem vê a foto já consegue imaginar tudo que há no seu contexto.” Leia a entrevista completa e veja outras fotos de Gerson Turelly na revista COP29

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