Jornalistas&Cia 1497

Edição 1.497 - pág. 6 Graduado em Engenharia Civil pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) em 1985, Flávio Pestana ingressou já no ano seguinte na Folha de S.Paulo, marco inicial de sua longa trajetória no mercado editorial, agora retomada. De assistente da gerente de assinaturas, ele tornou-se diretor-superintendente e ganhou assento no conselho editorial da casa. “Cuidava da parte comercial e da área de novos negócios da Folha, que desenvolveu vários projetos, como o UOL e o Valor Econômico”, diz Pestana, que assumiu a presidência do conselho de administração do UOL. Lançado em 28 de abril de 1996, três dias após a estreia do Brasil Online (BOL), da Editora Abril, o portal eletrônico da família Frias consolidou-se rapidamente, tendo, inclusive, absorvido as operações do BOL em setembro daquele mesmo ano. A seguir, Pestana saiu em busca de um sócio graúdo para colocar de pé um concorrente à Gazeta Mercantil na imprensa econômica. “Batemos nas portas de um monte de gringos: Dow Jones, Washington Post, Bloomberg etc. Como essas investidas deram em nada, resolvemos conversar com grupos locais”, conta ele. Os candidatos a parceiro da Folha na empreitada eram O Estado de S. Paulo e O Globo. O acionista Luiz Frias queria iniciar negociações com a família Mesquita, do Estadão, mas foi convencido por Pestana de que deveriam procurar, em primeiro lugar, a família Marinho. “Ponderei com o Luís que uma parceria com O Globo seria muito mais vantajosa para nós, pois o novo jornal contaria, desde o seu surgimento, com plantas de impressão em São Paulo e no Rio”, diz ele. Como os Frias e os Marinho não se bicavam à época, Pestana foi encarregado da sondagem. O executivo da Folha apresentou a proposta de joint venture a João Roberto Marinho, diretor de O Globo, em um almoço no Rio de Janeiro. A conversa fluiu solta entre os dois, que mantinham contato regulares já há um bom tempo, nas reuniões da Associação Nacional dos Jornais (ANJ). “Saímos do almoço meio apalavrados. Pouco tempo depois, fechamos negócio e começamos a tocar o projeto em frente”, conta Pestana. “As duas famílias me convidaram para ser o presidente do novo jornal, o Valor Econômico, pois eu mantinha bom relacionamento com ambas”. O Valor foi lançado em maio de 2000 e repetiu o sucesso do UOL, suplantando rapidamente a Gazeta Mercantil em tiragem e prestígio. Pestana seguiu à frente do jornal até maio de 2003, quando decidiu respirar novos ares. Trabalhou na Gazeta Mercantil, na ocasião comandada por Nelson Tanure, e na Rede Bom Dia e no Diário de S. Paulo, de J. Hawilla (19432018), atuou no outro lado do balcão, pilotando a divisão de relações com investidores da CDN, e ocupou a diretoria comercial de O Estado de S. Paulo durante cinco anos, até o início de 2019. Já com boa quilometragem no meio editorial, Pestana lançou-se por conta própria, no fim da última década, a novas atividades. Tornou-se sócio de uma firma voltada à contratação e à recolocação de executivos e de uma empresa de serviços financeiros. O passado profissional, no entanto, continuou presente no seu dia a dia: a grade maioria dos clientes dos dois negócios eram grupos de comunicação interessados em contratar profissionais ou encontrar sócios para as suas operações. “Em resumo, eu saí da mídia, mas a mídia não saiu de mim”, constata ele. jovem empresa, como a nossa”, comenta Pestana, que planeja novas contratações a médio prazo. “Pensamos em reforçar a equipe à medida que formos ganhando musculatura, mas sempre tendo em mente que o nosso modelo editorial não demanda profissionais em quantidade, e sim de qualidade. Além disso, vamos recorrer a freelancers sempre que necessário”. u Como não será cobrado “pedágio” dos internautas, as receitas do portal dependerão, num primeiro momento, de anúncios e conteúdos de marca produzidos pela casa. Mais para a frente, sem cronograma estabelecido, os três sócios pretendem realizar eventos. “Só iremos atuar nesse mercado, no entanto, quando a nossa marca estiver consolidada. Assim que chegar a hora, a intenção é promover eventos exclusivos e diferenciados, fora da ‘caixinha’”, diz Pestana. u Prestes a ter início, a divulgação do Brazil Economy será feita por meio de ações de marketing digital com foco prioritário nas redes sociais. Mais do que grandes números, a meta é obter uma audiência qualificada, o que inclui, segundo Pestana, negociantes, empresários, executivos c-levels, bancos de investimento e a comunidade que presta serviços às empresas. “Ficaremos satisfeitos com a conquista de 15 mil a 20 mil leitores regulares no target definido”, diz ele. Nacionais “Eu saí da mídia, mas a mídia não saiu de mim” Flávio Pestana

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