Jornalistas&Cia 1503

Especial Manchete ANOS Manchete’, contou”, diz Muggati. “Foi uma escolha muito feliz, pois o título tem tudo a ver com uma revista ilustrada”. Com tiragem por volta de 30 mil exemplares, 40 páginas e minguados quatro anúncios, o primeiro número ficou a dever. O texto principal, com direito a foto de capa, foi um insosso ensaio com cinco beldades, entre as quais as bailarinas clássicas Tamara Capeller e Inês Litowski, clicadas por Orlando Machado nos salões do Museu Histórico Nacional. A edição salvou-se graças a duas reportagens recheadas de fotos – sobre os reduzidos quóruns nas sessões da Câmara dos Deputados, assinada por Jean Manzon (1915-1990) e Rui Pena, e peças do acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp), apresentadas de forma bem-humorada pelo diretor da casa, Pietro Maria Bardi (19901999) – e a três obras literárias: a crônica Cultive o seu neto, de Carlos Drummond de Andrade (19021987), e os contos O pequeno sanfonista, de Cyro dos Anjos (1906-1994), e O homem que se perdeu a si mesmo, de Giovanni Papini (1881-1956). “Ou nos entregamos a nossos netos com uma total cumplicidade, regalando-nos com a fina graça animal deles, bichinhos ainda puros e famintos de vida, ou nos contemplaremos no espelho e sentiremos tédio e vontade de cuspir. Desejo um neto para cada pessoa que me lê”, escreveu Drummond, que se tornara avô de Carlos Manuel Graña Drummond 16 meses antes. O autor de Confissões de Minas e A rosa do povo tinha a companhia no quadro de colaboradores da revista de alguns dos mais destacados nomes da literatura nacional: Manuel Bandeira (1886-1968), Rubem Braga (1913-1990), Fernando Sabino (1923-2004), Sérgio Porto (1923-1968), Paulo Mendes Campos (1922-1991), Orígenes Lessa (1903-1986), Lygia Fagundes Telles (1918-1922), entre outros. Sabino estreou na edição 11, de 5 de julho de 1952, com a crônica Água mole e assumiu, em janeiro do ano seguinte, a seção Sala de Espera, que trazia semanalmente uma crônica e verbetes do Dicionário de lugares-comuns e ideias convencionais. Conhecido também como Stanislaw Ponte Preta, Porto deu a largada na edição 28, de 1.o. de novembro de 1952, à coluna O episódio da semana, de crônicas, que seria publicada até a reta final de 1956. As atenções dispensadas a Rubem Braga foram literalmente redobradas, ao menos de início. O escritor capixaba ganhou, na edição 67, de 1.o. de agosto de 1953, as Duas páginas de Rubem Braga, que apresentavam crônicas do titular, as colunas A poesia é necessária e Gente da cidade, e ilustrações do arquiteto Eduardo Anahory (1917-1985) e depois do multimídia Carlos Thiré (1917-1963). O espaço Adolpho Bloch https://pt.wikipedia.org/w/index.php?curid=2890737

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