Especial Manchete ANOS De volta a Manchete no início dos anos 1970, após breves passagens por Veja e Ele Ela, Muggiati tornou-se o braço direito de Justino. Passou, inclusive, a comandar a redação ao fim de cada primeiro semestre, período em que o diretor da revista batia cartão religiosamente no Festival de Cannes, na França, hábito que lhe valeu o apelido de Cidadão Cannes. Em julho de 1975, o interino foi efetivado por Adolpho, que rebaixou Justino, recém-chegado da Cote D’Azur, do oitavo para o sétimo andar do Edifício Manchete, onde o jornalista gaúcho passou a responder pela também semanal Fatos e Fotos em um acanhado “aquário”, sem direito a ar refrigerado e outras regalias. “No meu aniversário, Adolpho chamava todo mundo no fim da tarde para tomar champanhe Moët Chandon. Já no aniversário do Justino ele servia sidra”, lembra Muggiati. A troca, ao contrário do que ocorrera após a demissão de Hélio Fernandes, em 1953, não freou o carro-chefe da Bloch Editores. As séries especiais continuaram na ordem do dia. Em 1975, por exemplo, Ivan Lemos produziu os nove episódios de 80 Anos de Cinema, com a média de seis páginas cada. Para consolo dos leitores órfãos de As obras-primas que poucos leram, que viviam pedindo o retorno da seção, a edição 1.391, de dezembro de 1978, promoveu a estreia de Viagens Imaginárias, centrada em locais que marcaram vidas e obras de notáveis como Ludwig van Beethoven (1170-1827), William Faulkner (1897-1962), Italo Svevo (1861-1928), os modernistas brasileiros de 1922 etc.. A atração permaneceria em cartaz, com intervalos, até 1998. A cobertura também esquentou com a chegada do consagrado repórter David Nasser (1917-1980), em fevereiro de 1976, e em razão da criatividade da casa. Na quarta-feira 3 de novembro daquele ano, Manchete chegou às bancas anunciando que Jimmy Carter (1924-2024) vencera na véspera a eleição presidencial dos Estados Unidos. Os impressos diários, que só dariam a notícia na quinta, seriam “furados” pela revista em disputas pela Casa Branca em cinco outras ocasiões. “Como o resultado saía na primeira terça de novembro, preparávamos edições com capas e perfis dos candidatos democrata e republicano. Assim que o vencedor era anunciado, o correspondente em Nova York ligava para a gráfica e mandava imprimir esta ou aquela”, diz Muggiati. A nota lamentável daquele período foi a publicação, na edição 1.278, de outubro de 1976, de Fleury, o superdelegado, sobre ele mesmo: Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979), figura de proa do David Nasser
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