Jornalistas&Cia 1503

Edição 1.503 - pág. 6 ANOS Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Meninas e mulheres estão no front da batalha climática − mas por que elas aparecem tão pouco na mídia? Leia mais No mês do Dia Internacional da Mulher, International Women’s Media Foundation vai premiar coragem de jornalistas e fotógrafas. Leia mais Estudo do Instituto Reuters expõe desigualdade na mídia: mulheres são 40% dos jornalistas, mas só 27% delas lideram redações. Leia mais No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Instituto Reuters e a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) estão lançando luz sobre os persistentes desafios enfrentados pelas mulheres jornalistas. Esses desafios não apenas afetam as profissionais individualmente, mas também prejudicam a sociedade como um todo, sobretudo ao impactar a cobertura sobre questões de gênero e direitos das mulheres. Ciberataques e autocensura Um dos maiores desafios é o assédio digital, que leva muitas jornalistas à autocensura, prejudicando o direito do público à informação. Uma pesquisa da RSF revela que quase 60% dos jornalistas conhecem colegas que foram vítimas de ataques online em razão do seu trabalho. A impunidade agrava ainda mais esse cenário, com 93% dos entrevistados afirmando não conhecer nenhuma condenação de agressores. Essas ameaças virtuais frequentemente ultrapassam o mundo digital, afetando a segurança física e a saúde mental das jornalistas e de suas famílias. A cobertura de questões de gênero é particularmente afetada, com jornalistas que escrevem sobre temas como direitos reprodutivos e violência contra a mulher expostas a violentas campanhas de ciberassédio e intimidação, incluindo ameaças de estupro e agressões físicas. Para mitigar esses problemas, a RSF sugere uma série de medidas: os governos devem garantir a proteção de jornalistas que abordam direitos das mulheres, criminalizar o assédio digital e promover a igualdade de gênero nas redações. Mulheres no Jornalismo: ciberataques, autocensura e a eterna sub-representação na liderança Além disso, a criação de comitês nacionais de segurança e a nomeação de responsáveis pela investigação desses crimes nas forças policiais são essenciais, assim como a ação das plataformas digitais para combater ataques. As redações, por sua vez, devem instituir a função de editor de gênero, incentivar a participação em redes investigativas e oferecer treinamento sobre assédio online, conforme recomendação da entidade. Sub-representação na liderança O Instituto Reuters também aproveitou o dia 8 de março para divulgar seu mapeamento anual sobre a presença de mulheres na liderança principal das maiores redações de 12 países, incluindo o Brasil. E os resultados continuam preocupantes. Embora as mulheres representem 40% da força de trabalho em jornalismo, elas ainda enfrentam barreiras para ascender a cargos de liderança. Globalmente, apenas 27% dos cargos de chefia editorial são ocupados por mulheres. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante, com a participação feminina na liderança editorial caindo de 22% em 2020 para 21% em 2025. O Brasil apresenta uma das maiores disparidades entre a proporção de mulheres jornalistas e sua presença como principais líderes das redações, evidenciando normas de gênero arraigadas e ambientes de trabalho predominantemente masculinos. O estudo do Reuters recomenda que as empresas jornalísticas implementem iniciativas que promovam a equidade de gênero, a fim de assegurar que mais mulheres alcancem o topo. A proteção da liberdade de imprensa e a valorização das vozes femininas no jornalismo dependem da implementação dessas medidas.

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