Jornalistas&Cia 1505

Edição 1.505 - pág. 7 ANOS Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, 21 de março, um novo relatório do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo trouxe mais dados preocupantes sobre a diversidade na mídia. A análise de 100 grandes veículos de notícias, tanto online quanto offline, em cinco mercados (Brasil, Alemanha, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos), revelou que apenas 17% dos 70 principais líderes são pessoas negras ou não brancas. Nos EUA, esse grupo inclui também asiáticos e latinos. O percentual representa uma queda de seis pontos em relação aos 23% registrados no ano anterior e marca o maior recuo desde o início da coleta de dados, em 2020, quando a proporção era de 18%. O cenário no Brasil é particularmente crítico e evidencia uma persistente desigualdade nas redações. Pelo quinto ano consecutivo, desde 2021, nenhuma das organizações jornalísticas analisadas no País tem uma pessoa negra no cargo de editor principal. Essa ausência de representatividade no topo ocorre em um país onde 57% da população se identificam como negras, segundo o relatório. O estudo utilizou como metodologia a seleção dos dez maiores veículos de notícias online e os dez maiores offline em cada um dos cinco mercados, com base nos dados do Digital News Report 2024 do Reuters Institute. Na Alemanha, assim como no Brasil, nenhum dos veículos analisados tem um editor principal negro desde 2021, apesar do histórico de migração do país. No Reino Unido, a situação piorou em 2025: Relatório expõe desigualdade racial na imprensa: Brasil segue sem editores negros liderando grandes redações após alcançar 7% de representatividade em 2024, o país voltou ao patamar de 2020, sem nenhum editor negro nos veículos pesquisados. Nos Estados Unidos, a proporção de editores principais não brancos caiu para 15% em 2025 – uma queda expressiva em relação aos 29% do ano anterior. Ainda assim, os EUA seguem à frente de Alemanha e Reino Unido em termos de diversidade racial na liderança da mídia, embora essa tendência possa mudar com as políticas anti-DEI de Donald Trump. A África do Sul, apesar de continuar sendo o país com a maior proporção de editores principais negros (63%), também apresentou uma redução nos últimos anos (eram 71% em 2024 e 80% em 2023). Com exceção da África do Sul, todos os países analisados mantêm uma porcentagem de editores não brancos muito abaixo da representatividade desses grupos na população geral. O cenário torna-se ainda mais desanimador quando lembramos que há duas semanas outro relatório do mesmo Instituto Reuters apontou desafios semelhantes em relação à diversidade de gênero nas lideranças editoriais. Globalmente, apenas 27% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante: a participação feminina na liderança editorial caiu de 22% em 2020 para 21% em 2025. Os dados reforçam uma constatação que, embora não seja nova, continua decepcionante: a diversidade nas chefias, amplamente defendida pela imprensa e implementada em diversas empresas e organizações, ainda enfrenta barreiras para se concretizar dentro das principais redações. Começa nesta quinta (27) o 26º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ). Encontro pode ser acompanhado pelo YouTube. Leia mais Como um jornalista recebeu por engano os planos de ataque dos EUA ao Iêmen pelo Signal - e revoltou governo Trump. Leia mais Mongabay Latam lança Rede PUMA para enfrentar desafios do jornalismo ambiental na América Latina. Leia mais

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==