Jornalistas&Cia 1506

Edição 1.506 - pág. 30 ANOS n A história desta semana é novamente de Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto ([email protected]), assíduo colaborador deste espaço, que esteve por muitos anos no Estadão e hoje atua em sua própria empresa de comunicação. Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected] – 11-99689-2230) • Editor executivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Hellen Souza ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-99915-1295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana (pr-santana@ uol.com.br – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro (silvio@ jornalistasecia.com.br – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539) A insistência de um amigo de Itu em comprar um casal de tamanduás para acabar com as formigas que realmente parecem, por aqui, maiores e mais xeretas que a média, remete à memória o drama da festa de aniversário de um tamanduá órfão, no Zoológico, onde um fotógrafo da Folha pisou no ‘boloformiga’ e a jaguatirica Tiririca brigou com o quati Genivaldo, alguém chutou o pau da barraca e acabou com a festa. O começo da história foi quando o saudoso Mário Autuori me contratou para fazer os press releases do Zoo de São Paulo (embora as más línguas assaquem aleivosias, dizendo que minha função era substituir o gorila Virgulino nas folgas dele). O público só vê os zoológicos como exposição de animais, mas 90% do trabalho não aparecem, e são esforços científicos para reproduzir animais ameaçados. Daí todo o cuidado com uma fêmea de tamanduá-bandeira levada prenhe ao Zoo. O parto não foi fácil, porém, a equipe precisou ajudar, manusear o filhotinho e a ‘tamanduoa,’ que não é lá muito inteligente cheirou o filhote, sentiu o cheiro da veterinária e concluiu que o tamanduazinho era gente e não bicho e o repudiou. Deu um trabalho incrível ordenhar a ‘tamanduoa’, analisar seu leite e fazer um leite artificial, mistura de leite em pó, gema de ovo, vitaminas e sei lá mais o quê, para numa mamadeira de boneca amamentar o filhotinho órfão de mãe viva, com o agravante de que era a primeira vez no mundo que se tentava criar um tamanduá recém-nascido sem a mãe. A história da criação do bichinho virou trabalho científico publicado Luiz Roberto Souza Queiroz O aniversário do tamanduá órfão em inglês e foi tão importante que no primeiro aniversário do tamanduazinho a cozinha do Zoo preparou um ‘boloformiga’ no qual as ‘formigas’ eram representadas por fragmentos de chocolate, aqueles que tradicionalmente recobrem o brigadeiro e foram ‘convidados’ os jovens macacos-pregos, a jaguatirica, um quati e o único filhote de mico-leão-negro, espécie raríssima que só sobrevivia no Pontal do Paranapanema e hoje talvez esteja extinta. É claro que chamei a imprensa, tive que explicar que na ‘festa’ não seria servida formiga de verdade, principalmente porque tamanduá que se preza até pode comer formiga, mas sua dieta é basicamente de cupins, que ‘cava’ nos cupinzeiros com suas imensas e fortes unhas que mais de uma vez deram cabo de animais muito maiores do que eles, por isso o provérbio de ‘abraço mortal de tamanduá’. Tudo ia bem até que o fotógrafo da Folha pisou no bolo, escorregou e um pouco de glacê espirrou nos olhos da jaguatirica, que, sem enxergar direito achou que a culpa era do quati que diligentemente começou a lamber o glacê do focinho da outra. A festa acabou virando briga de ‘saloon’ de dar inveja a produtor de filme western. A história saiu em todos os jornais. Voltando à história, depois da experiência no Zoo paulistano, no mundo inteiro os zoológicos começaram a tentar criar tamanduás órfãos com o leite especial sintético e ainda recentemente o Zoo de Sorocaba, Quinzinho de Barros, deu uma festa de aniversário para Ziraldo, tamanduá também abandonado pela mãe, que lá nasceu em 2019. O presente, é claro, foi um grande cupinzeiro acondicionado dentro de uma caixa de papelão. O tamanduá adorou, mas é um bicho sempre bem-humorado e que só não gosta de ser chamado pelo seu nome científico, Myrmecophiga tridactyla, que, quando ouve, olha de lado como quem quer dizer que “myrmecophiga é a mãe”.

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