Edição 1.506 - pág. 8 ANOS Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Jornalista da BBC que cobria protestos na Turquia é preso e deportado: ‘ameaça à ordem pública’. Leia mais Botafoguenses em transe, enchentes no RS, seca na Amazônia: veja as fotos do Brasil premiadas no World Press Photo 2025. Leia mais Dia da Mentira: relembre trotes históricos da imprensa global que enganaram até a mídia brasileira. Leia mais Menos de cinco anos após os avanços em Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) desencadeados pelo assassinato de George Floyd, em maio de 2020, o mundo presencia um retrocesso drástico nessa área. Embora fosse esperada uma mudança de rumo sob Donald Trump, a extensão das medidas e o clima de “caça às bruxas” que se instalou, atingindo até empresas estrangeiras, são impressionantes. Indo além das críticas ao politicamente correto, Trump usou a caneta para implementar duas ordens executivas desmantelando todos os programas federais de diversidade, equidade e inclusão e acessibilidade, classificando-os como “ilegais e imorais” e um desperdício de recursos públicos. Em tese, as medidas aplicam-se apenas a órgãos do governo. Mas em um paper analisando os decretos, a Harvard Law School recomendou que os empregadores do setor privado monitorem cuidadosamente o cenário, pois embora não sejam o alvo primário, podem ser objeto de investigações e processos com base em informações sobre programas de DEI solicitadas por órgãos reguladores. Essa influência no setor privado já começou a se concretizar até sobre empresas de mídia. Na semana passada, a Federal Communications Commission (FCC) anunciou que investigará a Walt Disney Company e a rede ABC, que faz parte do grupo, sob alegação de possíveis violações das regulamentações de igualdade de oportunidades de emprego. Enquanto isso, em linha com a advertência da Harvard Law School, a DEI vai sendo abandonada voluntariamente, mesmo fora dos EUA. O jornal Sunday Diversidade em xeque nos EUA e no mundo: “O novo normal” na era Trump? Times apontou que a gigante britânica de publicidade WPP removeu todas as referências a “diversidade, equidade e inclusão” de seu relatório anual, publicado na semana passada. Segundo o jornal, o CEO do grupo, Mark Read, declarou a acionistas que “muita coisa mudou em relação ao ano passado devido a circunstâncias políticas”. Donald Trump não pode punir empresas que não operem no país. Mas, em sua política contra a DEI, pode ameaçar companhias que façam negócios com os EUA, e isso também já começou a acontecer. O Financial Times e o Politico noticiaram o envio de cartas da administração Trump a grandes empresas europeias por meio de suas embaixadas, avisando que fornecedores ou prestadores de serviços ao governo americano devem cumprir as ordens executivas que proíbem programas de DEI. Elas deverão preencher um questionário de conformidade. A reação de governos do bloco, como o da França e da Bélgica, foi de forte rejeição, considerando a ação uma interferência americana inaceitável em suas políticas internas. Mas até onde poderá ir a resistência? E como esse movimento influenciará empresas não reguladas ou que não façam negócios com os EUA mas que se inspiram nas práticas da maior economia do mundo? Com a mudança no cenário impulsionada pelos EUA, algumas empresas podem sentir que não enfrentarão mais as mesmas crises de imagem ao reduzir ou abandonar seus programas de DEI − e esse retrocesso pode virar o “novo normal”, fazendo o mundo andar muitas casas para trás na busca por igualdade. A esperança pode estar nas mãos de líderes e profissionais de comunicação que encontrem formas criativas de manter a chama viva, esperando que a tempestade que se abateu sobre a DEI um dia passe.
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