Jornalistas&Cia 1507

Edição 1.507 - 9 a 15 de abril de 2025 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL Jean Charles revisitado Luciana Gurgel aborda os erros na cobertura da imprensa sobre a morte de Jean Charles de Menezes em Londres, que completará 20 anos. Pág. 27 +Admirados da Imprensa do Agro terá 50 homenageados Começa nesta quinta-feira (10/4) o primeiro turno da eleição dos +Admirados da Imprensa do Agronegócio 2025. Pág. 30 Reprodução dos principais trechos do debate sobre (Des)Inteligência Artificial: O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano, entre Eugênio Bucci, Francisco Belda e Pedro Doria. Pág 3 “É preciso inseminar as informações na sociedade” cottonbro studio: www.pexels.com/pt-br

O presente e o futuro do Jornalismo No rastro da COP30 O Jornalismo, o meio ambiente e as catástrofes ambientais – A dura missão de lutar contra o negacionismo e o poder econômico Nossas convidadas - Insights - Veronica Goyzueta Daniela Chiaretti Kátia Brasil Profa. Maria Elisabete Antonioli Data: 28 de abril de 2025 Local: ESPM Tech Rua Joaquim Távora, 1.240 , Vila Mariana, São Paulo O ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights é uma iniciativa de Jornalistas&Cia, concebida para celebrar seus 30 anos de vida, que conta com a parceria da ESPM e do Portal dos Jornalistas. Serão, ao todo, sete encontros entre os meses de março e setembro, sempre na última segunda-feira de cada mês, no horário de 9h30 às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana). Os encontros serão gratuitos e com vagas limitadas à capacidade do auditório da ESPM Tech, de 120 lugares. As inscrições serão abertas sempre com três semanas de antecedência em relação a cada uma das etapas. Haverá transmissão ao vivo pelo Youtube. Próximos encontros O ciclo Organização e Realização: Apoio Institucional • 26/05/2025 – Fake News | O Jornalismo sob o impacto da desinformação – Qual o tamanho dessa batalha e os riscos para a democracia? • 30/06/2025 – Nativos Digitais | Experiências digitais que estão transformando e revitalizando o Jornalismo brasileiro • 28/07/2025 – Jornalismo Investigativo | Os caminhos e avanços das investigações jornalísticas com o Jornalismo de Dados e sob ataque do poder político e econômico • 25/08/2025 – Autoritarismo vs. Democracia | O papel do Jornalismo e da sociedade no combate às ideologias extremistas. Onde estamos errando e onde estamos acertando? • 29/09/2025 – A Imprensa como Quarto Poder | Caminhos para a revitalização e o fortalecimento do Jornalismo no Brasil apresenta o ciclo Moderadora

Edição 1.507 - pág. 3 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL Dia do Jornalista é sempre um momento especial de reflexão e de análise sobre nossas origens, nosso estágio atual e para onde estamos indo. E é um dia que paralelamente celebra nossa entidade mater, a ABI – Associação Brasileira de Imprensa, fundada num 7 de abril no longínquo 1908, portanto, 117 anos atrás. O “Mais do que disseminar informações, é preciso inseminá-las na sociedade” Assim, nada mais oportuno que essa celebração seja também o marco inaugural do ciclo que dá início às comemorações dos 30 anos deste Jornalistas&Cia, a se completarem em setembro. Ele se propõe a debater, em sete sucessivos encontros mensais, O presente e o futuro do Jornalismo, com o estratégico apoio da ESPM e de seu Curso de Jornalismo, dirigido pela professora Maria Elisabete Antonioli. Não à toa, o primeiro desses sete encontros, realizado em 31 de março, colocou em debate o tema (Des)Inteligência Artificial: O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano, com as participações de três profissionais que têm dado excepcional contribuição ao jornalismo, seja nele atuando diretamente em veículos seja dedicando boa parte do tempo a atividades acadêmicas e junto a instituições consagradas do Jornalismo brasileiro. Estamos falando de Eugênio Bucci (ECA-USP), Francisco Rolfsen Belda (Unesp/Projor) e Pedro Doria (Meio), com moderação do professor Antonio Rocha Filho, da ESPM. Não faltou emoção logo na estreia do ciclo, que se desenrolará até setembro, sempre nas últimas segundasfeiras de cada mês, em encontros presenciais abertos e gratuitos, também transmitidos ao

Nesta semana, as notícias dividem as páginas com as homenagens. 07 de abril - Dia do Jornalista. vivo.com.br

Edição 1.507 - pág. 5 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL vivo pela internet. Na noite anterior (30/3), um problema técnico com os servidores da ESPM Tech, em São Paulo, onde o encontro seria realizado, na rua Joaquim Távora, 1.240, obrigou a sua transferência na última hora para o auditório principal do campus da rua Álvaro Alvim, distante 500 metros. O dia ajudou. Manhã de sol, clima ameno de começo de outono, uma equipe de apoio superatenta a todos os detalhes, sobretudo em função da transferência de endereço, e o entusiasmo dos organizadores tanto deste J&Cia, quanto da ESPM. Se, de um lado, a mudança trouxe a apreensão natural de uma crise de última hora, por outro proporcionou a experiência diferenciada de uma breve convivência com centenas de jovens alunos e alunas da graduação, em contínuo movimento nas entradas e saídas das salas de aula. Parte deles, aliás, do curso de Jornalismo, deslocado para o debate que abriu as celebrações dos 30 anos deste J&Cia. Tudo, ao contrário do que se poderia imaginar, contribuiu para um evento do mais alto nível, que reuniu no auditório estudantes e profissionais naquela que todos consideram a mescla ideal em qualquer atividade profissional: experiência e juventude convivendo sob o mesmo teto na busca da excelência profissional. O repórter Victor Felix acompanhou as discussões e reproduz nesta edição especial os principais temas debatidos, em que a formação pessoal dos profissionais da área foi ponto central. Boa leitura! Pedro Doria, Francisco Belda, Antonio Rocha Filho e Eugênio Bucci Roberto Braga Barbieri/ESPM

Edição 1.507 - pág. 6 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL sociedade, leitores, ouvintes, espectadores, com as novas gerações de profissionais e com as novas tecnologias que surgem e nos desafiam a repensar o que é ser jornalista. É sobre um desses desafios que vamos falar hoje: qual o lugar do jornalismo num mundo dominado por algoritmos? Como preservar a essência da profissão diante de uma avalanche de dados, plataformas, IA e automação? E, talvez o mais importante: o que significa hoje ser um algoritmo humano, capaz de traduzir o mundo de forma ética e responsável. Mais do que buscar respostas prontas, a proposta de hoje é provocar reflexões. Queremos que este seja um espaço de trocas, em que possamos sair com mais perguntas, pois sabemos que o bom jornalismo não vive de respostas fáceis, mas de boas perguntas. Um ponto de partida”. Na introdução, o professor e mediador Antonio Rocha Filho falou sobre a a abertura, Eduardo Ribeiro, diretor de J&Cia, resumiu as atividades programadas para a comemoração dos 30 anos, entre elas a retomada da eleição dos 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros, realizada dez anos atrás. Especificamente sobre o ciclo que ali se iniciava, declarou: “Se tem algo que aprendemos ao longo desses anos é que jornalismo não se faz sozinho. Jornalismo se faz em diálogo com a Eduardo Ribeiro A “crise da crítica” N Roberto Braga Barbieri/ESPM Markus Winkler: www.pexels.com/pt-br

Hoje, a Bosch celebra o trabalho incansável dos jornalistas, que com profissionalismo e visão, informam, analisam e inspiram a transformação do setor automotivo. Parabéns pelo compromisso com a informação e pelo impacto que geram na sociedade. Let’s shape a new era of mobility. Together. @ Bosch Brasil Juntos, impulsionamos o futuro da mobilidade! Acesse conteúdos exclusivos para a imprensa em: https://www.bosch-press.com.br

Edição 1.507 - pág. 8 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL importância do tema do debate: “Na história e evolução do jornalismo, nossa atividade esteve sempre muito ligada à tecnologia. Quando pensamos, desde o comecinho, na história do jornalismo, passamos pela prensa de Guttenberg, depois veio o telégrafo, posteriormente chega a evolução das mídias de massa, como rádio e TV, e nos anos 1990 começa a internet comercial que tem impacto muito forte em nossas atividades. Eu mesmo, que estava na época na redação da Folha, vivenciei todo esse processo e percebi como isso tudo mudou nossa forma de produção e de pensar e fazer jornalismo. Posteriormente, chegam as redes sociais como um canal muito importante e muitas vezes, na verdade, o principal para a divulgação do trabalho jornalístico. Anos mais tarde, essa evolução caminha para os algoritmos e agora, de dois a três anos para cá, temos a presença da inteligência artificial, que impactou significativamente a sociedade como um todo, e mais especificamente a nossa profissão. Então, nossa atividade, nesse contexto social, está muito inflamada e impactada pelas tecnologias, pela inteligência artificial, e isso muda completamente as nossas concepções e percepções sobre o fazer e pensar jornalístico”. Ao longo do debate, Francisco Belda apontou algumas questões (ou como ele descreveu, “inquietações”) que assolam o jornalismo há décadas e que são responsáveis pela crise que a profissão enfrenta na atualidade. Para o professor e pesquisador, existe a chamada “crise da crítica”, na qual as pessoas deixam de criticar, de questionar o que acontece na sociedade e, consequentemente, de estimular o debate público. Além disso, passam a ser comuns ataques e agressões àqueles que ainda criticam, que ainda questionam. “É uma crise do reconhecimento do criticismo como instrumento de pauta do debate social”, disse Belda. “E essa crise não atinge só o jornalismo. Atinge também as sociedades científicas, instituições que de alguma forma se legitimam através de seus métodos e do racionalismo que inspira suas práticas. Existe uma espécie de revolta cottonbro studio: www.pexels.com/pt-br

Edição 1.507 - pág. 10 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL contra esse oligopólio da razão. Temos sentido na pele uma espécie de desprestigio. A audiência nos aplaude, mas também nos ataca. E não só os jornalistas são alvos desses ataques, também as autoridades em geral, principalmente as que têm na intelectualidade o seu lastro, o seu esteio, a sua referência. Xingar repórteres, juízes, religiosos e outras profissões que antes costumavam ter este oligopólio do discurso tem se tornado comum”. Outro ponto que ele levantou foi a perda da capacidade de inseminar a informação na sociedade. Segundo Belda, mais do que disseminar a informação, é preciso inseminar a informação na sociedade, fazer com que as informações entrem na mente do povo, se enraízem e estimulem o senso e o pensamento crítico. Perdeu-se a capacidade de inseminar a crítica na sociedade: “O jornalismo, idealmente, não deveria se caracterizar pela divulgação dos saberes, e sim pela capacidade de exercer uma crítica sobre esses saberes, o que obviamente contribui para sua disseminação, mas com um tempero próprio do jornalismo, que é o tempero do criticismo. Nós perdemos essa capacidade de inseminar a sociedade com debates, pois hoje ela está nas redes, nos influenciadores, nos perfis polemistas, que na verdade se afastam de um debate no qual a racionalidade deveria ser a mediadora. Isso abre margem para narrativas sensacionalistas que inflamam as massas e acabam inseminando a sociedade com desinformação e extremismos”. O professor da Unesp chamou a atenção para outro problema grave do jornalismo contemporâneo: a renúncia a desenvolver e controlar seus próprios produtos. Hoje, os veículos jornalísticos dependem muito de canais que não lhe são próprios para disseminar seus conteúdos: “Nós nos acomodamos, embarcamos nossos conteúdos em canais que não são nossos. Isso se traduz na propaganda que os veículos fazem de si mesmos, chamando para que Pedro Doria e Francisco Belda Roberto Braga Barbieri/ESPM

Semear a informação para colher uma sociedade melhor para todos A Cargill ocupa uma função central na cadeia de suprimentos ao conectar quem produz alimentos com consumidores em todo o mundo. Nessa jornada para a construção de uma cadeia de fornecimento cada vez mais resiliente e acessível, nós reconhecemos e celebramos a missão dos profissionais do jornalismo que se dedicam à informação de qualidade e à transparência. cargill.com.br 60Anos Cargill Brasil, há 60 anos nutrindo o mundo.

Edição 1.507 - pág. 12 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL acessem, que assistam nas redes sociais, nos streamings, sendo que esses canais não são deles próprios”. “Essa renúncia a desenvolver produtos se traduz em incapacidade e incompetência para desenvolver, se houvesse meios para tal”, concluiu Belda. “Junto da renúncia surge uma espécie de hiato de conhecimento. Você acaba dependendo muito de outras plataformas que não próprias para desenvolvê-los. Surge dependência grande de plataformas de terceiros para disseminar conteúdo”. Eugênio Bucci também falou sobre essa chamada “crise da crítica”. O professor e pesquisador destacou a importância do jornalismo para estimular o pensamento crítico do povo sobre a sociedade: “O poder emana do povo. E é por isso que existe o jornalismo, pois se acredita que, para melhor criticar o poder, o povo e os cidadãos precisam ter informação, por isso existe a imprensa”. A Uber e o Estadão Verifica firmaram uma parceria para combater fake news no setor de mobilidade urbana e reforçar o papel do jornalismo profissional. A iniciativa visa a desmentir informações falsas e conscientizar o público sobre os impactos negativos da desinformação. Para Saulo Passos, diretor de comunicação da Uber na América Latina, o fenômeno afeta tanto pessoas quanto empresas. “A Uber tornou-se sinônimo da categoria, o que nos torna alvos preferenciais de fake news. Isso pode comprometer a segurança dos usuários e motoristas parceiros”, explica. “Em um mundo em que as informações circulam de maneira cada vez mais rápida, ter fontes confiáveis que possam verificar e contextualizar os acontecimentos é fundamental”, completa Passos. Desde 2019, a Uber investe em ações contra notícias falsas, como parcerias com Abraji e Redes Cordiais. Entre as ações, destaca-se um curso de capacitação para jornalistas promovido em 2023, voltado a aprimorar a verificação de informações em um ambiente de alta pressão e engajamento. Daniel Bramatti, do Estadão Verifica, reforça que a colaboração entre empresas e a imprensa é essencial. “A desinformação é como poluição. Quando uma empresa investe na checagem de fatos, colabora para um ambiente informativo mais limpo e saudável”, afirma. A parceria busca ampliar o alcance das iniciativas contra a desinformação e fortalecer o acesso a fontes confiáveis e profissionais. Uber e Estadão Verifica firmam parceria contra a desinformação Branded content

Edição 1.507 - pág. 13 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL “Acredito que vivemos hoje uma crise na qual a informação, o relato sobre o que se passa, não chega aos cidadãos, ao povo. Temos muito poucas informações sobre como o poder é conduzido”, refletiu. “Nossa capacidade de abastecer o público com informações que possibilitam o povo a pensar e escolher o que é melhor, criticar, está interrompida. Alguma coisa ainda chega, mas muito pouco. Se isso se fechar por completo, tudo o que é visto como democracia e liberalismo acaba”. Bucci reiterou que o jornalismo e as informações de qualidade, bem apuradas, são essenciais para a formulação do pensamento crítico e do livrearbítrio das pessoas: “As informações, os dados do jornalismo, dão às pessoas base para formulação de opiniões, para julgar, criticar, para ter discernimento sobre o que acreditam ser certo e errado. O futuro do jornalismo e da própria democracia é o de histórias que se cruzam

Edição 1.507 - pág. 14 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL futuro da possibilidade de mantermos a sociedade informada”. O professor falou também sobre a busca incessante por audiência, por likes, que atinge a sociedade como um todo, e o jornalismo não é exceção: “Um dos sintomas dessa crise da crítica de que estamos falando é que falas curtas, de 15 ou 20 segundos, os famosos cortes, reels, TikToks, acabam viralizando e ganhando milhões de visualizações e likes. Esses conteúdos curtos, com conteúdo em sua maioria fúteis e passageiros, substituem as falas longas, as análises profundas”. Ele afirmou ainda que, além de uma crise da crítica, o jornalismo e a sociedade como um todo enfrentam uma crise de pensamento: “O que faz diferença não é a rapidez com que se retoca uma foto, edita um áudio ou a quantidade de likes. O que faz diferença é se você consegue pensar com a própria cabeça. Por algum motivo se Na Anglo American, sabemos que a água é essencial para a vida e para o equilíbrio dos ecossistemas. Nosso compromisso com a gestão sustentável dos recursos hídricos se reflete em ações concretas, como o projeto de Recuperação de Nascentes do Rio Santo Antônio e o reúso da água em nossas operações, que alcança índices superiores a 70%. Investir na recuperação e na preservação dos recursos hídricos é renovar nossa responsabilidade com a sustentabilidade e com a vida. Cuidando da água, a vida segue seu melhor curso

Edição 1.507 - pág. 15 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL estabeleceu que audiência é sinônimo de qualidade. Para a sobrevivência financeira do jornalismo, de fato, é importante, mas mesmo assim é preciso buscar algo desafiador que mova a audiência e não apenas sacie, entorpeça a audiência”. Pedro Doria definiu a imprensa como a “instituição que fornece informações sobre o que acontece no Estado e que abre espaço de debate sobre o que acontece na sociedade. Não existe democracia sem jornalismo, e tal jornalismo deve ser independente do Estado”. Para o cofundador do Meio, a situação do jornalismo hoje é fruto do encontro de uma série de crises diferentes, que vão desde econômicas até políticas e sociais, passando inclusive pelas citadas crises da crítica e do pensamento. Ele se aprofundou no chamado algoritmo Eugenio Bucci e Antonio Rocha Roberto Braga Barbieri/ESPM das plataformas digitais, e como esse algoritmo dita o conteúdo que aparece e é consumido pelas pessoas: “O algoritmo sabe o que vai agradar às pessoas. Se você consome vídeos sobre gatinhos, ou adora ler sobre política, sobre Lula ou Bolsonaro, o algoritmo vai recomendar vídeos baseandose no que você assistiu anteriormente e no que você pesquisa nas plataformas. E, nesse sentido, o jornalismo acaba sendo prejudicado, pois, dependendo do conteúdo produzido, ele pode não ser muito recomendado para determinadas pessoas, e, portanto, um conteúdo de qualidade, bemapurado, pode não chegar para boa parte da sociedade. Pode não inseminar, utilizando o termo que os colegas levantaram, uma parcela da população”. Ao mesmo tempo, Doria reconheceu que, com a evolução tecnológica, todo mundo está conectado, a população inteira está presente nas redes sociais. Portanto, para atingir a função social do jornalismo de inseminar as informações, de chegar ao povo, é preciso que os veículos também estejam presentes nas grandes plataformas: “Jornalismo deve

Edição 1.507 - pág. 16 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL ser estrutura independente do Estado, que traga informações sobre que está acontecendo e ofereça debate para discutir a sociedade. E para isso é preciso estar inserido nas big techs, porque, caso contrário, estaria descumprindo seus próprios ideais”. Para o cofundador do Meio, o mais importante é descobrir e estudar como fazer o jornalismo coexistir com redes sociais e com as tecnologias, sem se tornar refém delas. E isso vale para as big techs, os algoritmos, e também a inteligência artificial. Sobre o assunto, Doria disse acreditar que “é inevitável que essas tecnologias passem a fazer parte do nosso cotidiano. Já dependemos muito, o tempo todo, desses mecanismos digitais. É inevitável que o algoritmo humano se funda com o algoritmo digital. O algoritmo digital é fruto da criação humana, é nosso ‘filho.’ Mas o importante é saber conciliar os dois mundos, fazer nossa profissão persistir, sobreviver, coexistir com essas tecnologias”. Quando questionado sobre como fazer valer os ideais do jornalismo de incentivar a crítica e o pensamento, Doria respondeu que, no caso do jornalismo político, o essencial é trabalhar sempre com o objetivo de manter viva a democracia. “Os jornalismos político e de economia são muito importantes, pois ajudam as pessoas a pensarem em quem vão votar”, refletiu Doria. “Mas, acredito que, com todo o tipo de jornalismo, as pessoas pensem que bom jornalismo é aquele que fala bem do político ou daquele assunto de que eu gosto e mal do que eu não gosto, e isso é errado; é preciso questionar tudo e todos, sem quaisquer vieses”.

Edição 1.507 - pág. 17 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL mundo tecnológico nos oferece inúmeras possibilidades, que nos seduzem a todo o momento. Seja qual for o ramo profissional, é preciso que o profissional leve aquilo que só o jornalismo pode fornecer em formação, que é estudar e saber um pouco de tudo, de todas as disciplinas, assuntos, editorias. Essa transversatilidade de disciplinas, de humanidades, é o que os estudantes podem extrair de melhor de suas formações. Saber esses diversos assuntos, um pouco de tudo, ajuda a estimular justamente o papel da Leeloo The First: www.pexels.com/pt-br Rodada de perguntas o final do debate, o mediador fez perguntas aos expositores. Na primeira, questionou o que é preciso para os jornalistas manterem o que é essencial e o que precisa mudar, o que precisa ser feito, em meio a um mundo com ferramentas e tecnologias que mudam constantemente, que oferecem muitas possibilidades. Francisco Belda ressaltou a importân cia de uma sólida formação humanística: “Esse A

Edição 1.507 - pág. 18 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL crítica que tanto discutimos hoje. O que temos que preservar é esse caráter humanístico, de procurar estudar, saber sobre diversos assuntos, mesmo que não estejam ligados diretamente a seu emprego, ao seu cotidiano”. Eugênio Bucci destacou que, para além de saber conviver com essas tecnologias, é preciso pensar e estar bem informado: “Pensando na graduação de Jornalismo, existe uma tendência muito grande, que é quase um adestramento, de aprender a conviver com máquinas, plataformas, programas, ferramentas. E tudo isso é passageiro. Quando eu comandava o Curso Abril, que recrutava novos talentos, sempre brincava de que precisava de jovens que soubessem mexer em duas grandes tecnologias, o lápis e o papel. Se souber mexer com lápis e papel, nós estamos bem. Vi, ao longo da minha trajetória, muitos programas e linguagens desaparecerem. Mas a maior crise que temos na imprensa, hoje, como dissemos anteriormente, é uma crise de pensamento. Likes, edições de vídeo, foto, tudo isso é automático. O que faz a diferença é pensar. Cláudio Abramo, um dos grandes profissionais das décadas de 1950 a 1970, dizia que o mais importante é que o jornalista tenha autonomia conceitual. Essa é a grande diferença. É importante analisar jornalistas que admiramos e perceber o que os diferencia, o que faz eles serem diferenciados. E eu garanto que o que distinguirá essa pessoa é uma visão autoral, uma personalidade, uma formação. É preciso que os alunos saiam das graduações de jornalismo com o mínimo de autonomia conceitual. Nenhuma das histórias, dos casos, das denúncias que foram objeto de debate público nos últimos anos deixaram de serem investigados pela imprensa. /bowler @bowler_oficial /bowlercomunicacao Jornalista, sabe o que você e o Jeito Bowler tem em comum? A inquietude para questionar e sair do óbvio! 07 DE ABRIL, DIA DO JORNALISTA Google DeepMind: www.pexels.com/pt-br

Edição 1.507 - pág. 19 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL E mais, a grande maioria delas apareceu, veio à toda justamente a partir do trabalho da imprensa. O que é compartilhado nas redes sociais vem abastecido pelo que o método jornalístico investigou. É muito importante ler jornal, informar-se, para compreender o que é esse método jornalístico”. Rocha Filho perguntou ainda sobre como buscar na prática o algoritmo humano: “Boa parte da divulgação do trabalho jornalístico está muito atrelado ao algoritmo das redes sociais e dos mecanismos de busca. Mas, pensando no ponto de vista humano, o que significa na prática a busca pelo algoritmo humano, como o jornalista pode e deve disputar espaço com a lógica das plataformas, para não ficar totalmente refém desses algoritmos?” Pedro Dória destacou que é inevitável que o algoritmo humano funda-se, de alguma forma, com o algoritmo cibernético: “Na arte, Airam Dato-on: www.pexels.com/pt-br na ficção, os robôs nunca sentem. Eles têm dificuldade de compreender emoções, não conseguem lidar com a emoção humana. Computadores são máquinas exatas, não te dão respostas inesperadas. E o problema dessas inteligências artificiais novas é que elas estão dando respostas inesperadas. Se você perguntar três vezes algo para o ChatGPT, ele te dará três respostas diferentes. Ele nunca te dá respostas exatas. Ele erra. Ele tem uma vontade tão grande de cumprir a missão que você lhe deu que chegará ao ponto de inventar informações para cumprir sua função”. “Não é que essas inteligências sintam, mas elas aparentam sentir”, continuou Doria. “E os jornalistas não estavam prontos a lidar com esse tipo de tecnologia, que aparenta ter sentimentos. O grande ponto Apurar, relatar e viver os fatos é tão essencial quanto entender o porquê eles acontecem. Parabéns, Jornalista!

Edição 1.507 - pág. 20 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL é que é inevitável que a gente vire um pouco ‘ciborgue’, ou seja, que sejamos simultaneamente cibernéticos e orgânicos. Essas tecnologias vão, sim, fazer parte do nosso cotidiano de alguma forma. E seja em óculos, relógios, celulares, já somos um pouco ciborgues. Nós já dependemos dos mecanismos digitais o tempo todo. É inevitável que esse algoritmo humano se funda de alguma forma com o algoritmo digital. Porque esse algoritmo digital é nosso filho. Ele aprendeu a simular pensamentos. Então, a forma de nos prepararmos para esse futuro tecnológico é conhecer. É fazer o que sempre fizemos. Nas próximas gerações, tudo será radicalmente diferente. Muitas profissões vão morrer, muitas vão nascer, mas a civilização vai persistir, e a maneira de você se preparar para a civilização é a mesma que os gregos utilizavam, lá antigamente, que é aprender e passar a vida aprendendo, valorizar o conhecimento humanístico”. Confira aqui a íntegra do debate.

Edição 1.507 - pág. 21 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL Pedro Doria é cofundador e diretor de Jornalismo do Meio, newsletter que reúne, de forma simples e concisa, as principais notícias do dia sobre os mais variados assuntos. Atua também como colunista de O Globo e da rádio CBN. Foi editorexecutivo de O Globo e editor-chefe de digitais do Estadão, além de colunista da Folha de S.Paulo e no Estadão. Knight Fellow pela Universidade de Stanford, especializado em inteligência artificial e transformações digitais, é autor de oito livros, a maioria sobre história do Brasil. Sobre os participantes Tema de estreia O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano Com as participações de - Eugenio Bucci Francisco Rolfsen Belda Pedro Doria Prof. Antonio R O ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights é uma iniciativa de Jorn de vida, que conta com a parceria da ESPM e do Portal dos Jornalistas. Serão, ao todo, sete encontros entre os meses de março e setembro, sempre na últ às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana). Os encontros serão gratuitos e com vagas limitadas à capacidade do auditório da E abertas sempre com três semanas de antecedência em relação a cada uma das eta óximos contros O ciclo • 28/04/2025 - COP30 | O Jornalismo, o meio ambiente e as catástrofes ambientai econômico • 26/05/2025 – Fake News | O Jornalismo sob o impacto da desinformação – Qua • 30/06/2025 – Nativos Digitais | Experiências digitais que estão transformando Tema de estreia O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano Com as participações de Eugenio Bucci Francisco Rolfsen Belda Pedro Doria Prof. Ant O ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights é uma iniciativa d de vida, que conta com a parceria da ESPM e do Portal dos Jornalistas. Serão, ao todo, sete encontros entre os meses de março e setembro, sempre às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana Os encontros serão gratuitos e com vagas limitadas à capacidade do auditório abertas sempre com três semanas de antecedência em relação a cada uma da ximos ontros • 28/04/2025 - COP30 | O Jornalismo, o meio ambiente e as catástrofes am econômico • 26/05/2025 – Fake News | O Jornalismo sob o impacto da desinformação • 30/06/2025 – Nativos Digitais | Experiências digitais que estão transfor Tema de estreia O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano Com as participações de Eugenio Bucci Francisco Rolfsen Belda Pedro Doria Prof. An O ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights é uma iniciativa d de vida, que conta com a parceria da ESPM e do Portal dos Jornalistas. Serão, ao todo, sete encontros entre os meses de março e setembro, sempre às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Marian Os encontros serão gratuitos e com vagas limitadas à capacidade do auditóri abertas sempre com três semanas de antecedência em relação a cada uma d ontros • 28/04/2025 - COP30 | O Jornalismo, o meio ambiente e as catástrofes am econômico • 26/05/2025 – Fake News | O Jornalismo sob o impacto da desinformaçã • 30/06/2025 – Nativos Digitais | Experiências digitais que estão transfo Eugênio Bucci, é professor e jornalista com mais de 30 anos de experiência. Foi colunista e articulista das revistas Veja e Época e dos jornais Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Desde 2008, assina artigos quinzenais na página A2, seção Espaço Aberto, do Estadão. Referência em pesquisas sobre comunicação e liberdade de imprensa, dedica-se a temas como Comunicação Pública, Ética na Comunicação e nas Organizações, Gestão da Informação, Crítica da Cultura e Indústria do imaginário. Francisco Belda é professor da Unesp desde o final de 2011, completando mais de 13 anos de atuação acadêmica na universidade. Atua também como diretor de operações do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) e é líder no Brasil do The Trust Project, consórcio internacional que reúne cerca de 120 organizações de notícias em prol de maior transparência e responsabilidade na publicação de informações. É também sócio-proprietário da Editora Casa na Árvore e presidente da plataforma Parafuzo.com.

Edição 1.507 - pág. 22 ANOS ANOS 30SEMANAS em Ano 7 – Edições 305 a 354 (set/2001 a set/2002) Reputação é resultado e vice-versa O sétimo ano de Jornalistas&Cia acompanhou de perto um dos períodos mais duros para a atividade jornalística no Brasil. Foi o início de uma época marcada por demissões em massa, encolhimento das grandes redações e o fim de algumas publicações tradicionais. Sem considerar cortes pontuais, foram quase 700 postos de trabalho fechados no período. Um movimento que infelizmente tornou-se bastante comum nos anos seguintes. Ainda em setembro de 2001, como resultado da reestruturação por que vinha passando nos meses anteriores, o Jornal do Brasil anunciou o fechamento da sucursal de São Paulo e cortes nas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, em um total de 12 demissões nestas redações (ed. 305, 306 e 307). Dois meses mais tarde, em um novo corte mais substancial, foram 40 demitidos em todo o jornal (ed. 318). Nos meses seguintes, mais de uma dúzia de “passaralhos” sobrevoaram as redações brasileiras. Foram 55 cortes no Estadão (ed. 310), 12 no Lance (ed. 310), 25 na Veja (ed. 313), quase 90 na Editora Globo, em três etapas (ed. 314, 331 e 343), cerca de 50 no Diário de S.Paulo, em dois momentos (ed. 315 e 344), nove na Rádio Eldorado (ed. 315), 27 em O Tempo (ed. 317), 20 na Traffic/Netgol (ed. 319), 20 na Folha de S.Paulo (ed. 321), 13 na Rede STV (ed. 325), 12 nos Diários Associados (ed. 326) e 29 no Valor (ed. 345), além do fechamento da Gazeta Esportiva (ed. 310 e 312), que na época empregava 60 profissionais apenas em sua redação. Mas nenhum veículo foi tão atingido como a Gazeta Mercantil. A saúde financeira do jornal, que já não era das melhores havia alguns anos, piorou com o lançamento no ano anterior do Valor Econômico. Os episódios de atraso de salários se intensificaram, resultando em diversos movimentos de greve. Paralelamente, a redação vivia momentos de dúvida sobre o futuro do jornal, que já ouvia boatos de sua venda para o empresário Nelson Tanure, que meses antes havia adquirido a concessão do Jornal do Brasil (ed. 306, 307, 308, 311, 315, 316, 318, 319, 332, 335, 336, 337, 342, 349 Temporada de “passaralhos”, imbróglio sem fim na GZM e o assassinato brutal de Tim Lopes e 354). No meio dessa crise, cerca 200 profissionais foram demitidos, muitos como retaliação às greves, em novembro de 2001 (ed. 312 e 313). E em um dos episódios mais brutais e tristes para o jornalismo investigativo brasileiro, a notícia do desaparecimento, e mais tarde a confirmação da morte do repórter Tim Lopes, da TV Globo, foi um dos grandes assuntos de 2002, ganhando destaque em toda a mídia nacional. Poucos meses após vencer, em dezembro de 2001, o Prêmio Esso de Telejornalismo com a reportagem Feira de drogas, Tim Lopes investigava uma denúncia sobre tráfico de drogas e prostituição infantil em um baile funk na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Durante uma gravação com a câmera escondida em sua bolsa, ele foi capturado por traficantes e levado ao Complexo do Alemão, onde mais tarde foi torturado e morto sob o comando do chefe do tráfico Elias Maluco (ed. 339, 340 e 347). A morte de Tim Lopes, que era leitor assíduo deste Jornalistas&Cia, resultou em grande mobilização da imprensa e na criação no ano seguinte da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji.

Edição 1.507 - pág. 23 ANOS Ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insigths n No rastro da COP30 é o tema-guia que norteará o debate do segundo encontro que este Jornalistas&Cia realizará, em parceria com a ESPM, pelo ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights, que tem a proposta de gerar reflexões sobre O Jornalismo, o meio ambiente e as catástrofes ambientais – A dura missão de lutar contra o negacionismo e o poder econômico. Será em 28 de abril (última segunda-feira do mês) no auditório da ESPM Tech, à rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana, São Paulo, das 9h30 às 12h30. u A mesa contará com as participações de Daniela Chiaretti, do Valor Econômico, Kátia Brasil, da Agência Amazônia Real, e Veronica Goyzueta, correspondente de veículos internacionais no Brasil e professora da ESPM. A moderação será da professora Maria Elizabete Antoniolli, coordenadora do Curso de Jornalismo da ESPM. u As inscrições, que podem ser feitas aqui, são abertas e gratuitas e as vagas limitadas à capacidade do auditório (120 lugares). Haverá transmissão ao vivo pelo Youtube. Segundo encontro debaterá Jornalismo Ambiental, com Daniela Chiaretti, Kátia Brasil e Veronica Goyzueta Daniela Chiaretti Kátia Brasil Veronica Goyzueta Maria Elisabete Antoniolli Últimas n A pesquisa Credibilidade das Mídias, conduzida pela agência de inteligência de dados Ponto Map, em parceria com a V-Tracker, apontou que o jornalismo profissional é o meio de acesso à informação com maior credibilidade entre os brasileiros. O estudo entrevistou 2.051 pessoas em todas as regiões do Brasil. u O meio de comunicação com maior índice de confiabilidade registrado foi o rádio, com 81% de credibilidade entre os entrevistados. Na sequência, aparecem TV fechada (75%), TV aberta (70%), mídias impressas (68%) e portais de notícias (59%). Também registraram altos índices de credibilidade fontes oficiais de informação, como sites governamentais (71%), de empresas (70%), publicidade (70%), comunicações internas (69%) e redes sociais de empresas, instituições e governos (60%). u Os meios jornalísticos tradicionais alcançaram índices de confiabilidade maiores do que WhatsApp, Telegram e Discord (51%), blogs (43%), redes sociais (41%) e influenciadores (35%). Em contrapartida, apesar de não serem terem tanta credibilidade entre os entrevistados, as redes sociais são os meios de comunicação mais acessados, com uma frequência de 74% dos acessos, seguidas por WhatsApp e Telegram (73%). Jornalismo profissional é o meio de comunicação mais confiável entre brasileiros, diz pesquisa Sindirádio Rádio teve o maior índice de confiabilidade

Edição 1.507 - pág. 24 ANOS Últimas Instagram João Paulo Cappellanes n A ESPN afastou seis jornalistas após a exibição do programa Linha de Passe, na segunda-feira (7/4), que repercutiu denúncias publicadas pela revista piauí sobre práticas de Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Foram afastados da emissora Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares, que adotaram tom crítico em relação à CBF durante o programa. As informações são do UOL. u Segundo o portal, após a exibição do Linha de Passe, a CBF procurou a ESPN e reclamou sobre o programa. A diretoria da emissora teria ficado irritada por não ter sido comunicada previamente sobre o conteúdo que iria ao ar. Vale lembrar que a ESPN tem acordo com a CBF para a transmissão da Série B do Campeonato Brasileiro deste ano. u A volta dos jornalistas afastados estava prevista para a noite desta quarta-feira (9/4). piauí n A reportagem da revista piauí, com o título As extravagâncias sem fim da ESPN afasta jornalistas após programa com críticas à CBF Gian Oddi, William Tavares, Victor Birner e Paulo Calçade no Linha de Passe CBF, repercutida no Linha de Passe, traz denúncias sobre a gestão de Ednaldo Rodrigues. Assinada por Allan de Abreu, a matéria cita, por exemplo, o uso de R$ 3 milhões para pagar mordomias à comitiva de 49 convidados da entidade na Copa do Mundo de 2022, no Qatar, incluindo hotel cinco estrelas, voos em primeira classe e atendimento VIP no aeroporto de Doha. E João Paulo Cappellanes, da Band, vira réu por críticas a Ednaldo Rodrigues n Coincidentemente, a Justiça de São Paulo aceitou agora uma queixacrime movida por Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, contra João Paulo Cappellanes, da Bandeirantes. O comentarista virou réu por calúnia, injúria e difamação. O processo refere-se a críticas de Cappellanes ao trabalho de Rodrigues no programa Jogo Aberto, em fevereiro de 2024. u No programa em questão, Cappellanes questionou a postura da CBF após o ataque ao ônibus do time do Fortaleza por parte de torcedores do Sport. Pedras foram arremessadas contra o veículo, ferindo seis pessoas, entre jogadores e comissão técnica. No Jogo Aberto, o comentarista apontou falta de comando por parte da CBF diante da violência. u “Dá para esperar alguma coisa da CBF? Que tem um presidente frouxo? Que não tem comando? Que não sabe nada de futebol? Dá para esperar alguma coisa dessa entidade falida moralmente? Não dá, gente”, disse Cappellanes. Para Rodrigues, o uso do termo “frouxo” ofendeu sua honra e ultrapassou os limites da crítica permitida pela liberdade de imprensa. Já o comentarista defendeu-se das acusações, alegando que estava exercendo seu direito à crítica jornalística.

Edição 1.507 - pág. 25 ANOS Últimas n A Petrobras lançou a Seleção Petrobras de Jornalismo, programa que fornecerá 15 bolsas para a produção de reportagens sobre Ciência e Diversidade. Serão ofertadas três bolsas para cada região do Brasil no valor de R$ 20 mil cada. As inscrições vão até 11 de maio. u O objetivo do programa é incentivar a produção de conteúdo jornalístico sobre a “produção cientifica realizada por pessoas de grupos sub-representados ou sobre ciência que tenha por objeto de pesquisa a diversidade”, diz o edital. Para fazer a inscrição, é preciso preencher um formulário online no site da Agência Petrobras. Os selecionados serão divulgados no site da Agência Petrobras em data ainda a ser anunciada. Mais informações e inscrições aqui. Petrobras lança programa de bolsas para reportagens sobre Ciência e Diversidade n O repórter Fernando Nakagawa estará na Universidade Harvard, nos EUA, neste final de semana (12 e 13/4) para uma cobertura especial para a CNN Brasil e o CNN Money sobre a Brazil Conference, evento que reúne figuras influentes da política e da economia para debater os rumos do País. Nakagawa fará reportagens e entradas ao vivo na programação dos dois canais, além de conteúdos para o portal e para as redes sociais da multiplataforma. u Organizada anualmente em Harvard, a conferência busca expandir as barreiras do conhecimento através da discordância construtiva ao destacar grandes empreendedores, políticos e cientistas. Entre os palestrantes deste ano estão o ministro do STF Gilmar Mendes, o procurador-geral da República Paulo Gonet e os ex-presidentes do Banco Central Arminio Fraga e Roberto Campos Neto. Também participarão os empresários André Esteves (BTG Pactual), Jorge Paulo Lemann e Alex Behring (3G Capital), Diego Barreto (iFood), Fábio Coelho (Google Brasil) e Tânia Cosentino (Microsoft), entre outras lideranças do setor privado. Fernando Nakagawa cobrirá a Brazil Conference, em Harvard, para CNN Brasil e CNN Money Fernando Nakagawa

Edição 1.507 - pág. 26 ANOS Nacionais n A SC Comunicação, de Claudio Conceição (ex-Gazeta Mercantil), acaba de lançar a primeira edição da revista digital Mais Nordeste. Mensal, a publicação vai focar nos principais desafios e oportunidades da Região, a partir de temas como energia limpa, Inteligência Artificial, logística, infraestrutura e cultura, entre outros. Integram o time o editor executivo Arnaldo Santos, a diretora de Projetos Especiais Christine Salomão, os correspondentes Magno Martins (Recife) e Leonardo Costa (Fortaleza), os colaboradores Ícaro Jatobá, Raimundo Nogueira da Costa Filho, Sofia Conceição e Sônia Martins, e a assistente de comunicação Marcia Damiana. O projeto gráfico é de Fabíola Soares e a revisão de Marcela N. da Silva. Sugestões de pauta pelo revista. [email protected]. Nordeste ganha nova publicação mensal n O Relatório sobre Violações à Liberdade de Expressão 2024 da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), divulgado na última semana, revelou que houve 72 casos de violência não letal envolvendo pelo menos 84 jornalistas e veículos de comunicação no ano passado. Os números assemelham-se aos de 2019, quando foram contabilizados os menores índices de violações à profissão. u Apesar da queda de 54% nos casos e de 96% nas agressões físicas, o levantamento contabilizou que a imprensa brasileira foi alvo de ataques a cada cinco dias, sendo os profissionais de TV os mais afetados. Sem registros de assassinatos, as agressões físicas foram a principal forma de violência, com 23 casos (32% do total), atingindo ao menos 28 profissionais, majoritariamente em coberturas políticas (43%). O Norte e o Sudeste registraram os maiores índices, com políticos e agentes de segurança como principais autores. Leia a matéria completa no Portal dos Jornalistas. Relatório da Abert revela que imprensa brasileira sofreu algum tipo de ataque a cada cinco dias em 2024 PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 Neste 105º e último episódio da série Licenciosidade na cultura popular, Assis Ângelo (Olégna Cameron) segue sua narrativa ficcional em Areia, Paraíba, lugar que ele descreve como paradisíaco. Desta vez ele reúne para um bate-papo imaginário grandes mestres da literatura erótica mundial − Pietro Aretino, Nicolas Restif de la Bretonne, Giacomo Casanova e Donatien de Sade −, além do brasileiro Olavo Bilac, ou, como ele próprio informa, “ícones da literatura que têm por matéria-prima a alma do povo − entenda-se por isso os desejos e sonhos mais safados da espécie humana”. No final, informa que o conteúdo da série vai se transformar em livro, que deverá ganhar o título de Do popular ao erudito – O sexo como expressão artística. Leia a íntegra no Portal dos Jornalistas.

Edição 1.507 - pág. 27 ANOS Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Sete jornalistas mortos, 17 presos, um desaparecido: o custo de dois anos de guerra para a imprensa no Sudão. Leia mais Em decisão contra o Governo Trump, juiz ordena volta de jornalistas da Associated Press à Casa Branca. Leia mais Boicote a produtos dos EUA sob Trump espalha-se pelo mundo − tem até app para checar procedência americana. Leia mais A história de Jean Charles de Menezes − imigrante brasileiro morto pela polícia britânica em 2005 − será tema de uma nova série documental da Disney+, lançada no ano em que a tragédia completa 20 anos. Em um momento de medo e caos, uma semana após os atentados de 7 de julho daquele ano, a Met − a polícia metropolitana de Londres, então reconhecida por sua seriedade e eficiência − cometeu um erro fatal que tirou a vida de um inocente, confundido com um terrorista e abatido a tiros no metrô. O erro policial, porém, foi agravado pela cobertura da mídia. As primeiras reportagens distorceram a imagem de Jean Charles, alimentando versões falsas que aprofundaram ainda mais a tragédia. Suspect: The Shooting of Jean Charles de Menezes estreia em 30 de abril, em quatro episódios. Familiares de Jean participaram como consultores da produção, o que confere ao projeto uma narrativa mais autêntica e menos limitada pela ótica britânica. Em entrevistas recentes à imprensa local, a mãe de Jean, Maria de Menezes, expressou a esperança de que o documentário “mostre ao mundo a verdade” e ajude a corrigir equívocos que persistem até hoje − entre eles, a forma como seu filho foi retratado nos dias seguintes ao crime. Na época, veículos britânicos, ao reproduzirem sem questionamento as primeiras informações fornecidas pela polícia, contribuíram para consolidar uma narrativa equivocada. Alegavase que Jean teria se comportado de maneira suspeita ou desobedecido ordens − versões que mais tarde seriam desmentidas por testemunhas e por investigações oficiais. Novo documentário lança luz sobre uma tragédia britânico-brasileira: o caso Jean Charles O irmão de Jean Charles, Giovani da Silva, destacou como essa cobertura inicial feriu ainda mais a memória do brasileiro, desviando o foco das falhas policiais. Mas uma personagem real se destacou na luta para expor a verdade: Lana Vandenberghe, secretária da Independent Police Complaints Commission (IPCC), teve acesso a documentos que desmentiam informações cruciais divulgadas pela polícia − como a roupa que Jean vestia no momento do crime. Ela decidiu denunciar o acobertamento, vazando os documentos para a rede ITV, o que mudou o rumo das investigações. Seu ato de coragem custou seu emprego e rendeu até uma prisão, mas revelou inconsistências que seriam posteriormente comprovadas. Outro documentário recente, Shoot to Kill: Terror on the Tube, exibido pelo Channel 4 em 2024, também trouxe à tona novos elementos do caso − incluindo um depoimento inédito de um dos policiais envolvidos −, lançando luz sobre as decisões equivocadas que levaram à morte de Jean Charles e sobre a tentativa de controlar a narrativa pública. Esses projetos documentais vão além do resgate histórico. Eles funcionam como um alerta sobre os riscos de decisões precipitadas em tempos de crise − e sobre o papel decisivo da mídia na construção da memória coletiva. Não se trata apenas de uma tragédia pessoal. Erros desse tipo têm efeitos devastadores para as vítimas e suas famílias, dificultam a responsabilização dos culpados e perpetuam injustiças, prejudicando os processos de reparação e de aprendizado social.

Edição 1.507 - pág. 28 ANOS Convidados: Carol Colluna, Grupo Hiper Saúde; Denise Pragana Videira, Trama; Décio Duarte, BIC; Ligia Oliveira, ESPM; Isabela Costa, Iveco Group; Kalil Blanco, Trama; Márcia Rocha, Jabuticaba; Elizeo Karkoski, P3K; Flavia Favaro, Johnson & Johnson; Glaucia Santos, BIC; Luciene Cristina, Vale; Vivian Vieira Machado, Consultora de Comunicação, Erika Romay Flores, Google e Cristiane Gouvêa, AngloGold Ashanti Dia 22 de maio, temos um encontro marcado, 15ª edição do Seminário Mega Brasil de Comunicação Interna, na ESPM Tech Acesse

Edição 1.507 - pág. 29 ANOS Vaivém das redações Mudou de emprego? Teve alguma movimentação ou novidade recente em sua redação? Envie a sugestão para nós pelo [email protected]. n O Intercept Brasil reforçou sua equipe com a chegada da editora de pautas socioambientais Alice de Souza. Uma das mais premiadas jornalistas da história na Região Nordeste, segundo o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, ela está há um ano e meio vivendo na Europa, onde recentemente terminou seu mestrado em Jornalismo Internacional pela Universidade de Londres. Com passagens por Diário de Pernambuco, Sistema Jornal do Commercio, Portal Lunetas e UOL, também é colaboradora do Deutsche Welle e coordenadora para a América Latina do Centre for Investigative Journalism. Sugestões de pautas pelo [email protected]. E mais... n Clayton Carvalho, narrador do SporTV e do Premiere, deixou o Grupo Globo após 14 anos. Nesse período, comandou diversos jogos de futebol, além de lutas no Canal Combate e corridas da Stock Car. Antero Neto, que atuava na TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará, chega para o substituir. Goiás n Rodrigo Barbosa deixou Montes Claros, em Minas Gerais, onde há um ano e meio vinha atuando como repórter da Inter TV, e começou na TV Anhanguera, em Itumbiara, como repórter. Rio Grande do Sul n Marrone Gonçalves da Silva foi efetivado como repórter da Record TV com foco nas regiões de Pelotas, Rio Grande e Zona Sul do RS. Ele já vinha colaborando como freelancer para a emissora desde o período das enchentes de maio do ano passado. Antes, passou pelas tevês Câmara de Pelotas, Nativa e TVCom Pelotas. Alice de Souza é a nova editora do Intercept Brasil Alice de Souza Clayton Carvalho Rodrigo Barbosa n Nando Gross (ex-Record TV, Rádio Guaíba e Grupo RBS) foi anunciado como apresentador do programa esportivo Sem Firula, da RS Play TV, ao lado de Rafael Serra. A atração, que estreou em 31 de março, é transmitida de segunda a sextafeira ao vivo, das 18h às 19 horas. São Paulo n Jorge Sacramento deixou o cargo de editor-chefe do Jornal da Globo, função que ocupava desde 2012. Segundo a coluna de Flávio Ricco, no portal Leo Dias, a decisão foi tomada em comum acordo. Com a saída, Henrique Bueno deve assumir o posto. n Luis Henrick Teixeira começa na equipe de produção da EPTV, em São Carlos. Ele vinha atuando há três anos e meio como social media da agência VX. n Paulo Pandjiarjian (11-996099843 e [email protected]), editor-chefe da recém-lançada revista Economy & Law, passou a colaborar com o portal Brazil Economy. n Pedro Jordão despediu-se na semana passada da CNN Brasil, onde estava há dois anos e ultimamente era editor de Ciência e Tecnologia, Auto, Saúde, Lifestyle e Entretenimento, no site e na TV. Ele começou nesta semana na Veja, como repórter. Marrone Gonçalves da Silva Nando Gross Jorge Sacramento Bob Paulino/Memória Globo Luis Henrick Teixeira Paulo Pandjiarjian Pedro Jordão

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