Edição 1.507 - pág. 10 ANOS DIA do Jor na lis ta ESPECIAL contra esse oligopólio da razão. Temos sentido na pele uma espécie de desprestigio. A audiência nos aplaude, mas também nos ataca. E não só os jornalistas são alvos desses ataques, também as autoridades em geral, principalmente as que têm na intelectualidade o seu lastro, o seu esteio, a sua referência. Xingar repórteres, juízes, religiosos e outras profissões que antes costumavam ter este oligopólio do discurso tem se tornado comum”. Outro ponto que ele levantou foi a perda da capacidade de inseminar a informação na sociedade. Segundo Belda, mais do que disseminar a informação, é preciso inseminar a informação na sociedade, fazer com que as informações entrem na mente do povo, se enraízem e estimulem o senso e o pensamento crítico. Perdeu-se a capacidade de inseminar a crítica na sociedade: “O jornalismo, idealmente, não deveria se caracterizar pela divulgação dos saberes, e sim pela capacidade de exercer uma crítica sobre esses saberes, o que obviamente contribui para sua disseminação, mas com um tempero próprio do jornalismo, que é o tempero do criticismo. Nós perdemos essa capacidade de inseminar a sociedade com debates, pois hoje ela está nas redes, nos influenciadores, nos perfis polemistas, que na verdade se afastam de um debate no qual a racionalidade deveria ser a mediadora. Isso abre margem para narrativas sensacionalistas que inflamam as massas e acabam inseminando a sociedade com desinformação e extremismos”. O professor da Unesp chamou a atenção para outro problema grave do jornalismo contemporâneo: a renúncia a desenvolver e controlar seus próprios produtos. Hoje, os veículos jornalísticos dependem muito de canais que não lhe são próprios para disseminar seus conteúdos: “Nós nos acomodamos, embarcamos nossos conteúdos em canais que não são nossos. Isso se traduz na propaganda que os veículos fazem de si mesmos, chamando para que Pedro Doria e Francisco Belda Roberto Braga Barbieri/ESPM
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