Jornalistas&Cia 1507

Edição 1.507 - pág. 22 ANOS ANOS 30SEMANAS em Ano 7 – Edições 305 a 354 (set/2001 a set/2002) Reputação é resultado e vice-versa O sétimo ano de Jornalistas&Cia acompanhou de perto um dos períodos mais duros para a atividade jornalística no Brasil. Foi o início de uma época marcada por demissões em massa, encolhimento das grandes redações e o fim de algumas publicações tradicionais. Sem considerar cortes pontuais, foram quase 700 postos de trabalho fechados no período. Um movimento que infelizmente tornou-se bastante comum nos anos seguintes. Ainda em setembro de 2001, como resultado da reestruturação por que vinha passando nos meses anteriores, o Jornal do Brasil anunciou o fechamento da sucursal de São Paulo e cortes nas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, em um total de 12 demissões nestas redações (ed. 305, 306 e 307). Dois meses mais tarde, em um novo corte mais substancial, foram 40 demitidos em todo o jornal (ed. 318). Nos meses seguintes, mais de uma dúzia de “passaralhos” sobrevoaram as redações brasileiras. Foram 55 cortes no Estadão (ed. 310), 12 no Lance (ed. 310), 25 na Veja (ed. 313), quase 90 na Editora Globo, em três etapas (ed. 314, 331 e 343), cerca de 50 no Diário de S.Paulo, em dois momentos (ed. 315 e 344), nove na Rádio Eldorado (ed. 315), 27 em O Tempo (ed. 317), 20 na Traffic/Netgol (ed. 319), 20 na Folha de S.Paulo (ed. 321), 13 na Rede STV (ed. 325), 12 nos Diários Associados (ed. 326) e 29 no Valor (ed. 345), além do fechamento da Gazeta Esportiva (ed. 310 e 312), que na época empregava 60 profissionais apenas em sua redação. Mas nenhum veículo foi tão atingido como a Gazeta Mercantil. A saúde financeira do jornal, que já não era das melhores havia alguns anos, piorou com o lançamento no ano anterior do Valor Econômico. Os episódios de atraso de salários se intensificaram, resultando em diversos movimentos de greve. Paralelamente, a redação vivia momentos de dúvida sobre o futuro do jornal, que já ouvia boatos de sua venda para o empresário Nelson Tanure, que meses antes havia adquirido a concessão do Jornal do Brasil (ed. 306, 307, 308, 311, 315, 316, 318, 319, 332, 335, 336, 337, 342, 349 Temporada de “passaralhos”, imbróglio sem fim na GZM e o assassinato brutal de Tim Lopes e 354). No meio dessa crise, cerca 200 profissionais foram demitidos, muitos como retaliação às greves, em novembro de 2001 (ed. 312 e 313). E em um dos episódios mais brutais e tristes para o jornalismo investigativo brasileiro, a notícia do desaparecimento, e mais tarde a confirmação da morte do repórter Tim Lopes, da TV Globo, foi um dos grandes assuntos de 2002, ganhando destaque em toda a mídia nacional. Poucos meses após vencer, em dezembro de 2001, o Prêmio Esso de Telejornalismo com a reportagem Feira de drogas, Tim Lopes investigava uma denúncia sobre tráfico de drogas e prostituição infantil em um baile funk na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Durante uma gravação com a câmera escondida em sua bolsa, ele foi capturado por traficantes e levado ao Complexo do Alemão, onde mais tarde foi torturado e morto sob o comando do chefe do tráfico Elias Maluco (ed. 339, 340 e 347). A morte de Tim Lopes, que era leitor assíduo deste Jornalistas&Cia, resultou em grande mobilização da imprensa e na criação no ano seguinte da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji.

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