Jornalistas&Cia 1509

Edição 1.509 - pág. 5 ANOS Últimas n Wilson Figueiredo morreu na noite de domingo (20/4), em casa, no Rio, aos 100 anos de idade, de causas naturais. Deixou quatro filhos e oito netos. O corpo foi sepultado na terça-feira (22/4), no Cemitério São João Batista, em Botafogo. u Nascido em Castelo, no Espírito Santo, sua família mudou-se para Minas Gerais, de início no interior e depois em Belo Horizonte. Lá ele começou o curso de Letras Neolatinas, mas não o concluiu. Logo começou a trabalhar no jornalismo, como redator e tradutor da Agência Meridional, que pertencia então ao jornal Estado de Minas, e foi secretário na Folha de Minas. u Como um dos idealizadores da revista Edifício, em 1946, o veículo deu nome a uma geração de escritores, entre eles Autran Dourado e Sábato Magaldi. São desta época dois livros de poesia que Figueiredo publicou – Mecânica do azul e Poemas narrativos – e mais tarde rejeitou. Em 1957, transferiu-se para o Rio e trabalhou na Última Hora e em O Jornal. u Seu pouso definitivo, onde conquistou notoriedade como jornalista, foi no Jornal do Brasil, por 45 anos. Começou como repórter, passou a editor, colunista, editorialista e finalmente, diretor, e o apelido de Figueiró, que ganhou nas redações, permaneceu com ele. Participou da reforma gráfica e editorial de 1959 – com Odylo Costa, filho, Jânio de Freitas e Amílcar de Castro –, o que teve repercussão internacional e mudou a maneira de se fazer jornal no País. u Também colaborou com as revistas Manchete e Mundo Ilustrado. Depois de se aposentar do Jornal do Brasil, aos 81 anos e ainda ativo, trabalhou para a comunicação corporativa na FSB, até 2002. Foi autor de Os Mineiros – Modernistas, Sucessores & Avulsos; 1964: o último ato; e De Lula a Lula. Aos 88 anos, lançou a biografia E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo. Na ocasião, brincou sobre o longo tempo na profissão: “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí”. u No obituário publicado em O Globo, um jornal em ele não trabalhou, está: “A morte de Wilson Figueiredo representa o fim de um capítulo importante do jornalismo brasileiro. Um profissional cuja trajetória se confunde com a própria história da imprensa no Brasil, e cuja voz, lúcida e poética, deixa um legado que atravessa gerações”. Wilson Figueiredo deixa um legado para as novas gerações... Wilson Figueiredo n Pouco depois de Figueiredo, em 21/4, também nos deixou Matías M. Molina, referência na cobertura de economia, aos 87 anos, em São Paulo. O velório e o sepultamento foram no Cemitério Morumby. Ele deixa a mulher, Cynthia Malta, e os filhos José e Maurício Martinez. u Matías nasceu em 1937, em Madri, em meio à Guerra Civil Espanhola. Chegou ao Brasil com a mãe em 1955. Historiador por formação, foi um dos grandes nomes do jornalismo econômico brasileiro. Grande parte de sua carreira está ligada ao jornal Gazeta Mercantil, onde trabalhou por 29 anos, como diretor editorial, editorchefe, secretário-geral, correspondente em Londres, editor de Finanças e de Internacional. Na publicação, fez parte da equipe liderada por Roberto Müller Filho, que adotou princípios e critérios que moldaram o jornalismo econômico de outros veículos especializados. u Na década de 1960, Matías foi editorchefe do grupo de revistas técnicas da Editora Abril. Foi um dos fundadores e o primeiro editor da revista Exame. Trabalhou também na Folha de S.Paulo, como editor de Economia e redator de Internacional. Atuou ainda na CDN Análise e Tendências, como diretor de análise internacional. É autor de livros como Os melhores jornais do mundo – uma visão da imprensa internacional (Editora Globo) e A história dos jornais no Brasil (Companhia das Letras). ...e Matías Molina, referências históricas para o jornalismo econômico Matías Martínez Molina

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