Jornalistas&Cia 1510

Edição 1.510 - pág. 5 ANOS Ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insigths refletiu sobre a forma equivocada como as pessoas (e até a própria imprensa) enxergam o jornalismo ambiental, como se fosse algo focado apenas na Amazônia, catástrofes e cobertura de grandes encontros: “Jornalismo ambiental é muito mais do que isso. É sobre vida, sobre natureza, sobre ciência. A cobertura do clima não pode ser isolada de outros assuntos, pois é algo transversal, que percorre todas as editorias, de saúde, política, economia, entre outros. E isso é fundamental que as direções das redações tenham em mente. Às vezes sinto que muitos veículos colocam notícias sobre meio ambiente só para ter mesmo, cumprir tabela, como uma simples burocracia e não uma necessidade. É preciso mudar a mentalidade da grande mídia”. u Verónica falou também sobre a cobertura de catástrofes. Ela chamou a atenção para uma espécie de “profundidade seletiva”, na qual a imprensa foca e dá mais atenção a determinadas catástrofes, em detrimento de outras: “As enchentes no Rio Grande do Sul, por exemplo. É uma catástrofe avassaladora e foi fundamental ter a cobertura que teve. Mas inúmeras catástrofes também acontecem a todo momento, todo o ano, em diversos lugares do País. Temos problemas muito sérios que ocorrem em todo o Brasil frequentemente. Na grande imprensa, tenho a impressão de que certas crises são mais importantes que outras. Todas essas catástrofes, crises, devem ter a mesma profundidade de cobertura”. u Daniela Chiaretti destacou o compromisso do jornalista que cobre pautas ambientais: mostrar o que de fato está acontecendo, com profundidade, fontes confiáveis e ética, mas, acima de tudo, mostrar para o público as soluções, as alternativas para os problemas relatados. u “O jornalismo deve mostrar os caminhos para a mudança. Outras catástrofes virão, isso é inevitável. Então, como podemos combater esse sentimento pessimista de que tudo vai acabar, o mundo vai acabar?”, questionou ela. “É preciso enfrentar os problemas. Simplesmente tem que mudar. A rota em que estamos é uma rota de desastre. Quando ouvimos cientistas e pesquisadores renomados dizendo que estão apavorados é porque a situação está feia mesmo. Estamos frente a um desafio civilizatório. E não vamos fazer nada? Precisamos mudar. É preciso discutir como quebrar, descobrir outras maneiras, quais são as outras maneiras. Existem muitas respostas por aí. Então, acho que o papel do jornalista, em especial o que cobre meio ambiente, é seguir tentando encontrar soluções e mostrar essas soluções para o público, mostrar que há esperança”. u Daniela afirmou que uma das formas de se conseguir isso é ficarmos atentos à COP30 e seus desdobramentos, focando em temas discutidos no evento que devem ocupar o debate público por muitos e muitos anos: “Será muito importante se o jornalismo conseguir pegar um tema da COP que gerará anos de discussão, algo essencial para nossas vidas e gerações futuras. Um desses temas pode ser o petróleo, por exemplo, e outras alternativas de combustível aqui no Brasil. Nós, como jornalistas, precisamos trazer esses temas para os leitores, principalmente para aqueles que não querem ler mais, pois só leem catástrofes”. u A repórter do Valor Econômico destacou também a importância de maior transversalidade do jornalismo ambiental nas redações e como é preciso que o repórter climático esteja sempre atualizado no que se refere a termos e conceitos científicos que usará em seus textos. u “Nós, jornalistas que cobrimos clima, estamos sempre aprendendo, com cientistas, pesquisadores, referências na área. Precisamos nos atualizar com termos científicos, assuntos, pesquisas, sempre para buscar a verdade nas informações”, explicou Daniela. “Afinal de contas, clima é algo que entra em todas as esferas da nossa vida. No esporte, vemos atletas que perdem performance devido a altas temperaturas, isso afeta Copas do mundo, grandes eventos etc. Na educação, esses temas entram na grade curricular com muita força. Na tecnologia, discute-se a energia solar para abastecer maquinários, e assim por diante. u Assista à íntegra do debate. Próximo encontro debaterá fake news e desinformação n Está marcado para 26 de maio (uma segunda-feira) o terceiro encontro do ciclo O presente e o futuro do jornalismo – Insights, cujo tema será O Jornalismo sob o impacto da desinformação – Qual o tamanho dessa batalha e os riscos para a democracia?. Farão parte da mesa Euripedes Alcântara, diretor de Jornalismo do Estadão; Ana Dubeux, diretora de Redação do Correio Braziliense; e Marília Assef, diretora de Jornalismo da TV Cultura. As inscrições serão abertas na próxima semana.

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