Jornalistas&Cia 1511

Edição 1.511 - pág. 38 ANOS Rio de Janeiro n Luiz Antônio Mello, o LAM, morreu em 30/4, aos 70 anos, em Niterói, sua cidade natal. Ele estava internado no Hospital Icaraí, onde se recuperava de uma pancreatite, e teve uma parada cardíaca. A despedida ocorreu no dia seguinte (1º/5), no cemitério Parque da Colina, em Pendotiba. A Prefeitura de Niterói decretou três dias de luto oficial. u LAM começou no jornalismo ainda adolescente, em 1971, como cronista do Jornal de Icaraí. Foi programador musical, produtor e redator da Rádio Federal AM e repórter da Rádio Tupi AM; esteve ainda no jornal Última Hora e na Rádio Jornal do Brasil. Foi crítico musical no JB e redator, colunista e repórter dos semanários O Pasquim e Opinião, colunista em O Estado de S. Paulo e Folha de Niterói. Editou o semanário Lig, de Niterói, e fundou o jornal Setedias. u Foi para a Fluminense FM em 1981 e lá fez história (ver mais à frente). Depois de deixar a rádio pela primeira vez, participou da implantação da nova Globo FM e assumiu como subeditor do Caderno B do Jornal do Brasil. Foi ainda coordenador de promoções da Rádio Cidade FM, para a qual escreveu o programa 102 Decibéis. Em 1986, passou à Rede Manchete de Televisão, onde cuidou da parte musical internacional e foi redator-chefe do programa Shock. u Escreveu sete livros, entre eles Nichteroy, essa doida balzaca, Torpedos de Itaipu e Manual de sobrevivência na selva do jornalismo. Esteve no marketing do departamento internacional da gravadora PolyGram do Brasil e da área de mídia eletrônica da Company. Escreveu roteiros e dirigiu comerciais para televisão e atuou também como produtor musical de artistas. Em 1989, assumiu a presidência da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte). Era editor do jornal A Tribuna, de Niterói, desde 2021. A Maldita n Em 1981, com o amigo Samuel Wainer Filho (falecido em 1984), Mello criou o programa Maldita para a Rádio Fluminense FM, então uma emissora esquecida em Niterói. Ele dirigiu a rádio pela primeira vez entre 1982 e Morreu LAM, que fez história com a Maldita 1985. Com sua equipe de produtores e locutoras, mudou a programação para o que houvesse de alternativo no rock nacional e internacional, o rock que fervia nos palcos do Circo Voador, o que não estivesse tocando nas outras rádios. u Foi assim que bandas como Blitz, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana e Kid Abelha ali apareceram pela primeira vez e deflagraram uma revolução cultural no País. A Fluminense FM passou a ser conhecida como a Maldita, e ditou um dos momentos mais marcantes da música brasileira e do rock nacional. No ano passado, quando a primeira edição do Rock in Rio completou 40 anos, Mello escreveu um artigo para O Globo, contando como uma enquete da rádio ajudou o festival a escolher os artistas internacionais. u A falta de recursos e as constantes ameaças de fechamento da estação pelas autoridades do Dentel (Departamento Nacional de Telecomunicações) tinham como contraponto a fidelidade dos ouvintes, que ligavam para conversar com as locutoras e enviavam fitas demo de suas bandas. Só havia mulheres locutoras, e Mello explicou, em entrevista: “Já que íamos tocar bandas de som pesado, íamos falar com voz suave, para compensar. Além disso, não havia nenhuma rádio com vozes femininas. Era um machismo enorme. Fizemos um concurso para locutoras, e mais de 300 mulheres se candidataram”. u Em 2018, a diretora Tetê Mattos lançou A Maldita, documentário que contava a trajetória de Mello na revolução feita pela Fluminense FM. No ano passado, o livro de Mello A onda Maldita resultou no filme Aumenta que é rock’n’roll, em que ele foi representado no cinema pelo ator Johnny Massaro. A produção do diretor Tomás Portella conta o período em que ele, Wainer e alguns amigos assumiram a direção da Fluminense FM. O filme gerou minissérie em cinco capítulos produzida pela Globo. u Entre tantos outros agradecidos admiradores, um emocionado Lobão prestou homenagem ao que chamou de “um dos pais-fundadores do rock dos anos 80”.

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