Jornalistas&Cia 1512

Edição 1.512 - pág. 32 ANOS iniciais resumiam o resto: “Fora! A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do governo. Chegou ao limite final a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart que não a de entregar o governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!”. O presidente, desalentado e surpreso, leu o editorial e comentou com um amigo: “Olha o que o Correio da Manhã está dizendo aqui…” Ainda hoje não se sabe, com certeza, quem escreveu os dois editoriais que transformaram o Jango protegido de 1961 no Jango execrado de 1964, na soleira do abandono político. Quase 15 anos após o golpe de 1964, o redator-chefe, Edmundo Moniz, negou à Folha de S. Paulo ter sido o autor dos textos que dramatizaram o divórcio entre o presidente acuado e a mídia engajada no golpe: “Eu só sou autor daquilo que eu assino… O artigo foi feito pela redação, não posso dizer o autor dos artigos, eles são de responsabilidade do jornal. Os dois editoriais talvez fossem escritos por muita gente. Toda a redação mexeu. Não escrevi o artigo, mas o alterei”. A redação toda, na verdade, não mexeu, mas o time de editorialistas, sim. A equipe liderada pelo trotskista Moniz era integrada por intelectuais do nível de Otto Maria Carpeaux, Osvaldo Peralva, Carlos Heitor Cony e Newton Rodrigues. O próprio Cony esclareceu, na sua coluna na Folha, em novembro de 2002: “Minha participação limitou-se a cortar um parágrafo e acrescentar uma pequena frase. Hora e meia mais tarde, Moniz telefonou-me outra vez, lendo o texto final que absorvia a colaboração dos editorialistas, e, embora o conteúdo fosse o piloto elaborado por Carpeaux, a linguagem traía o estilo espartano do próprio Muniz”. [8] Nos meses seguintes, apesar dos seus candentes “Basta!” e “Fora!”, o Correio da Manhã insistia teimosamente em algemar a palavra “Revolução” de 1964 entre aspas, quase subversivas. Criticava os duros atos institucionais do regime e chegou a denunciar casos de tortura. A dona do jornal, Niomar Moniz Sodré Bittencourt, foi presa por dois meses pela ditadura, em janeiro de 1969. Nove dias depois, os militares deram um “basta” na proprietária do Correio e lhe deram um “fora” de dez anos da política, cassando seus direitos pelo AI-5. Descarnado e sem alma, o jornal foi arrendado meses depois a um grupo de empreiteiros, sem jamais recuperar seu prestígio. Morreu sem choro nem vela em 1974. (continua na próxima edição) 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. Na coluna desta semana, Álvaro Bufarah analisa o fato de o YouTube ter atingido 1 bilhão de ouvintes mensais de podcasts, mas alerta que esse número inclui interações mínimas. Segundo ele, a plataforma lidera nos EUA, superando Spotify e Apple, e redefine o conceito de podcast, misturando áudio, vídeo e programas diversos. O fenômeno revela a convergência entre formatos e levanta dúvidas sobre o futuro dos podcasts tradicionais frente ao consumo multimodal e ao domínio visual do YouTube. Leia a íntegra no Portal dos Jornalistas. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected] – 11-99689-2230) • Editor executivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Hellen Souza ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-99915-1295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana (pr-santana@ uol.com.br – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro (silvio@ jornalistasecia.com.br – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539) [8] CONY, Carlos Heitor. Um basta no “basta”, Opinião, Folha de S.Paulo, 30 de novembro de 2002.

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