Edição 1.514 - pág. 3 ANOS ANOS 30SEMANAS em Ano 14 – Edições 662 a 712 (out/2008 a set/2009) Reputação é resultado e vice-versa Sob o impacto da crise global de 2008, desencadeada pelo estouro da bolha imobiliária nos EUA, o jornalismo brasileiro também viveu um período de grande efervescência ao longo do 14º ano de Jornalistas&Cia. Ao mesmo tempo em que a aumentava a importância da imprensa, especialmente pelo seu papel de manter a população informada em relação aos impactos econômicos da recessão que se avizinhava, ela também sentia os respingos da crise, com muitas empresas de mídia lutando para fechar suas contas. Como resultado desse processo, a temporada de “passaralhos” voltou com bastante intensidade, atingindo em cheio redações tradicionais como Correio Braziliense (ed. 673), DCI (ed. 678), Jornal do Brasil (ed. 679), TV Cultura (ed. 679), Jornal do Commercio/ RJ (ed. 686), Estado de Minas (ed. 687), Infoglobo (ed. 688), O Dia (ed. 690 e 691) e RAC (ed. 700). A crise também foi sentida de diferentes maneiras na Editora Símbolo, que vu sua equipe entrar em greve após atrasos de salário (ed. 679), e na Editora Abril, que, além de descontinuar a Revista da Semana e desativar os canais Ideal e Fiz (ed. 698), precisou pisar no freio em investimentos em novos projetos, em especial do Jornal Placar, publicação gratuita lançada em parceria com o Destak (ed. 663, 667, 683, 689 e 702). Mas a principal vítima daquele período foi a Gazeta Mercantil, um dos mais tradicionais e respeitados jornais do Brasil, com quase 90 anos de história. Ainda que sua crise já se arrastasse por quase uma década, o cenário econômico ao longo de 2009 foi crucial para botar um ponto final na história da publicação. A pá de cal veio quando o empresário Nelson Tanure, que havia assumido o controle da marca em 2003, decidiu rescindir o contrato de licenciamento de seu uso e devolvê-la ao empresário Luiz Fernando Levy, a partir de 1º de junho de 2009. Com uma dívida trabalhista na casa dos R$ 200 milhões e sem condições de quitá-la, o jornal deixou de circular na data que curiosamente celebrava o Dia da Imprensa (ed. 694, 695 e 703). E a ironia não parou por aí. Menos de um mês após deixar o comando da GZM, Tanure, que também controlava naquele período as operações das editoras Camelot e Peixes, e do Jornal do Brasil, participou de um encontro com empresários para falar sobre recuperação de empresas de mídia em época de crise (ed. 703). Mas nem só de más notícias viveu o jornalismo brasileiro entre 2008 e 2009, em especial o de Economia. Menos de um mês após o fim da Gazeta Mercantil, o grupo português Ongoing anunciou o lançamento no Brasil de um novo jornal de Economia e Negócios, que mais tarde ganharia o nome de Brasil Econômico. Apesar de seu lançamento oficial ter ocorrido apenas em novembro, os meses que o antecederam foram intensos, especialmente pela montagem de sua equipe. Sob o comando do diretor Ricardo Galuppo, a publicação teve entre seus primeiros nomes confirmados jornalistas consagrados da própria Gazeta, como Costábile J&Cia Ano 14: crise global atinge o jornalismo e decreta o fim da Gazeta Mercantil
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