Edição 1.514 - pág. 33 ANOS oculta, sob siglas e codinomes, o IPES concentrava a execução metódica de um pensado plano da burguesia nacional para combater, de forma clandestina, os seus três principais inimigos: o Governo Jango, a aliança nacionalista do PTB e o comunismo, que aparentemente resumia tudo aquilo. O braço político ostensivo do IPES era o IBAD, Instituto Brasileiro de Ação Democrática, que apesar do nome tinha ligações com o MAC, Movimento Anticomunista, e com a organização da direita católica Opus Dei. O fundador do IBAD em 1959 foi o integralista Ivan Hasslocher, dono da Promotion, uma agência de publicidade que promovia o lobby do IBAD e seu braço parlamentar, a ADP – Ação Democrática Popular, um núcleo conservador de 160 parlamentares da centro-direita no Congresso reunido em torno de UDN, PSD e PSP. A ADP fazia contraponto à Frente Parlamentar Nacionalista, que orbitava no universo do PTB e dos aliados da esquerda. Segundo o historiador uruguaio de nascimento René Dreifuss, a ADP tinha sua ação política patrocinada pela estação no Rio de Janeiro da CIA, a agência de inteligência americana focada em campanhas políticas e grupos de pressão.[14] Homens da mesma linha de pensamento e com igual propósito juntaram, a partir de 1962, as duas entidades: nascia o complexo IPES/ IBAD, matriz ideológica e operacional da conspiração que daria o golpe e, depois, forneceria os quadros e dirigentes do aparato estatal que sustentou o regime militar. O IPES operava como centro estratégico, e o IBAD, como unidade tática. O monstro crescia junto com a conspiração. Em 1963, os 80 membros originais do IPES pularam para 500. Eram sócios 26 dos 36 líderes da Fiesp, a maior federação industrial do País. A entidade se espalhava pelas capitais. [13] KUSHNIR, Beatriz. Cães de Guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988. Ed. Boitempo, 2004. Aggio, que nega a acusação, contestou sem sucesso a autora na justiça. [14] DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis, RJ: ed. Vozes, 1981, p. 103. jornal e, de manhã, no DOPS comandado pelo delegado Sérgio Fleury, o mais ilustre nome da máquina de tortura brasileira. “Muitos jornalistas andavam armados na redação. O Aggio mesmo circulava com uma maleta em forma de violino. Era uma carabina turca”, revelou a jornalista Beatriz Kushnir, autora de um livro cortante sobre o colaboracionismo da grande imprensa com a ditadura e a censura.[13] Os antigos militantes de esquerda foram substituídos por policiais que escreviam, mantendo até o duplo emprego entre redação e o aparato repressivo. A FT, inexpressiva nas bancas, passou a ser conhecida como “o jornal de maior tiragem” – uma piada lúgubre sobre a taxa de “tiras” (policiais) que infestavam sua redação, também conhecida como “delegacia”. Assim como Chateaubriand e Marinho, no Rio, as famílias Mesquita e Frias, em São Paulo, integravam o centro ideológico da mídia no golpe, concentrado no IPES. O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, fundado no Rio em novembro de 1961, três meses após a renúncia de Jânio Quadros, reunia a nata do empresariado, nacional e multinacional, com todos os nomes, sobrenomes e siglas que ainda hoje enfeitam as listas das maiores empresas do País. Um empresário de origem americana no Rio, Gilbert Huber Jr., dono da então poderosa Listas Telefônicas, articulou-se com um empresário de uma multinacional em São Paulo, João Batista Leopoldo Figueiredo, ex-presidente do Banco do Brasil no Governo Jânio e tio do futuro presidente Figueiredo. Acabaram recrutando militares da reserva – um deles, o general Golbery do Couto e Silva. Parecia um inocente clube de homens de negócios. Mas, na sua face Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected] – 11-99689-2230) • Editor executivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Hellen Souza ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-99915-1295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana (pr-santana@ uol.com.br – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro (silvio@ jornalistasecia.com.br – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539)
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